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sábado, 17 de outubro de 2009

Notas do meu rodapé: Como Wall Street domina o governo dos Estados Unidos...



A poderosa oligarquia financeira americana, cujos tentáculos se estendem pelo mundo globalizado, e que foi a principal responsável pela actual crise, não poderia sobreviver se não exercesse directa e indirectamente a sua influência sobre poder político do seu país e dos respectivos países aliados, que, entretanto, foram incorporando nas suas economias todos os conceitos e práticas do neoliberalismo. Capturar o Estado, para que ele desse cobertura à total liberalização dos mercados, principalmente o mercado de capitais, e pugnando pela inexistência de um qualquer controlo, foi uma das suas principais estratégias. Assim, actuando com total impunidade, conseguiu-se construir um mercado virtual, de uma grande volatilidade e com pouca consistência, servindo-se da conivência da classe política, que tem sido remunerada a peso de ouro.
Greg Gordon, numa peça assinada na Argenpress, identifica a traficância de influências entre as oito maiores empresas do mundo da alta finança de Wall Street e os políticos americanos. Barack Obama e John McCain receberam um total de 3,1 milhões de dólares para as suas campanhas eleitorais. Desde 2001, os bancos Bear Stearns, Goldman Sachs, Lehman Brothers, Merril Lynch, Morgan Stanley, a seguradora American International Group e as agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac dispenderam 64,2 milhões de dólares aos candidatos ao Congresso dos dois partidos.
Quem está a pagar estes gigantescos subornos são os contribuintes americanos, já que que estas empresas aproveitaram imediatamente o ambiente da crise para se ressarcirem, pois foram incluídas no plano de ajuda financeira de Fevereiro último, no valor de 700 biliões de dólares, pagando, para o efeito, mais uns milhões de dólares aos membros dos diversos comités do Senado e da Câmara de Representantes, que desenharam o esquema de distribuição daquela monumental ajuda estatal.
A promiscuidade entre a política e os grandes negócios, que em Portugal também já existe em grande escala, patrocinada pelas grandes empresas e os políticos do PS, PSD e CDS (Freeport, Terminal de Alcântara, aquisição dos novos submarinos, etc.), consubstancia e define a natureza das democracias ocidentais, anunciando, não se sabendo por que caminhos, o seu progressivo definhamento.


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