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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Figuras proeminentes do 5 de Outubro e da República (1)

Militares e populares na Rotunda
Foi na Rotunda que se ganhou a revolução. No meio de ordens e contra-ordens, de informações e contra-informações, os oficiais do Exército - que se juntaram a Machado dos Santos, quando este, com militares e civis, assaltou, na noite de 4 de Outubro, os quartéis de Infantaria 16 e de Caçadores 5, dirigindo-se, depois, para a Rotunda, onde acamparam - julgando que o golpe tinha fracassado, aconselharam o abandono do local. Machado dos Santos ficou no local com os seus homens, impedindo assim a movimentação das forças fiéis à Monarquia, que se encontravam no Rossio, encurraladas entre dois fogos dos republicanos.

Miguel Bombarda
Médico ilustre, que desenvolveu a Psiquiatria portuguesa, actualizando-a em relação aos progressos científicos, ocorridos na Europa, abraçou a causa republicana, pugnando pelo registo civil obrigatório e pela expulsão das congregações religiosas. Inscreve-se no Partido Republicano Português, em 1909, e, em 1910, é eleito deputado republicano nas eleições de Agosto. Como membro do comité revolucionário para a implantação da República, é considerado o seu chefe civil. Já não assistiu ao triunfo da revolução, por ter sido assassinado, em 3 de Outubro, por um seu doente, um antigo tenente do Exército, que tinha estado internado no Hospital Psiquiátrico de Rilhafoles, de que Miguel Bombarda era director. O seu assassínio, levou os membros da Carbonária Portuguesa a acelerarem o início das operações.


Afonso Costa
Foi o grande estadista da República e o mais coerente dirigente do Partido Republicano Português, tendo sido o seu verdadeiro ícone. Nomeado ministro da Justiça e dos Cultos no governo provisório, saído da revolução trunfante, rapidamente deu pleno cumprimento a uma das mais queridas promessas dos republicanos, que fizeram do justificado anticlericalismo uma das suas bandeiras, na luta contra a monarquia. Afonso Costa foi o autor da Lei da Separação entre o Estado e a Igreja, medida que lhe acarretou todos os ódios do clero e dos monárquicos, que viam nele a figura de Satanás. Com a instituição do registo civil obrigatório, e a publicação da lei do divórcio, Afonso Costa retirou um enorme poder à toda poderosa igreja católica, que, numa íntima e pública aliança com o poder político, contribuia para o crónico atraso do país. Já na tese de doutoramento, na Universidade de Coimbra, "A Igreja e a questão social", Afonso Costa aborda a laicidade do Estado, ao mesmo tempo que desanca a encíclica, Rerum Novarum, de Leão XIII.
Foi presidente do ministério por três vezes, além de ter sido também, num dos governos, ministro das Finanças, tendo-se notabilizado por ter corrigido o défice orçamental do Estado.

António José de Almeida
Médico e escritor, iniciou a sua actividade, ainda como estudante da Universidade de Coimbra, tendo ficado célebre um seu artigo, publicado no jornal académico Ultimatum, intitulado, "Bragança, o último", que foi considerado insultuoso para o rei D. Carlos, tendo sido, por isso, condenado a três meses de prisão. Quem o defendeu em tribunal, foi o Dr. Manuel Arriaga, que viria a ser o primeiro Presidente da República eleito.
António José de Almeida foi deputado às Cortes, onde fez valer a sua grande capacidade oratória, que o tornaram muito popular. Nomeado ministro do Interior, no primeiro governo provisório, veio, mais tarde, a criar a primera dissidência do Partido Republicano Português, chefiado por Afonso Costa. À volta do jornal República, fundou, em 1912, o Partido Evolucionista, que agregou os sectores mais moderados no campo republicano, o que fragilizou o novo regime.
No meio da constante instabilidade política, António José de Almeida foi o primeiro Presidente da República a cumprir o mandato completo (1919-1923).



Basílio Teles e Eusébio Leão

Eusébio Leão formou-se em Medicina e tirou a especialidade de Urologia e participou activamente na propaganda republicana em torno da questão do Ultimatum britânico de 1890. Entrou para a Maçonaria, em 1893, e, em 1909, foi eleito secretário do Directório do Partido Republicano Português. Coube-lhe a incumbência de ler a proclamação da República, no dia 5 de Outubro, na varanda dos Paços do concelho de Lisboa.

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