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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Astronomia: sabe o que é a poluição luminosa, a reserva de estrelas e o turismo astronómico?



Já ouviu falar de poluição luminosa? E de turismo astronómico? E de reserva de estrelas? Estas questões encontram-se na ordem do dia das preocupações dos astrónomos, que, através das iniciativas integradas no Ano Internacional da Astronomia, instituído para celebrar os 400 anos do início das observações de Galileu, procuram sensibilizar a opinião pública para a importância de observar o céu, durante a noite, e reduzir o excesso da iluminação pública das cidades, para que os seus habitantes não sejam privados diariamente dessa possibilidade.
Se pensarmos que dois terços da população mundial vive em zonas do litoral, intensamente povoadas, anarquicamente urbanizadas e, logo, muito iluminadas pela luz artificial, chegamos à conclusão que este deslumbrante visão primitiva, que acompanhou a Humanidade, e que inspirou os primeiros astrónomos da Suméria e os primeiros filósofos da Grécia Clássica, não é partilhada pela maioria das pessoas, que já nem sequer será capaz de identificar o planeta Vénus ou de encontrar a Ursa Maior e a Ursa Menor. É esta contestação que levou um astrónomo português, em declarações ao jornal Público, a afirmar que “as crianças perderam os céus”, frase esta que, lida fora deste contexto, colocaria a igreja católica em alarmente sobressalto.
O que se pretendeu no sábado passado, com a celebração da “Noite das Estrelas”, foi mobilizar as pessoas, principalmente os jovens, para a descoberta da maravilha, que a observação nocturna do céu proporciona, convidando-as indirectamente a regressar ao assombro das primeiras interrogações sobre a origem e a constituição do universo e ao confronto com a pequenez da espécie humana, perante o cosmos infinito. Olhar o céu, numa noite escura, e num descampado, onde não chegue a luz artificial da iluminação pública, transporta-nos aos silêncios dos templos e a uma reflexão profunda, ao mesmo tempo que se experimenta aquela sensação de esmagamento.
Nas iniciativas de sábado, os astrónomos, que levaram os seus instrumentos para locais estratégicos, para que os leigos pudessem olhar o céu nocturno de uma outra maneira, pretendem chamar a atenção das autoridades e da opinião pública para a necessidade de reduzir nas cidades a iluminação pública, ao mesmo tempo que, a um outro nível, pretendem que a UNESCO classifique o Céu como Património da Humanidade.
Há países, como a Nova Zelândia, a Namíbia e a África do Sul, que já se encontram a planear a criação das chamadas “reservas de estrelas”, locais privilegiados, onde se obtêm observações belíssimas do céu, e que podem ser exploradas no futuro para o turismo astronómico.

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