Marcelo Rebelo de Sousa é o exemplar mais cínico da política portuguesa. Quando menos se espera, e com uma candura bem estudada, lança a ferroada venenosa sobre o alvo a abater. Constrói com mestria a palavra assassina que destrói num àpice a reputação do seu adversário. Coube agora a vez a Manuela Ferreira Leite de ter de engolir o fel da sua viperina língua.
Proclamando há dias, com aquela postura de rectidão bem estudada e dissimulando a sua ambição, que Manuela Ferreira Leite deveria levar o seu mandato até ao fim, vem agora, e sem ser por mera coincidência, a três dias das eleições autárquicas, afirmar que se candidatará ao cargo de presidente do PSD. A facada traiçoeira foi bem funda e, dificilmente, Manuela Ferreira Leite, já muito debilitada politicamente, resistirá à ferida provocada pelo seu companheiro de partido.
Marcelo, ao escolher este momento, mostrou, embora camufladamente, querer duas coisas. Primeiro: que O PSD não obtenha nas eleições autárquicas um resultado que possa vir a reabilitar Manuela Ferreira Leite, a tal ponto, que lhe estimule o ânimo de querer recandidatar-se à presidência do PSD. Segundo: que Manuela Ferreira Leite se aguente até ao fim do mandato, momento em que o futuro governo de José Sócrates começará a entrar em queda livre, devido à crise social e económica, que se vai agravar, e ao crescimento do descontentamento popular, provocado pelas previsíveis medidas para reduzir o défice orçamental. Aí aparece Marcelo, o salvador, a revitalizar um partido anémico e a massacrar o executivo, sem lhe dar tréguas, até à sua queda antecipada, que será sempre desprestigiante.
Para Sócrates, a ascensão de Marcelo Rebelo de Sousa para a liderança do PSD, constitui o pior cenário. Marcelo é inteligente e exímio na arte de convencer e de desmontar os argumentos dos adversários, além de gozar de uma grande simpatia junto dos portugueses, simpatia esta, magistralmente trabalhada, ao longo do tempo, em todas as suas constantes aparições nas televisões. É, sem dúvida, um adversário a temer pelo Partido Socialista, que vai apoiar um governo, à partida fragilizado, e sem grande força anímica para apresentar um projecto mobilizador para o país.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=414112
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=414112
Sem comentários:
Enviar um comentário