O Partido Socialista, que só arvora a bandeira do socialismo durante as campanhas eleitorais, arrisca-se a ser achincalhado, até pelo próprio CDS, pela forma indigna e humilhante como contratualizou os médico cubanos, que vieram trabalhar para os centros de saúde do Alentejo, ao estabelecer condições leoninas, na sua remuneração e no seu horário de trabalho, e que, além de serem impróprias de um país civilizado, violam flagrantemente o Código de Trabalho e o Acordo Colectivo da Carreira Médica. É necessário recuar aos tempos da Revolução Industrial para encontrarmos condições de trabalho tão desumanas e aviltantes.
A esses médicos está a ser imposta uma carga horária de 64 horas semanais, repartidas entre as consultas, 40 horas, e as urgências, 24 horas, e a que corresponde uma remuneração de mil euros. A esta carga horária deveria corresponder, de acordo com as tabelas remuneratórias dos médicos, uma remuneração mensal de seis mil euros, já que todo o trabalho prestado pelos médicos portugueses, para além das 42 horas semanais, é remunerado como trabalho extraordinário, aspecto importante que o Ministério da Saúde omitiu na sua explicação atabalhoada, quando confrontado com esta ilegalidade e com esta imoralidade.
Com esta medida arrogante e discriminatória, que ofende a dignidade dos médicos cubanos, altamente qualificados profissionalmente, o governo de Sócrates evidencia bem o desprezo que vota ao mundo do trabalho, e que não tem equivalente no tratamento obsequioso e subserviente, dispensado aos poderosos grupos de interesses, que paulatinamente vão capturarando o Estado.
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