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terça-feira, 28 de julho de 2009

Novas Oportunidades: um programa que poderia ter sido bom (texto revisto)


O programa Novas Oportunidades poderia ter sido uma ideia brilhante, se tivesse sido concebido e executado nas perspectivas próprias de um programa educacional de recuperação e não como um fim em si mesmo, totalmente desligado da realidade. Ao ter sido seguida esta última via, ele apenas está a servir para a legítima satisfação do ego dos seus discentes e para a propaganda política do governo, o que irá determinar o seu descrédito e o conduzirá a um lamentável fim.
Ao marcá-lo com a ambiciosa ideia de proporcionar equivalências em relação aos graus do ensino oficial, o programa ficou inquinado, logo à nascença, pela ideia generalizada de que apenas se destinava a produzir diplomas de aviário, que as próprias empresas, como foi noticiado recentemente, ignoraram e desprezaram soberanamente nas suas avaliações de admissão e nas de promoção de carreiras.
Qualquer programa deste tipo tem de ser concebido na sua dimensão própria, como uma importante plataforma de arranque para que os seus beneficiários possam adquirir conhecimentos que possibilitem o seu enquadramento posterior na obtenção, em sede própria, dos graus do ensino oficial, o que obrigaria a submeterem-se aos respectivos exames. Desta forma, poderia testar-se a qualidade do ensino que é ministrado neste programa e beneficiar efectivamente todas aquelas pessoas que não tiveram oportunidade de, no seu tempo próprio, prosseguir os seus estudos. Tal como está, apenas serve de propaganda política.
Esperemos que José Sócrates, se continuar na governação do país, não se lembre, na nova legislatura, de alargar este programa ao domínio dos estudos superiores, consignando os respectivas graus académicos, segundo o processo de Bolonha. Neste caso, eu candidatarei-me à licenciatura de Inglês Técnico.
Uma outra alternativa, consistiria em dotar o programa Novas Oportunidades com uma progressão própria, com estatuto próprio, sem qualquer pretensão saloia de estabelecer equivalências com o ensino oficial, abordando vários saberes, teóricos e práticos, mas apostando sempre e em força na qualidade pedagógica. Seria mais útil e mais digno.

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