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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Exames: Melhores alunos dizem-se prejudicados


Segundo relata o jornal Público de ontem, apoiado em depoimentos de alguns docentes e de alguns alunos, teria havido um intencional excesso de zelo, por parte de alguns professores, na correcção das provas de Português B, ao aproveitarem a oportunidade oferecida pela formulação de duas perguntas de grande abrangência e de grande amplitude, para exercerem discricionariamente a sua subjectividade avaliadora nas respectivas respostas, aumentando o respectivo grau de exigência. Aquelas duas perguntas, uma versando os heterónimos de Fernando Pessoa, através de um texto de António Mega Ferreira, a outra propondo uma explanação sobre um conceito de liberdade, através de um texto de José Jorge Letria, não podiam ter respostas unívocas, a encaixar num grelha objectiva de avaliação, pois admitiam uma grande elasticidade na sua exposição.

O objectivo escondido desses professores seria tentar baixar as médias, para colocar mal o Ministério da Educação, através do aumento exagerado do rigor na avaliação. Não sei se esta será a verdade dos factos. O que é certo, é que este perverso procedimento, embora não tivesse conseguido baixar a média geral, teve efeitos devastadores nas expectativas dos melhores alunos, aqueles que na avaliação interna, ao longo do ano, obtiveram altas classificações. Os médios e os piores alunos não teriam sido prejudicados, já que, mesmo com uma correcção mais benevolente, não conseguiriam responder satisfatoriamente ao enunciado daquelas difíceis perguntas.

Perante este quadro lamentável, que exige uma averiguação por parte do ministério, ninguém pode ficar indiferente. São os interesses dos alunos que estão em causa. E, neste caso, dos melhores alunos, aqueles que, por mérito próprio, merecem ir para a universidade. Não é admissível que sejam considerados como arma de arremesso dos interesses corporativos e políticos.

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