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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Douro: Um património paisagístico, cultural e económico!..




Gentileza do João Fráguas, seguidor deste blogue

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HISTÓRIA do VINHO do PORTO


Produto único no mundo e de qualidade assumidamente superior como bebida de classe, o Vinho do Porto nasceu nas encostas do rio Douro por volta do século III, ou IV da era Cristã. Vestígios arqueológicos de lagares e recipientes para vinho têm sido achados por toda a região duriense evidenciando os registos documentais que se conheciam há muito tempo; no entanto, o nome pelo qual ficou conhecida a mais famosa bebida portuguesa só adquiriu essa designação há cerca de 300 anos, quando se começou a dar mais atenção à viticultura e à exportação do vinho, levando-o ao expoente máximo da classificação ao ser criada a região demarcada mais antiga do mundo, em 1756, por Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal.
Rivalidades, guerras, picardias e invasões decorrentes no século XVII entre os povos da europa do norte acabaram por promover os vinhos portugueses em detrimento dos mais conhecidos vinhos franceses, que sempre estiveram ao alcance da Inglaterra e Holanda em função da sua privilegiada localização geográfica. Os ingleses passam, então, a importar quantidades apreciáveis de Vinho do Porto e, com o Tratado de Methuen (1703), é forçado um escoamento bipartido em que Portugal passaria a comprar parte da produção inglesa de tecidos, em contrapartida para as exportações de vinho.
Procura acentuada, preços altos, disputas entre produtores e importadores, problemas causados por desconfiança e interesses nem sempre escorreitos acabam por conduzir a uma mais profunda intervenção do Marquês de Pombal que promoveu a criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, em 10 de Setembro de 1756. Com isto tentou-se garantir a qualidade do produto em si, equilibrando, ao mesmo tempo, a produção e o comércio do mesmo. Demarcam-se as serras usando-se 335 marcos de pedra que irão conferir a designação de Vinho Fino ao vinho de melhor qualidade aí produzido e que poderá ser exportado para a Inglaterra.
Depois vieram as doenças nos vinhedos produzidas pelo oídio (um fungo) e pela filoxera (um parasita importado nas vides americanas) a partir de meados do século XIX, com a consequente destruição de grande parte das vinhas e ampliação da linha de demarcação para o Douro Superior onde o problema se fazia sentir em menor escala. Novas técnicas de plantio, seleção de castas e enxertos, uso de adubos e evolução no processo de vinificação surgem a partir desta altura firmando-se como práticas correntes para as décadas seguintes; todavia, os problemas só estavam a começar, pois o inimigo maior surgia na forma de uma crise comercial aliada às primeiras fraudes e imitações do Vinho do Porto. Data deste tempo, início do século XX, uma nova demarcação da área produtiva e restabelecimento do rio Douro e do porto de Leixões como eixo de exportação do produto, bem como a reserva de denominação “PORTO” para os vinhos com graduação alcoólica mínima de 16,5º, deixando a protecção e fiscalização da marca a cargo da Comissão de Viticultura da Região do Douro.
Regras novas, proibindo a destilação dos vinhos durienses, obrigando outras regiões a cederem a sua aguardente para o processo de beneficiação, aliadas a um alargamento excessivo da área de demarcação originaram polémica, acabando por obrigar nova demarcação, desta feita por freguesias, o que reduziu a área produtiva conduzindo-a, a bem dizer, ao estado actual (Dec. Lei 10 Dezembro 1921).
A despeito da organização e da crescente capacidade produtiva e exportadora (mais de 100 000 pipas entre 1924 e 25) o povo da região duriense continuava a viver de maneira miserável o que provocou descontentamento e levou a agitação social durante boa parte do início do século XX. Como consequência dessas acções e do novo regime militar de 1926, novos ditames seriam impostos à região, forçando a criação de um entreposto em Vila Nova de Gaia, onde todas as empresas ligadas ao comércio do Vinho do Porto deveriam ter a sua representação para finalização do processo produtivo e armazenamento.
Em 1932 criam-se diversas organizações para representação dos viticultores (Grémios Concelhios), que acabariam por se associar na Federação Sindical dos Viticultores da Região do Douro – Casa do Douro, instituição encarregada, desde então, de zelar e disciplinar a produção do Vinho do Porto, assumindo oito anos mais tarde uma acção mais abrangente e controlodora de todo o processo.
Um ano mais tarde surge o Grémio dos Exportadores de Vinho do Porto e algum tempo depois o Instituto do Vinho do Porto que se propõe a estudar e promover a qualidade, bem como disciplinar o comércio do mesmo. Sistematiza-se e classifica-se a produção de mostos, atribuindo-se a cada produtor uma quota e um preço a ser pago de acordo com a qualidade produzida (de A a F). A isto chamou-se Sistema de Benefício.
Em meados do século surge um movimento cooperativo que não se espalha sobremaneira, atingindo aproximadamente 10% dos produtores regionais. Em 1974 dá-se nova alteração ao nível organizativo, extinguindo-se alguns organismos corporativos, mas mantendo a Casa do Douro e o IvdP em funções e substituindo o Grémio dos Exportadores pela Associação dos Exportadores de Vinho do Porto, actualmente Associação das Empresas de Vinho do Porto.
Os anos passam, o mercado muda, tendências acentuam-se e a exigência ao nível concorrencial acaba por apontar o caminho na direção da concentração de marcas em grupos de empresas. Grandes investimentos são feitos ao nível de novos vinhedos e espaços de plantio, Quintas. Como consequência surge em 1986 a Associação de Produtores Engarrafadores de Vinho do Porto, com o fito da exportação directa, das quintas para o estrangeiro.
Em 1995, nova alteração na Região Demarcada do Douro, novo organismo: CIRDD, Comissão Interprofissional da Região Demarcada do Douro. Nesta, todos têm representação, tanto os profissionais da lavoura, como os do comércio e apontam um objectivo comum em que a disciplina e o controle da produção e comercialização dos vinhos da região norteiam o seu funcionamento; contudo, duas vertentes internas orientam os princípios da instituição, uma voltada para a designação “Porto” e outra para os restantes vinhos de qualidade da região (VQPRD). Mais recentemente um modelo alterado substituiu a CIRDD, integrando-a no IvdP, em 2003.

Retirado do portal do Portwine

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