Páginas

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O copo está meio cheio ou meio vazio?

***

A resolução do dilema relativista da pergunta, colocada em título, quando aplicada à situação política actual, só poderá ser encontrada pelo primeiro ministro ao longo de toda a primeira fase da legislatura, que termina com as eleições presidenciais. Só ele poderá encher o copo, esvaziá-lo, ou, simplesmente, deixá-lo estar como está, em resultado das últimas eleições legislativas, onde os portugueses o castigaram, mais pela petulante arrogância exibida no permanente clima de confronto e de conflito com tudo e com todos, do que pelas políticas seguidas. Os portugueses castigaram José Sócrates, mas deram uma nova oportunidade ao Partido Socialista, de quem esperam uma outra abertura ao diálogo e à negociação. As maiorias relativas servem para isso mesmo.
Mas, no discurso da tomada de posse do XVIII Governo, o primeiro ministro não apontou esse caminho, preferindo antes pedir aos outros a assumpção das suas responsabilidades, aprovando as políticas do programa eleitoral do Partido Socialista, que ele afirmou querer aplicar, pois foi esse programa "que o eleitorado sufragou". E aqui, volta-se à questão do copo, meio vazio ou meio cheio, já que a maioria dos portugueses, embora por razões diferentes, algumas diametralmente contrárias e opostas entre si, não votaram naquele programa.
Nesta alegoria falta falar do conteúdo do copo, que poderá ser a água, simplesmente, ou então o vinho ou o azedo vinagre. Serão os portugueses a escolher, principalmente os trabalhadores que não vão consentir novos sacrifícios em nome da vaca sagrada do défice orçamental. Se o actual Presidente da República não tiver intenções de se candidatar a um segundo mandato, oferecer-se-á para, com prazer, servir a bebida.

Sem comentários: