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sábado, 31 de outubro de 2009

Um salto no escuro, para experimentar o sabor da liberdade!...

"Está lançado o convite a quem quiser quebrar preconceitos"
Fotogradia de Bruno Simões Castanheira / JN

A legenda, que o Jornal de Notícias escolheu, para ilustrar esta fotografia, obtida no V Salão Erótico de Lisboa, na FIL, sinaliza paradigmaticamente o anúncio de uma pós-modernidade tardia, que as sociedades ocidentais vivenciam com intensidade e urgência, como se o tempo fosse pouco para recuperar um passado cheio de interdições e de preconceitos. Resolvidos os problemas da subsistência, as sociedades procuram novas identidades e experimentam novos comportamentos, assumindo o sabor do risco e da aventura.
Esta mulher, que certamente frequentou a catequese, que fez a primeira comunhão e o crisma, talvez divorciada de um casamento ungido pela igreja católica, está prestes a quebrar todos os tabus que a condicionaram no passado. Talvez se queira vingar de uma sociedade que, pelos ínvios caminhos de uma moral tradicionalista e hipócrita, lhe recusou uma vivência sexual em plenitude. Ela assume o risco da exposição pública, que é a única forma de se afirmar a si própria, já que, se o fizesse na sua íntima privacidade e de forma clandestina, ficaria sempre agarrada pelo sentimento do remorso. Assim, não terá que se arrepender. Ou só se arrependerá se tudo descambar para uma libertinagem gratuita, que é o destino fatal de todas estas experiências avulsas.
AC

Opinião: A reabilitação de Caim - Gertrudes da Silva


A REABILITAÇÃO DE CAIM

Ainda não li, mas hei-de lê-lo. Sem pressas, como do antecedente tem acontecido. Nisto de novidades literárias, tenho por costume – ou obsessão – não me deixar ir na crista da onda das novidades. Nestas comidas, gosto mais delas já um pouco reprazadas. Vamos, portanto, não a Caim, que ainda não li, mas a Saramago que tenho vindo a ler.
E quem sou eu para me atrever a dizer o que vou dizer, que sempre gostei menos do homem do que do escritor. Mau feitio, é dizer pouco se tivermos em conta as raivas e algumas indisfarçáveis invejas que verte em os “Cadernos de Lanzarote”, naqueles que ainda consegui ler. E quem diz isto é quem de Saramago tem lido praticamente tudo até “A Viagem do Elefante”, esse ainda não li, e que se atira a defendê-lo com unhas e dentes junto de amigos e conhecidos, alguns sempre prontos a denegrir e a botar opinião sem que dele tenham algum dia lido nem sequer uma linha. Não gostei de tudo o que li, é bom de ver; mas também isso não depende necessariamente da categoria do autor, antes, e muitas vezes, do estado de espírito de quem lê. O que parece não se poder negar, e é isso que interessa, é que Saramago, enquanto escritor, já foi um génio da arquitectura literária e continua inigualável na sua arte de narrar, dê-se a esta afirmação a importância que se entender, vinda como vem deste humilde leitor que não percebe quase nada de literatura… e ainda menos de filosofia.
Mantendo a minha admiração por este extraordinário escritor, com o andar do tempo e da sua obra fui-me apercebendo, no meu bem limitado entendimento, que a sua linha de pensamento se teria ido modificando à medida que dentro lhe esmorecia o vigor da luta político-ideológica. Mergulhou e ressuscitou – que sei eu – em “Levantado do Chão”, com nova alma mandou cá para fora mensagens muito fortes com a “Jangada de Pedra”, o “ Ensaio sobre a Cegueira” e “A caverna”; de permeio produziu, segundo os entendidos na matéria as suas três melhore obras, a saber, “Memorial do Convento”, “O Ano da Morte de Ricardo Reis” e “História do Cerco de Lisboa”. Depois disso, ou para além disso, em vez de mensagens fortes e obras-primas, foi mandando uns recados, mas já mais esmorecidos.
De qualquer modo, um escritor extraordinário, mas também com pés de barro. Coincidência ou não, parece notar-se uma inclinação descendente a partir da Implosão, esse acontecimento de determinante relevância histórica, tanto para os apaniguados como para os inimigos declarados do comunismo. Saramago tudo fez para se libertar dessa mortífera avalancha, mas sem grande sucesso pessoal. Na queda, agarrou-se a uns arbustos das arribas e aí ficou dependurado clamando por alguém que o viesse salvar e, em desespero, foi atirando impropérios que ficaram a ecoar nos ares e algumas pedradas, pouco importando para que lado, na vã esperança que lá do fundo as pessoas voltassem a olhar para ele como olharam com sincero ou fingido orgulho quando, de fraque (muito burguês e capitalista) recebeu o Nobel da Literatura em 1998.
Agora veio com esta fisgada à Bíblia e, de algum modo, a tudo o que cheire a religião. Atirou, acertou e, se calhar, até pensou que tinha feito uma grande proeza. Só que na sua singular situação fez pontaria de esguelha e aí expôs completamente o flanco. E a resposta não tardou, contra o escritor e contra o homem ali dependurado. E atiraram-lhe à cara – e ele sem ter para onde se desviar – com todos os horrores do inabalável credo que até há bem pouco tempo professara, e toma lá mais uma de Estaline, em tudo igual a Hitler e a Mussolini; e toma lá também os progoms e os campos de concentração da Sibéria e, à pala disso, o descrédito que muitos têm por definitivo do projecto da construção do socialismo e do comunismo que tantas canseiras intelectuais deu a Marx e a Engels, e mais tarde a Lenine e a Mao, e a toda a plêiade de homens e mulheres que se empenharam nesta forma peculiar – no mínimo tão válida como qualquer outra – de entendimento do mundo e da construção do seu futuro, hoje, todos eles, por aproveitamento da boleia, feitos diabos da pior espécie.
Razões de sobra até parecem ter os sábios e justos da “velha Europa” e da “sempre nova América”, ao levantarem cada vez mais alto o estandarte desta caduca (e corrupta) democracia e ao berrarem até à rouquidão a palavra liberdade, o ponto culminante, mesmo que agonizante, do processo histórico da Humanidade.
E até parece que vão bem na procissão. Mas que não se esqueçam, já agora, da espoliação e do extermínio dos índios, do tráfico e exploração desumana dos escravos e das centenas de anos de segregação racial, dos horrores do nazismo, das bombas de Hiroshima e Nagasáqui, da chuva de bombas e de napalm no Vietname, do Chile de Pinochet, do Panamá e da Nicarágua, do bloqueio a Cuba, dos fratricídios dos Balcãs, das invasões e mortandades do Iraque e do Afeganistão, e mais recentemente, como fogo a alastrar, sabe-se lá onde este incêndio irá parar, com a Índia e a China mesmo ali ao lado, o núcleo duro das chamadas potências emergentes que começam a constituir uma real ameaça ao domínio mundial.
E a igreja, por esta altura tão ofendida, que também não se esqueça das cruzadas, dos cátaros e demais heresias e seitas de então, e de todas as inquisições ao longo da história da cristandade. Do abandono do povo de Deus no meio das maiores calamidades como aconteceu na Peste Negra ou no genocídio levado a cabo pelos alemães ou, mais recentemente, no que foi a Jugoslávia, onde se viu a Igreja católica, a ortodoxa ou outras quaisquer igrejas cristãs? Onde estão, hoje mesmo, todas essa igrejas, agora e à revelia dos ensinamentos do Mestre, tão prontas a atirar pedras, no conflito sangrento e sem fim à vista do Médio Oriente, nele incluídos, por extensão, os morticínios do Iraque, do Afeganistão e do Paquistão?
E porque não aproveitar esta boleia nas argumentações dum e doutro lado para virar as coisas ao contrário e ficar a ver no que isso pode dar? Se estivesse no lugar de Saramago e não tivesse como ele perdido de todo a fé nuns quaisquer “amanhãs que cantam”, seria eu que me atreveria a ripostar que se não é por alguns crimes efectivos contra a humanidade imputados à Igreja – e às religiões, em geral – que esta morreu ou foi definitivamente liquidada, se não é por outros crimes igualmente cometidos contra as humanas gentes em nome da liberdade e da democracia que esta deixou de se manter como o único regime aceitável na vida em sociedade, então porque se há-de aceitar, e apesar de tudo o que lhe vem sendo assacado, como assunto definitivamente arrumado o processo de construção do socialismo que pensadores tão lúcidos e generosos idealizaram e acalentaram e a que pessoas pelo menos tão boas como as outras hipotecaram a sua liberdade e em muitos casos a própria vida?
Tal como as coisas estão é a Humanidade, no seu conjunto, que tem de se interrogar. E, se calhar, parar para pensar. No presente estado do mundo, quem mais alto falar é quem mais vai errar. E, para começar, talvez não fosse desapropriado todos começarmos a conjugar humanidade com humildade. Porque o paradigma do progresso, a chave do devir humano foi até aqui e continuará a ser daqui para a frente uma coisa tão simples como o poder – o poder entre as nações, o poder no âmbito de cada país, o poder no nosso próprio seio familiar, o poder e a disputa do poder mesmo dentro de cada um de nós, as razões do poder e o poder das razões. O poder, e o amor verdadeiro. E tem sido na dialéctica destes dois fundamentais vectores que a Humanidade vem percorrendo um caminho, cheio de escolhos, é certo, mas que vem deixando atrás de si uma curva com altos e baixos, mesmo assim, de sentido geral ascendente.
Mas, regressando a Saramago, será pura tolice negar o seu extraordinário valor. Fez tudo o que estava à sua mão, com ajuda ou sem ela, para alcançar o grande e invejável galardão, fiando-se, ele o diz, na sua singela máxima de que “ o que tiver de ser meu, às mãos me há-de vir parar”. Depois disso continuou a escrever e a editar, e ainda bem para todos nós, os que continuamos a gostar de o ler e de com a sua leitura nos sentirmos, quantas vezes, maravilhados. Mas desse labor posterior não saiu mais nenhuma obra-prima nem, sequer das de espantar. Por isso não podemos de ânimo leve descartar como infames calúnias algumas insinuações de mal encapotada publicidade. Porque salvo mais rigorosa informação, foi Saramago que na primeira apresentação do livro, que em teoria ninguém ainda teria lido abriu as hostilidades. Mas aí está um assunto que não nos interessa, uns a dizer que sim, outros a negar.
Estou agora a ler este livro; mas isso, para o caso, não me parece ser assim tão importante. O que se poderá dizer, e para terminar, é que com este “herético” gesto Saramago acabou por cuspir na sopa que muitos dos seus leitores, admiradores e amigos estavam a comer. E isso não se faz. Há uns tempos houve alguém que se julgou com poder suficiente, mais que o dos deuses, diga-se, para acabar de vez com a história. Na passada, decretaram também o fim das ideologias. Saramago já tinha desferido umas boas facadas nas utopias. E a gente fica com quê, porra! A Saramago parece que lhe faltava matar Deus, coisa que já fora tentado por tantos outros, nomeadamente por Frederico Nietzsche sem nenhum visível resultado, se calhar, porque Deus é uma criação humana e, que se saiba, não está nas mãos do homem criar nada que vá muito para além da fama.
Viseu, 29Out09
Gertrudes da Silva
Nota do editor: Gertrudes da Silva é escritor, com créditos firmados em três romances, e foi (é) um capitão de Abril.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quando a animalidade anda à solta!... A puta de Uniban, no Brasil, e as praxes académicas, em Portugal...

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Vídeo retirado de um comentário do abnoxio
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No Brasil, tal como em Portugal, a modernidade não apagou os resquícios de um pensamento arcaico e reaccionário, que anda à solta em comunidades, onde deveriam prevalecer ideias nobres e comportamentos civilizados. O discurso que ilustra, de uma forma eloquente e dramática, o que se passou na faculdade de Uniban, no Brasil, poderia ser transposto para caracterização e denúncia do degradante espectáculo das obsoletas praxes académicas das universidades portuguesas, que incorporaram no seu currículo um folclore animalesco e obsceno, onde se esbateu por completo a fronteira do respeito pela dignidade humana. Os anacrónicos fetiches inventados por essas turbas animalescas de estudantes e os simulacros exibidos nessas praxes desregradas e inconsequentes, que nenhuma autoridade controla, e algumas até estimulam, não são mais do que manifestações inconscientes do arquétipo fascizante e totalitário das pessoas que as promovem, em nome de uma tradição, que ninguém conhece, e em nome de uma irreverência desviante, que transgride a razão e o bom senso.
E o exemplo dessa boçalidade, promovida ao estatuto de um exercício sadio da virilidade, começa a ser contagiante, como o demonstram as notícias sobre a selvejaria perpetrada sobre os caloiros do Colégio Militar.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Já não há dioptrias para a minha miopia!...

Enviada pelo João Fráguas
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A encantadora mulher bem se esforçou, mas eu já não consegui vê-la, quando se despiu da cintura para baixo. Nem o estratagema de clicar duas vezes, para aumentar a imagem, resultou! Maldita miopia!...

Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão!...


O grande polvo da corrupção instalou-se nas autarquias



Continuamente, o país vai tomando consciência da dimensão alarmante do fenómeno da corrupção, ao nível do aparelho de Estado e das autarquias. O laxismo dos dirigente políticos, alguns deles coniventes no processo da promíscua mediação dos interesses privados, em conflito com os interesses do sector público, que deveriam ser defendidos intransigentemente, a promoção avulsa de leis, carregadas intencionalmente de ambiguidades interpretativas para facilitar decisões arbitrárias, ao sabor das conveniências de quem paga o favor momentâneo, e a asfixia de uma cultura cívica de cidadania, promovida epidemicamente pela corrida ao consumismo desenfreado, ao gosto do figurino do novo-riquismo pacóvio, facilitaram, à sombra da impunidade, o alastramento da corrupção.
As estruturas intermédias das câmaras municipais, principalmente as mais directamente ligadas ao licenciamento das obras, são as mais vulneráveis ao tráfego das influências, que o dinheiro compra. O exemplo do que se passa na câmara de Lisboa, e que a jornalista Ana Henriques retrata na sua reportagem do PÚBLICO de hoje, representa uma pequena amostra da negra realidade que ensombra, como num pesadelo kafkiano, a maioria das autaquias do país.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Lisboa não deixa de surpreender-me! É uma cidade de contrastes e de originalidades!

Primeiro, clicar nesta imagem, para a ver ampliada.

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Este local será, talvez, um lugar maldito, mal afamado, e que provoca compreensíveis embaraços aos homens que ali residem. Não admira, pois, que o jardim esteja sempre deserto. Ninguém gosta de ficar com a fama, mesmo que ela reproduza a verdade, ou parte dela.
Mas, o que realmente surpreende o viajante, que por lá passe, é a existência de duas estatuetas, realisticamente esculpidas, e que remetem para um flagrante contraste, quer de termos, quer de tamanhos. Colocadas frente a frente, uma delas acorrentada, a simbolizar potenciais elevados de energia, parecem querer provocar a nossa incredulidade, perante o insólito e o contraditório.





terça-feira, 27 de outubro de 2009

O copo está meio cheio ou meio vazio?

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A resolução do dilema relativista da pergunta, colocada em título, quando aplicada à situação política actual, só poderá ser encontrada pelo primeiro ministro ao longo de toda a primeira fase da legislatura, que termina com as eleições presidenciais. Só ele poderá encher o copo, esvaziá-lo, ou, simplesmente, deixá-lo estar como está, em resultado das últimas eleições legislativas, onde os portugueses o castigaram, mais pela petulante arrogância exibida no permanente clima de confronto e de conflito com tudo e com todos, do que pelas políticas seguidas. Os portugueses castigaram José Sócrates, mas deram uma nova oportunidade ao Partido Socialista, de quem esperam uma outra abertura ao diálogo e à negociação. As maiorias relativas servem para isso mesmo.
Mas, no discurso da tomada de posse do XVIII Governo, o primeiro ministro não apontou esse caminho, preferindo antes pedir aos outros a assumpção das suas responsabilidades, aprovando as políticas do programa eleitoral do Partido Socialista, que ele afirmou querer aplicar, pois foi esse programa "que o eleitorado sufragou". E aqui, volta-se à questão do copo, meio vazio ou meio cheio, já que a maioria dos portugueses, embora por razões diferentes, algumas diametralmente contrárias e opostas entre si, não votaram naquele programa.
Nesta alegoria falta falar do conteúdo do copo, que poderá ser a água, simplesmente, ou então o vinho ou o azedo vinagre. Serão os portugueses a escolher, principalmente os trabalhadores que não vão consentir novos sacrifícios em nome da vaca sagrada do défice orçamental. Se o actual Presidente da República não tiver intenções de se candidatar a um segundo mandato, oferecer-se-á para, com prazer, servir a bebida.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

As aparências iludem!...


Enviada pelo João Fráguas, seguidor deste blogue


Os partidos da oposição aperceberam-se a tempo da natureza do disfarce, e, para evitarem mal entendidos, rejeitaram a proposta de coligações.

O mal pega-se!...


Esta seria a fotografia oficial, a adoptar pelo novo regime, caso José Sócrates tivesse obtido a maioria absoluta...

XVIII Governo: o mais parecido com uma Ópera-bufa, exceptuando o de Santana Lopes!...


A constituição do novo governo não gerou nenhum entusiasmo na opinião pública, tal como se esperava, mesmo até entre o eleitorado socialista, que também já percebeu que se trata de um governo de transição de ciclo político, sem alma e sem nervo. O espírito reformador do governo anterior, que entrou na arena como um leão e saíu como um sandeiro, esfumou-se, tendo sido metido na gaveta, o local preferido pelo PS para guardar os projectos abandonados. Mas, na sua concepção e na sua constituição, percebe-se que é um governo de continuidade, que a inclusão de novos ministros, sem imagem e sem peso político, não consegue disfarçar. Do anterior governo ficaram os pesos pesados, os indefectíveis fiéis de José Sócrates, e que não reflectem no seu seio as várias sensibilidades políticas existentes no PS. Pode-se, pois dizer, que se trata de um governo de José Sócrates e não um governo do PS, fragilidade evidente que pode revelar-se fatal em futuras batalhas eleitorais, se, entretanto, o que é previsível, a crise social se agudizar.
É uma questão bizantina tentar adivinhar se o governo irá cumprir a legislatura. Uma oposição dividida ideologicamente e a proximidade de eleições presidenciais são o maior certificado de garantia para a sua longividade, a não ser que a política desça para a rua, na forma de violenta contestação às políticas anti-populares, que, secretamente, se encontram previstas no caderno de encargos. Para contrariar este cenário, ou para o esbater, lá estarão os novos ministros, a quem vai competir a espinhosa tarefa de ensaiarem as mudanças virtuais necessárias e para aguentarem na pele o primeiro embate e o posterior desgate provocado pelos protestos, tentando resguardar da impopularidade o núcleo duro dos fiéis.

A Junta de Freguesia ficou na família!...

Clicar na imagem, para a aumentar Enviado pelo Pedro Frias, seguidor deste blogue
O Partido Socialista não deixa de me surpreender. A tendência para formar uma República Monárquica Socialista é uma ideia peregrina, que persegue, quer o mais humilde militante, quer os mais altos dirigentes do partido. Mário Soares não teve o sucesso desejado, para conseguir esse desiderato, tão ou mais importante do que aquele de meter o socialismo na gaveta.
Pelos vistos, na freguesia de Santa Luzia, nos Açores, a ideia começa a ganhar terreno e consistência, com a formação de uma Junta de Freguesia Familiar, onde só falta o cão e o periquito.

domingo, 25 de outubro de 2009

As varandas sempre foram um local perigoso para as crianças!...

Clicar na imagem para aumentar Gentileza do João Fráguas, seguidor deste blogue


Teria sido preferível mandar a criança para o quarto, de castigo, fechando a porta à chave, invocando-se, com assumida irritação, a última nota obtida no teste de matemática. Evitavam-se estas desagradáveis surpresas.

Coimbra não foi apenas fado e boémia!...

Vídeo enviado pelo João Fráguas, seguidor deste blogue

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Coimbra foi, ao longo de muitos séculos, o principal centro difusor de cultura, em Portugal. Da sua universidade, e até à implantação da República, era dali que saía a massa crítica, que governava o país. Foi também de Coimbra, que as grandes ideias de mudança, vindas da Europa, irradiaram para a sociedade portuguesa. As grandes lutas académicas contra o fascismo e contra a Guerra Colonial, na década de sessenta, arrancaram impetuosamente da sua universidade, contagiando rapidamente as outras academias. Foi a sua última grande manifestação contestatária, de que pode orgulhar-se. Mas também foi de Coimbra que saíram as sinistras figuras que sufocaram o povo português com uma ditadura cruel e humilhante, durante quarenta anos, e que o condenaram à pobreza, ao subdesenvolvimento e à privação da liberdade.

Um Poema ao Acaso: Improviso para improvisar um sonho... - Ademar



Improviso para improvisar um sonho…


Desci do cabelo e eras tu
tão a preto e branco como noutras telas
e distante
quase cadáver quase boneca
os lábios entreabertos
as órbitas vazias e o corpo perfeito
inanimadamente perfeito
abre agora um pouco mais as pernas
deixa-me espreitar para além de ti.

Ademar
21.11.2006

Brasil prepara-se afincadamente para receber os Jogos Olímpícos de 2016


sábado, 24 de outubro de 2009

TV espanhola goza com a lesão de Cristiano Ronaldo!

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A falta de humildade e a ostentação exuberante e saloia dos tiques de um novo-riquismo adquirido acabam sempre por destruir os mais vaidosos, mesmo que sejam geniais no seu múnus. E toda a gente já percebeu que Cristiano Reinaldo tem pés de barro.

Em defesa de José Saramago...


COMUNICADO

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), sem se pronunciar sobre assuntos literários ou estéticos, que não são da sua competência, tendo sobre o Antigo Testamento a mesma opinião de José Saramago, vem publicamente manifestar a sua posição sobre a polémica em curso, na sequência da publicação do livro «Caim».
Não é, todavia, a identidade de pontos de vista, quanto à Bíblia, que leva esta Associação a solidarizar-se com o Nobel da Literatura. A sua opinião é para nós, que defendemos a liberdade de expressão, tão legítima como a sua contrária.
O que leva a AAP a solidarizar-se com Saramago é a cruzada que os meios católicos mais intolerantes já puseram em marcha. Os judeus vieram igualmente com ataques agressivos e usando uma linguagem exaltada. O presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil, já afirmou que “os livros sagrados e a religião têm de ser respeitados”, o que se afigura uma ameaça face aos frequentes exemplos mundiais de atropelos do Islão à liberdade.
Numa sociedade livre e democrática é tão legítima a liberdade criativa de um grande escritor como as tolices bíblicas dos crentes. O que não é tolerável é o clima de intimidação e a linguagem agressiva que já sopra das igrejas, mesquitas e sinagogas.
A liberdade é uma bênção conquistada contra o desejo dos clérigos que sempre a combateram. É uma herança do Iluminismo que nenhum pretexto pode servir para pôr em causa.
Assim, a AAP manifesta a José Saramago a sua simpatia na luta contra o obscurantismo e aconselha os trauliteiros profissionais a ler o Antigo Testamento. Talvez passem a envergonhar-se das ideias que professam e, sobretudo, da violência com que as querem impor.
José Saramago é um escritor de talento reconhecido mundialmente e que, sendo ateu, frequentemente desperta críticas de figuras religiosas contra a sua prosa. A AAP compreende estas reacções e defende o direito à crítica, ao diálogo e à expressão das crenças de todos, sejam ateus ou religiosos, sejam escritores ou sacerdotes. A liberdade de expressão é fundamental para o convívio saudável das crenças e descrenças que compõem a nossa sociedade.
No entanto, a AAP lamenta as críticas dirigidas à pessoa de Saramago em vez de focarem o que ele escreveu e que, aparentemente, a maioria dos críticos nem sequer leu. Sugerem, inclusive, que Saramago mude de nacionalidade, que a «densidade de leitura» da Bíblia está fora da sua capacidade e que as suas declarações são «cretinas».
Estas críticas têm demonstrado que, para muitos religiosos, importa mais respeitar crenças que pessoas, justificando-se atacar quem lhes diga mal das crenças. É uma perigosa inversão de valores, pois são as pessoas que têm sentimentos, que têm direitos e que existem para os seus próprios fins. As crenças são apenas ideias abstractas que podemos aceitar ou rejeitar conforme quisermos.
Revelam também, estes ataques a Saramago, a incapacidade de refutar racionalmente as afirmações do escritor. Foi notória a falta de explicações por parte de quem se limitou a apontar defeitos a Saramago e a dizer que a Bíblia é muito complicada.
Ninguém explica por que motivo nos deve inspirar em vez de preocupar a demente decisão de Abraão, disposto a matar o seu filho em nome da religião. Ou o que o sofrimento de Jó demonstra, por uma aposta divina, além da terrível injustiça.
Por isso a AAP apela aos críticos de Saramago que se cinjam às declarações deste, que expliquem a sua posição e que participem no diálogo de uma forma racional. Que não confundam críticas a crenças com críticas a pessoas; cada um é o que é mas todos, mesmo com alguma dificuldade, somos capazes de mudar de crenças.
Acima de tudo, a AAP apela para que se aproveite esta polémica para dar um bom exemplo de como debater ideias e conviver com quem pensa de forma diferente.

Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 23 de Outubro de 2009
Carlos Esperança

Recordando Mário Dionísio



Mário Dionísio levou mais de dez anos a ser escrever A Paleta e o Mundo, que foi publicada em fascículos - dois grossos volumes ilustrados, com arranjo gráfico de Maria Keil. A publicação acabou em 1962 e ganhou o Grande Prémio de Ensaio da Sociedade Portuguesa de Escritores. Dela disse o Autor: «não é uma história, não é um tratado, nem se dirige a especialistas. Quereria antes ser uma longa conversa.» E José-Augusto França: «é uma proposta de cultura no domínio das artes picturais em que a crítica das obras e os factos biográficos se encadeiam com abundantes referências e citações de crónica especializada, revelando vastíssima bagagem de leitura. Trabalho de largo fôlego, de uma envergadura ensaística nunca antes pretendida, nas suas quase mil páginas, a obra de Mário Dionísio marca uma época». Sobre a génese desta obra e as suas características realizou-se uma sessão de introdução ao Ciclo, integrada na Semana de Abertura da Casa da Achada-Centro Mário Dionísio (30 de Setembro último), em que participaram leitores de várias gerações: Carlos Veiga Pereira, Raul Gomes, Vítor Silva Tavares, Eduarda Dionísio, Mariana Pinto dos Santos, Miguel Castro Caldas, Pedro Rodrigues.
A primeira sessão, no sábado 24 de Outubro, que se centra sobre as relações entre Arte e Público, tema do 1º capítulo da Introdução da obra de Mário Dionísio A Paleta e o Mundo (o capítulo intitula-se «Chamemos-lhe Divócio») é da responsabilidade de Luís Miguel Cintra que convidou o actor José Manuel Mendes para ler extractos que serão comentados e 10 jovens artistas de várias artes para com eles dialogar a propósito do tema: Joana Villaverde, Margarida Alfacinha (artes plásticas), João Nicolau, Marco Martins (cinema), Gonçalo M. Tavares, Miguel Castro Caldas (literatura), Bernardo Sassetti, Vasco Mendonça (música), Beatriz Batarda, Gonçalo Amorim (teatro).
Na primeira leitura colectiva, na segunda-feira 26 de Outubro, João Rodrigues lerá em voz alta o capítulo «A própria substância dos objectos» (sobre a pintura do século XVIII), pertencente à segunda parte da obra - «Prestígio e fim de uma ilusão» - que se segue à Introdução (2º volume da edição da Europa-América). Serão projectadas reproduções dos quadros referidos na obra e a leitura será interrompida para comentários, explicações, notas, opiniões.
A Paleta e o Mundo, editada pelas Publicações Europa-América, existe ainda no mercado, numa segunda edição em 5 volumes, sem ilustrações, publicada no início dos anos 70, mas é difícil de encontrar. Esta edição estará à venda na Casa da Achada – Centro Mário Dionísio. Pede-se a quem já tiver A Paleta e o Mundo que traga o livro para as sessões para poder acompanhar a leitura
.
Associação Casa da Achada - Centro Mário Dionísio
Rua da Achada, nº 11 r/c - 1100-004 Lisboa
tels: 21 8877090 e 21 8822264

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

As escolhas de Sócrates - JN

Clique aqui:


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Este é o governo que a maioria dos portugueses manifestou não querer!...

O drama do tsunami!...


Enviado pelo João Fráguas, seguidor deste blogue

É perante imagens como estas, que eu me sinto insignificante, impotente e ridículo, e que, alarmado, me interrogo sobre a natureza da existência...

Notas do meu rodapé: Stop the Clash of Civilizations



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A teoria do "Choque de Civilizações" é um redutor eufemismo doutrinário, que esconde a verdadeira natureza das guerras e os fundamentos que as promovem e justificam. Faz parte da estratégia da diabolização do inimigo, destinada a mobilizar vontades e a quebrar resistências.
Desde os primórdios do neolítico, quando surgiram as embrionárias formas de Estado para organizar as novas sociedades sedentarizadas, as religiões constituiram-se no seu fermento agregador e unificador. Em nome da ignorância, questionavam-se as divindades, que respondiam sempre em consonância com os desejos e os interesses do poder político dominante.
As próprias Cruzadas à Terra Santa, declaradas pelos papas em nome de Deus, não eram mais do que um recurso ideológico para justificar a necessidade de desencadear uma guerra contra os árabes. O objectivo seria o de abrir o caminho de acesso aos produtos do Oriente, numa tentativa desesperada de quebrar o isolamento e as debilidades económicas dos estados cristãos, a braços com cíclicas crises alimentares, retirando aos árabes, cada vez mais fortes económica e militarmente, o monopólio do comércio daqueles produtos, além de procurar, com esta manobra de derivação estratégica, fragilizá-los na Península Ibérica, onde já estavam em franca regressão.
Entre estes dois mundos, estabeleceu-se sempre um estado de guerra permanente, que o colonialismo inglês conseguiu vencer. Os países ocidentais tinham consolidado o seu domínio , que exerceram sem visível contestação, durante o século passado, dividindo entre si os poderes, as tarefas e os proveitos.
Ficaram as humilhações, que os nacionalismos árabes não souberam redimir e ultrapassar, mas que os tarefeiros de Maomé aproveitaram habilmente, fomentando o nascimento de estados teocráticos e apadrinhando a formação de movimentos terroristas, na base da Jiahd. Também aqui, a religião é o pretexto de ambições geopolíticas, que o dinheiro do petróleo proporciona e financia.
Quando Samuel Huntington formulou a sua teoria do choque entre civilizações, acentuando unicamente as religiões, como razão de conflito, pretendeu responder a Francis Fukuyama, um neoconservador, que havia declarado o fim de História, com o domínio incontestado, indestrutível e irreversível do sistema político, social e económico do Ocidente, e que acabaria, com o tempo, por seduzir os outros povos. Samuel Huntington, ao contrariar Fukuyama, não fez mais do que construir uma teoria para justificar as guerras inevitáveis que vinham aí, desencadeadas pelos Estados Unidos, permitindo, tal como no caso das Cruzadas, esconder os objectivos económicos e geopolíticos da sua natureza imperial.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A casa de um ex-piloto!...





Como será a casa de um cangalheiro?!...


Lisboa: Uma cidade única!...

Cidade de muitos destinos, onde se misturaram variadas gentes. Ponto de chegada e de partida de muitas rotas da História. Teve tempos de glória, a despertar cobiças, e dias de desgraça, que a memória não esquece. Foi imensamente rica, mas nunca se libertou da sua pobreza endémica. Hoje, não consigo caracterizá-la. Apenas sei que tem uma beleza e uma luminosidade únicas. Isso me basta para a amar!...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um Poema ao Acaso: Não sei quantas almas tenho - Fernando Pessoa


Não sei quantas almas tenho


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa
24-8-1930

Notas do meu rodapé: A hegemonia do dólar ameaçada...

Valor do poder de compra do dólar, durante o século XX


Valor das emissões de dólares, durante o século XX


Valor da onça de ouro em dólares e em euros
***
Pode dizer-se que a hegemonia dos Estados Unidos assenta principalmente na hegemonia do dólar. Desde que foi adoptada como moeda de reserva internacional, para servir de meio pagamento nas trocas comerciais entre a maioria dos países do mundo, os Estados Unidos passaram a emitir dólares, não só para garantir a sustentabilidade da sua economia, mas também para satisfazer a crescente procura, induzida pela intensificação daquelas trocas. A desvinculação em relação ao padrão ouro, operada nos princípios da década de setenta do século passado, por pressão dos Estados Unidos, data que marca o arranque da aplicação das teorias neoliberais, abriu as oportunidades para que este país pudesse emitir dólares em excesso, para cobrir todos os seus défices futuros. Com esta estratégia, bem camuflada, os Estados Unidos tiveram sempre muito dinheiro para tudo: investigação científica em todos os domínios, de elevada qualidade, reforço do complexo militar-industrial, produzindo em massa equipamentos militares sofisticados, crédito barato para a classe média, que assim se constituiu no motor da procura interna, alimentando o crescimento do PIB, e grandes e dispendiosas aventuras militares nos países estrangeiros desalinhados.
Simultaneamente, para garantir a hegemonia da sua moeda e afastar a concorrência de outras moedas, os Estados Unidos estabeleceram um acordo vantajoso com os países árabes, produtores de petróleo, em que estes se obrigavam a estabelecer a exclusividade do dólar, como moeda de pagamento daquele produto, obrigando, assim, os países, que tinham poucas relações comerciais com os Estados Unidos, a financiarem-se em dólares no exterior, aumentando a respectiva procura.
Mas, quem estava a pagar isto tudo, eram os países credores dos Estados Unidos, primeiro a Europa, depois, na década de noventa, a China, e, mais recentemente, o Brasil e a Índia. O FED emitia a quantidade de dólares necessários para cobrir as importações desses países e o governo dos Estado Unidos emitia Títulos do Tesouro para financiar a sua galopante despesa. Deste modo, a emissão e o valor do dólar não correspondia ao peso da riqueza produzida. Daí a sua constante desvalorização.
A China, o maior detentor de Títulos do Tesouro, emitidos pelos Estados Unidos, verifica agora que tem papel muito desvalorizado, o que permite dizer que é este país, assim como as principais potências emergentes, que estão a sustentar os luxos dos americanos, pagando os seus monumentais défices, o orçamental e o comercial. Para dar um exemplo, eu também poderia comprar propriedades, automóveis, aviões e iates, se tivesse o privilégio de poder emitir os euros que muito bem entendesse. Os falsificadores da moeda também partem deste linear pressuposto, podendo-se, assim, afirmar que os Estados Unidos falsificam legalmente a sua moeda.
Com o fácil recurso da emissão de Títulos de Tesouro, os Estados Unidos acumularam uns gigantesca dívida externa, que nunca irão pagar, ou, se a vierem a pagar, será com um dólar totalmente desvalorizado. Se à dívida externa, somarmos a dívida dos seus cidadãos e das suas empresas, sempre ameaçadas pela insolvência, desenha-se perante os nossos olhos a dimensão do abismo onde, a qualquer momento, se poderá precipitar a maior potência do planeta, arrastando também o mundo inteiro. Essa queda já começou, embora tenha sido artificialmente amortecida por almofadas improvisadas, cheias de vento, e que poderão esvaziar-se, de repente.
Por isso, não é de estranhar que os países do BRIC, e aos quais se associaram a França e o Japão, começaram já a anunciar o seu desejo de encontrar uma nova moeda, mesmo que desmaterializada, para substituir o dólar como moeda de reserva internacional. Para estes países, já se tornou claro que os Estados Unidos dificilmente recuperarão a sua posição de liderança na economia global, já que a sua classe média, que era responsável por vinte e cinco por cento da procura mundial, se encontra atafulhada em dívidas, aquelas que foram contraídas através do crédito barato e sem limites nem garantias, ao mesmo tempo que se não perspectiva o aumento do seu rendimento, através do aumento dos salários.
O grau de incerteza é muito grande, embora os governos ocidentais tentem, a todo o custo, apresentar um quadro optimista, que o preço do ouro logo desmente. Utilizado como refúgio, no período de turbulência dos mercados, o preço do ouro continua elevado, devido à sua intensa procura.
A actual crise, que também tem de ser compreendida através do quadro aqui traçado, longe de ter batido no fundo, ainda apenas começou. Trata-se de uma crise do esgotamento dos paradigmas em que assentou o modelo económico e social do século XX, liderado pelos Estados Unidos. Outros paradigmas irão surgir, assim como novas lideranças irão estabelecer-se.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Deus sempre trabalhou. E muito!...

Do PÚBLICO, cartoon de Luís Afonso

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O escritor José Saramago afirmou, durante a apresentação do seu novo livro, Caim, que Deus fez o mundo em seis dias, tendo descansado ao sétimo dia, e que, depois disso, não fez mais nada.
Permito-me discordar do grande escritor. Depois dessa obra ciclópica, Deus não parou. Além de ter falado, muito particularmente, com todos os profetas, que promoveu ao longo do tempo, Ele ainda teve tempo de aparecer junto às muralhas de Jericó, para ajudar o seu povo eleito a conquistar a cidade, isto já depois de ter tido uma trabalheira para aplainar as dez tábuas que, também muito particularmente, entregou a Moisés, no monte Sinai.
A injustiça de Saramago foi ao ponto de malevolamente esquecer a divina paternidade de Jesus Cristo, que, aliás, o escritor bem trabalhou literariamente, no seu livro Evangelho segundo Jesus Cristo. Porque isto de engravidar aquela humilde mulher de Nazaré, sem que o seu sisudo marido se tivesse apercebido, exigiu muito esforço e muita manha, o que O obrigou a socorrer-se da cumplicidade de um arcanjo, também promovido por Ele. E esta ligação àquela Maria de Nazaré não se ficou por ali, já que, passados dois mil anos, adivinha-se a Sua discreta presença ao lado da senhora, naquele estéril campo de azinheiras, chamado Cova da Iria, em que, com a sua força descomunal, que só Ele poderia ter, fez girar o sol, contrariando as leis da Física, que Ele próprio instituíra, para assombro de três inocentes pastorinhos e de uma multidão de portugueses, pobres e analfabetos, como o era a maioria dos portugueses daquele tempo.
E se isto não é trabalho, então tenho de concluir que José Saramago não sabe o que é trabalho!...

A Justiça ainda é igual para todos?



Quando o próprio Procurador-Geral da República vem a terreiro afirmar que a investigação do processo Furacão já deveria ter terminado, é normal que o cidadão comum também se interrogue sobre a morosidade associada à investigação de outros processos mediáticos, que, sob a alçada do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), se vêm arrastando inexplicavelmente.
Os casos Freeport, Portucale, o caso da compra dos submarinos e das fragatas da Marinha, e ainda os das universidades Moderna e Independente, que ainda não se encontam terminados, têm em comum o envolvimento suspeito de políticos e de empresas ligadas a políticos, o que poderá a conduzir a insinuações, por parte da opinião pública, caso as investigações não apurem as respectivas responsabilidades.
A Justiça e a investigação policial do país encontram-se, neste momento, sob o escrutínio dos portugueses, que, por certo, irão avaliar da sua equidade, competência e honestidade. Para ser mais concreto, pode dizer-se que os portugueses vão saber, brevemente, se existem ou não dois sistemas judiciais. Um para os políticos e para os grandes empresários, talhado à medida dos seus interesses, e um outro, mais rigoroso e eficaz, para os restantes cidadãos.

domingo, 18 de outubro de 2009

Em Cuba, a saúde não é um negócio!...



«Moore viajou para Cuba com três voluntários que haviam trabalhado nas ruínas do World Trade Center, em New York, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. Segundo ele, os voluntários sofrem de problemas de saúde desde que actuaram naquele local e têm dificuldade de acesso aos tratamentos públicos. Moore diz tê-los levado de barco até a base naval estadunidense de Guantánamo - que fica encravada no leste de Cuba e onde Washington mantém suspeitos estrangeiros de terrorismo - para ver se eles receberiam o mesmo atendimento médico gratuito dos detentos. Após serem barrados, eles decidiram ver que tipo de atendimento médico encontrariam em Cuba, cujo governo comunista se orgulha da qualidade de seus hospitais. Excerto do documentário "Sicko" (S.O.S. Saúde), de Michael Moore».
Do anexo que acompanhava o vídeo.


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Em Cuba, a saúde não é um negócio. É um direito do cidadão e um dever do Estado. Os seus cuidados primários, que constituem a base de sustenção de um qualquer serviço de saúde, estão considerados, pela Organização Mundial de Saúde, como um dos melhores do mundo. A medicina cubana tem desenvolvido com muito sucesso a investigação e as formas de tratamento de doenças raras, com pouca incidência e prevalência, e que a indústria farmacêutica negligencia, por questões de rentabilidade.

Recentemente, Portugal recebeu uma bofetada de luva branca da "ilha maldita". quando meia dúzia de autarcas, incomodados e inconformados com o desespero de muitos dos seus munícipes, contratualizaram com o governo de Havana a ida de doentes a Cuba, para serem submetidos a uma operação às cataratas, patologia esta que, tal como as das varizes, é altamente rentável para as clínicas particulares, que tudo fazem, através de alguns médicos que se desdobram entre o público e o privado, para provocar o entupimento dos respectivos serviços hospitalares, alongando assim, em seu benefício, as listas de espera. O Ministério da Saúde completa a conspiração, não promovendo políticas correctas em relação ao aumento do número de médicos e à sua distribuição equitativa pela rede de saúde nacional, ao mesmo tempo que mantém congelados os acessos aos quadros hospitalares das especialidades, agravando perigosamente o hiato geracional, com todas as implicações geradas ao nível da qualidade dos serviços prestados e da continuidade da formação dos especialistas.

Esta realidade social, vivida em Cuba, e que passa à margem do discurso político e da comunicação social, merecia ser estudada, in loco, pelo primeiro ministro e pela ministra da Saúde. Pelo menos, no seu regresso a Portugal, poderiam afirmar que tinham aprendido duas coisas importantes: que um serviço nacional de saúde não pode ser contaminado pelos vícios, pelos erros e pelos logros da medicina privada, e que a promiscuidade dos dois sistemas é lesiva para os superiores interesses dos utentes.

http://video.google.com/videoplay?docid=-8478265773449174245&hl=pt-BR#

Nota: Não foi possível, tecnicamente, transportar este vídeo do Google para o blogue. Fica o link de acesso.

Se aquela água tivesse sido benzida, eu diria que se tratava de um milagre!...

Enviado pelo Jorge Ribeiro

Nem os publicitários resistem aos apelos da sensualidade, mesmo que utilizem uma garrafa de água, como símbolo fálico.

Hitler reage à reportagem de Maitê Proença em Portugal [Hype & Ranho]


Enviado pelo Diamantino Silva

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Eu fiquei com a suspeita que Maitê Proença seria uma espia, ao serviço de uma grande potência, incumbida de provocar um incidente diplomático, para justificar uma invasão militar de Portugal. Só não suspeitava que ela actuava ao serviço do III Reich.

sábado, 17 de outubro de 2009

Notas do meu rodapé: Como Wall Street domina o governo dos Estados Unidos...



A poderosa oligarquia financeira americana, cujos tentáculos se estendem pelo mundo globalizado, e que foi a principal responsável pela actual crise, não poderia sobreviver se não exercesse directa e indirectamente a sua influência sobre poder político do seu país e dos respectivos países aliados, que, entretanto, foram incorporando nas suas economias todos os conceitos e práticas do neoliberalismo. Capturar o Estado, para que ele desse cobertura à total liberalização dos mercados, principalmente o mercado de capitais, e pugnando pela inexistência de um qualquer controlo, foi uma das suas principais estratégias. Assim, actuando com total impunidade, conseguiu-se construir um mercado virtual, de uma grande volatilidade e com pouca consistência, servindo-se da conivência da classe política, que tem sido remunerada a peso de ouro.
Greg Gordon, numa peça assinada na Argenpress, identifica a traficância de influências entre as oito maiores empresas do mundo da alta finança de Wall Street e os políticos americanos. Barack Obama e John McCain receberam um total de 3,1 milhões de dólares para as suas campanhas eleitorais. Desde 2001, os bancos Bear Stearns, Goldman Sachs, Lehman Brothers, Merril Lynch, Morgan Stanley, a seguradora American International Group e as agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac dispenderam 64,2 milhões de dólares aos candidatos ao Congresso dos dois partidos.
Quem está a pagar estes gigantescos subornos são os contribuintes americanos, já que que estas empresas aproveitaram imediatamente o ambiente da crise para se ressarcirem, pois foram incluídas no plano de ajuda financeira de Fevereiro último, no valor de 700 biliões de dólares, pagando, para o efeito, mais uns milhões de dólares aos membros dos diversos comités do Senado e da Câmara de Representantes, que desenharam o esquema de distribuição daquela monumental ajuda estatal.
A promiscuidade entre a política e os grandes negócios, que em Portugal também já existe em grande escala, patrocinada pelas grandes empresas e os políticos do PS, PSD e CDS (Freeport, Terminal de Alcântara, aquisição dos novos submarinos, etc.), consubstancia e define a natureza das democracias ocidentais, anunciando, não se sabendo por que caminhos, o seu progressivo definhamento.


Carta à raínha de Inglaterra com uma análise científica sobre a perversa natureza do neoliberalismo...







Carta à rainha de Inglaterra

De Alejanddro Nadal

26 de Agosto de 2009

Sua Majestade, a rainha, Palácio de Buckingham, Londres, SW1A 1AA.

Senhora:

Inteirei-me de que, durante uma visita à London School of Economics, sua Majestade fez a pergunta de por que os economistas não tinham sido capazes de predizer a crise que hoje afecta todas as economias do mundo. Agora, a petição da British Academy, dois dos seus membros, os professores Tim Besley e Peter Hennessy, fizeram-lhe chegar uma resposta (em carta datada 22 de Julho) à sua questão. Infelizmente, essa carta revela uma profunda incapacidade para pensar com rigor científico e honestidade sobre a natureza desta crise e suas implicações.
Em síntese, a resposta de Besley-Hennessy assinala que a incapacidade para prever a crise, bem como a sua severidade e extensão, se deveu primordialmente a uma falha da imaginação colectiva de muita gente brilhante, tanto neste país, como a nível internacional, para compreender os riscos para o sistema no seu conjunto.
Esta é uma visão autocomplacente que tira toda a responsabilidade à política económica e à academia. Isso é inadmissível de todos os pontos de vista. A política económica que desde há mais de 25 anos se impôs em quase todo o mundo gerou as condições para a detonação desta crise.
A crise actual não foi provocada por falhas de mercado. É a consequência lógica de uma política económica que trabalhou como se esperava que o fizesse, tornando uns poucos em imensamente ricos e aprofundando a desigualdade em todo o mundo, incluindo os países mais industrializados. Este desastre não é uma tempestade cujo aparecimento fosse difícil de predizer. Pelo contrário, trata-se de uma tragédia anunciada, gerada por uma série de políticas económicas brutalmente irresponsáveis.
Esse pacote de políticas económicas (aplicadas desde os tempos da senhora Thatcher, que você mesma designou primeira-ministra em 1979) assenta na ideia de que os mercados atribuem eficientemente os recursos e devem ser deixados em liberdade. O resultado é uma combinação de receitas frustradas e contraditórias, que não só provocou inumeráveis crises no mundo, como aprofundou dramaticamente a desigualdade e a pobreza, inclusive nos países industrializados. Além disso, o regime de comércio internacional a que deu lugar alterou a forma de viver em inumeráveis países, ao mesmo tempo que intensificou a destruição do meio ambiente.
A resposta dos professores Besley-Hennessy ignora também a responsabilidade dos académicos que abraçaram uma teoria que falhou em tudo. Só uns quantos economistas foram capazes de prever este tipo de crise, mas o seu trabalho foi recompensado com marginalização e isolamento. Durante anos, autores como Hyman Minsky e David Felix escreveram com grande lucidez sobre a instabilidade dos mercados e os perigos que isto representa. A sua análise demonstra que os processos dinâmicos dos mercados geram forças que conduzem à instabilidade e à ruptura. Apesar do seu rigor analítico, estas análises não tiveram lugar nos cursos medulares das universidades.
Hoje, cursos completos e programas de investigação respondem à agenda de interesses comerciais e financeiros, em lugar de respeitar os cânones da ciência e da crítica. Mas essa maquinaria de interesses extra-científicos não pode distorcer os factos: o paradigma dos mercados eficientes caiu na bancarrota científica há décadas. Infelizmente, essa doutrina é a que continua a ser promovida nas universidades. Por essa razão, cada ano são graduadas legiões de economistas que acreditam fervorosamente que em alguma abóbada da academia das ciências jaz uma demonstração científica sobre as bondades do mercado. Nada mais afastado da verdade.
Senhora, não escrevo esta carta com a ilusão de que Sua Majestade seja capaz de modificar a situação crítica que estamos a viver. Estou consciente (pela evolução histórica da realeza) de tudo o que você representa e das suas funções no Estado da Inglaterra. Simplesmente penso que dentro da lógica das instituições nas quais Sua Majestade desempenha um papel tão importante, seria desejável que existisse um pouco mais de honestidade intelectual e de rigor científico.
Resultaria tedioso enumerar os erros e contradições em que incorrem os senhores Besley e Hennessy. Em vez de fazer uma análise cuidadosa, a sua missiva abunda em lugares comuns e frases superficiais, mais dignas de uma revista frívola que de uma academia de ciências. Ambos desperdiçaram a oportunidade de abrir um debate inteligente e levá-lo a novas alturas.
O timão do HMS Beagle, o barco que conduziu Charles Darwin a uma das expedições científicas mais importantes da história, tinha inscrita a seguinte legenda: «Inglaterra espera que cada homem cumpra com o seu dever». É o mínimo que Sua Majestade deveria exigir aos membros da British Academy.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um Poema ao Acaso: Autopsicografia - Fernando Pessoa



AUTOPSICOGRAFIA


O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

Um Poema ao Acaso: O SOL É GRANDE- Sá de Miranda

O SOL É GRANDE


O sol é grande: caem co'a calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!

Sá de Miranda

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sobre os políticos e as eleições...









Gentileza do João Fráguas, seguidor deste blogue.

O "SIM" da Irlanda e a comparação com o programa "Preço Certo"- Opinião de Sérgio Andrade

Opinião

Ó Irlanda, não quer pensar melhor?
2009-10-13
No concurso da RTP "O preço certo", o apresentador, Fernando Mendes, ajuda os concorrentes o mais que pode. Quem estiver atento às suas dicas já sabe o que deve fazer quando, em resposta aos preços que indica, ele diz coisas do género "Esqueça os 27 mil!", "Como? Não ouvi!" ou "Não quer pensar melhor?". Deve, evidentemente, emendar a mão…
Lembrei-me disto quando se soube que, depois do "Não" da Irlanda que impedia a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, os eurocratas iriam perguntar aos irlandeses se não queriam pensar melhor. Eles disseram que sim, que iam pensar melhor, e, à segunda tentativa, lá descobriram que a resposta certa era "Sim" e nunca "Não". Não ganharam televisores ou batedeiras, como os concorrentes do "Gordo", mas ganharam, aparentemente, umas tantas garantias: que o aborto nunca será autorizado no Eire (basta ir à vizinha Inglaterra…), que a neutralidade será respeitada (espero que não acabem um dia no Afeganistão!) e, se calhar, um reforço de fundos comunitários - enfim, uns premiozinhos, como o "Gordo" dá.
A União Europeia espera agora apenas que a República Checa e a Polónia se deixem de parvoíces e aprovem também o Tratado, para que tudo corra pelo melhor, segundo o ponto de vista de Bruxelas.
Teremos então todos ficado a ganhar, indo para a coluna das "perdas" apenas una coisa: a decência (deixei de ter medo de usar esta palavra, pois recentemente obtive um bom apoio…). Pessoalmente, tenho dúvida de que a democracia plena seja isto - pedir a quem não votou na resposta "certa" que volte a votar até acertar. Mas…
Em quase todos os países da UE, foram os políticos que responderam em nome dos seus concidadãos - sem perder tempo com essas maçadas de referendos. Houve até estados (Vocês sabem do que estou a falar, como costumava dizer o Octávio Machado…) em que se prometeu que se faria o referendo - mas depois não se fez. E quase prefiro o que sucedeu nesses países, onde pelo menos restou o direito de chamar mentirosos aos políticos, à indecência que se fez na Irlanda. Onde um gigantesco "Gordo", mais conhecido pelas iniciais UE, lhe segredou aos ouvidos "Não quer pensar melhor?".
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Sugestão do Pedro Frias, seguidor deste blogue.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Esta fotografia mostra o que se pode aproveitar em Maitê Proença!...




Maitê Proença estudando a História de Portugal, para tentar compreender o que é o gótico manuelino, assim como o seu significado histórico no contexto da exaltação dos descobrimentos marítimos portugueses, no século XVI.
A conhecidíssima artista também já corrigiu a errada ideia de pensar que Portugal estaria situado no norte de África, ideia esta concebida quando, em Sintra, lhe mostraram o Castelo dos Mouros.