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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Deus sempre trabalhou. E muito!...

Do PÚBLICO, cartoon de Luís Afonso

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O escritor José Saramago afirmou, durante a apresentação do seu novo livro, Caim, que Deus fez o mundo em seis dias, tendo descansado ao sétimo dia, e que, depois disso, não fez mais nada.
Permito-me discordar do grande escritor. Depois dessa obra ciclópica, Deus não parou. Além de ter falado, muito particularmente, com todos os profetas, que promoveu ao longo do tempo, Ele ainda teve tempo de aparecer junto às muralhas de Jericó, para ajudar o seu povo eleito a conquistar a cidade, isto já depois de ter tido uma trabalheira para aplainar as dez tábuas que, também muito particularmente, entregou a Moisés, no monte Sinai.
A injustiça de Saramago foi ao ponto de malevolamente esquecer a divina paternidade de Jesus Cristo, que, aliás, o escritor bem trabalhou literariamente, no seu livro Evangelho segundo Jesus Cristo. Porque isto de engravidar aquela humilde mulher de Nazaré, sem que o seu sisudo marido se tivesse apercebido, exigiu muito esforço e muita manha, o que O obrigou a socorrer-se da cumplicidade de um arcanjo, também promovido por Ele. E esta ligação àquela Maria de Nazaré não se ficou por ali, já que, passados dois mil anos, adivinha-se a Sua discreta presença ao lado da senhora, naquele estéril campo de azinheiras, chamado Cova da Iria, em que, com a sua força descomunal, que só Ele poderia ter, fez girar o sol, contrariando as leis da Física, que Ele próprio instituíra, para assombro de três inocentes pastorinhos e de uma multidão de portugueses, pobres e analfabetos, como o era a maioria dos portugueses daquele tempo.
E se isto não é trabalho, então tenho de concluir que José Saramago não sabe o que é trabalho!...

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