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quarta-feira, 29 de julho de 2009

BES: Ser juíz em causa própria!...

Independentemente da razoabilidade dos argumentos apresentados por Ricardo Espírito Santo, presidente do BES, em relação à necessidade do TGV, que ligue Lisboa a Madrid, e de um novo aeroporto internacional, não se pode ignorar o particular interesse da banca nesses dois gigantescos empreendimentos, já que todas as empresas a envolver-se na sua construção, directa e indirectamente, teriam a necessidade de recorrer ao avultados financiamentos bancários. Não foi, por certo, a avaliação da melhor opção para o país, neste momento de incerteza, que animou o espírito do banqueiro, a quem, certamente, não preocupa o endividamento excessivo do país, a vir sobrecarregar as próximas gerações.
Qualquer decisão política sobre estas duas infraestruturas tem de levar em linha de conta, entre outras variáveis, o tempo necessário para assegurar o retorno do capital investido, para assim ajuizar da sua pertinência em relação à sua viabilidade económica. Porém, os estudos já efectuados no passado encontram-se ultrapassados pela actual crise económica e qualquer estudo económico-financeiro, que, neste momento de grande incerteza, procure fazer essa avaliação, arrisca-se a não ver reflectida no futuro a realidade que projectou. Julgo que o banqueiro Ricardo Espírito Santo também não sabe. Por isso, lhe condenamos a prosápia de um discurso com tantas certezas. Certezas tenho eu, quando digo que os primeiros beneficiados com a construção do novo aeroporto e do TGV seriam os bancos. E não me consta que os interesses dos banqueiros coincidam com o interesse nacional. Na maior parte dos casos, até são muito divergentes e contraditórios.

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