Páginas

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um novo hospital pediátrico, em Lisboa, é a melhor opção

Hospital Dona Estefânia


Os economistas da Saúde já se pronunciaram sobre as vantagens e desvantagens da autonimazação ou da integração dos cuidados de saúde pediátricos, a nível hospitalar. Economicamente, é mais barato optar pela sua integração, pois a partilha comum de muitos serviços de diagnóstico e de tratamento, assim como a de outros serviços gerais, diminui custos de exploração. Mas, no ponto de vista médico e , até, numa perspectiva de saúde pública, a solução é desajustada em relação à especificidade da Pediatria e dos seus doentes alvo, as crianças.

E aqui não há dúvidas sobre as intenções e a natureza do confronto entre os adeptos da integração de uma grande unidade de Pediatria no futuro Hospital de Todos-os-Santos, e aqueles que defendem uma nova unidade autónoma, que substitua o velho Hospital D. Estefânia. Os primeiros sustentam, embora de maneira encapotada, uma visão economicista da saúde, e os segundos, defendem a salvaguarda da qualidade de uma medicina pediátrica e, ao mesmo tempo, uma prestação de cuidados clínicos mais humanizada.

O governo e a bancada parlamentar do PS alinham no primeiro grupo, já que, tratando-se de uma parceria público-privada, aquela que irá construir e gerir o novo hospital, é necessário defender os soberanos interesses da entidade privada a quem foi concedida a adjudicação. O verdadeiro interesse do governo é este, e não vale a pena ao primeiro ministro, à ministra da Saúde e aos servis deputados do PS entrarem pelos ínvios caminhos de uma argumentação falaciosa para esconderem a sua cumplicidade. É patética e ridícula a postura do deputado socialista, Ricardo Gonçalves, quando tenta nivelar por baixo as devantagens da integração, ao afirmar "que não seria compreensível que em Lisboa existisse um tipo de tratamento e outro diferente no resto do país", ignorando deliberadamente que, ao nível desta opção, tem de ser considerado o efeito de escala. A área de referência do Hospital de Dona Estefânia, que irá ser herdada por um novo hospital, quer ele seja autónomo, quer ele seja integrado no novo hospital geral, tem um número suficiente de utentes (crianças), que, aplicando o respectivo efeito de escala para avaliar os efeitos do custo-benefício, justificam plenamente a autonomização dos cuidados pediátricos, autonomização esta que deveria tornar-se extensiva a todas as zonas do país, onde fosse justificado.

As crianças doentes necessitam de um clima hospitalar próprio e específico, que um hospital geral, pela sua própria natureza, se vê constrangido a poder aplicar em profundidade a um serviço de pediatria. Os próprios profissionais de um hospital pediátrico desenvolvem uma cultura própria, adaptada às crianças, que poderá vir a ser submergida pelo gigantismo de um hospital geral.

Sem comentários: