"Está lançado o convite a quem quiser quebrar preconceitos" Fotogradia de Bruno Simões Castanheira / JN |
A legenda, que o Jornal de Notícias escolheu, para ilustrar esta fotografia, obtida no V Salão Erótico de Lisboa, na FIL, sinaliza paradigmaticamente o anúncio de uma pós-modernidade tardia, que as sociedades ocidentais vivenciam com intensidade e urgência, como se o tempo fosse pouco para recuperar um passado cheio de interdições e de preconceitos. Resolvidos os problemas da subsistência, as sociedades procuram novas identidades e experimentam novos comportamentos, assumindo o sabor do risco e da aventura.
Esta mulher, que certamente frequentou a catequese, que fez a primeira comunhão e o crisma, talvez divorciada de um casamento ungido pela igreja católica, está prestes a quebrar todos os tabus que a condicionaram no passado. Talvez se queira vingar de uma sociedade que, pelos ínvios caminhos de uma moral tradicionalista e hipócrita, lhe recusou uma vivência sexual em plenitude. Ela assume o risco da exposição pública, que é a única forma de se afirmar a si própria, já que, se o fizesse na sua íntima privacidade e de forma clandestina, ficaria sempre agarrada pelo sentimento do remorso. Assim, não terá que se arrepender. Ou só se arrependerá se tudo descambar para uma libertinagem gratuita, que é o destino fatal de todas estas experiências avulsas.
AC
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