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Surpreendentemente, num inquérito para Barómetro de Opinião Hispano-Luso 2009, da Universidade de Salamanca, cerca de 40 por cento dos portugueses entrevistados manifestaram-se a favor de uma União Ibérica, entre Portugal e Espanha, enquanto 34 por cento se manifestava contra essa união. Do lado espanhol, as respostas às duas hipóteses consideradas aparecem empatadas, à volta dos 30 por cento.
Estes valores vêm dar cobertura às declarações de José Saramago, quando se referiu, há uns tempos atrás, à inevitabilidade da união política entre Portugal e a Espanha, declarações que incendiaram a classe dos bens pensantes do nosso país, que aproveitram a deixa para apodarem o grande escritor de anti-patriotismo.
A existência de uma clara maioria de adeptos, nos dois lados da fronteira, de uma União Ibérica é tanto mais surpreendente quanto se sabe que os dois países viveram de costas voltadas durante oito séculos e que as guerras entre eles foram constantes até ao princípio do século XIX. Também cai por terra o mito do medo espanhol, alimentado pelas classes dirigentes, e que muitas vezes foi determinante nas escolhas das opções da política externa de Portugal.
Esta nova realidade, que o Barómetro de Opinião Hispano-Luso revelou, vai certamente merecer uma abordagem sociológica mais completa e cientificamente fundamentada, para se tentar perceber se nos encontramos perante um fenómeno meramente conjuntural ou se, pelo contrário, os dois povos, principalmente o português, já descobriram, antes dos políticos, que a sua sobrevivência passa por uma cooperação profunda entre os dois países, através da sua união política.
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