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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um Poema ao Acaso: Acusam-me de desalento - Carlos de Oliveira


Acusam-me de mágoa e desalento


Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.

Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.

Entretanto, deixai que não me cale:
Até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.

A minha voz de morte é a voz da luta:
Se quem confia a sua dor perscruta
maior glória tem em ter esperança.

Carlos de Oliveira
(1921-1981)

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