Governo de Alexis Tsipras deverá deixar cair
aumento faseado do salário mínimo e perdão parcial da dívida. Segundo uma fonte
à Reuters, a Grécia vai ficar sem dinheiro se não receber fundos adicionais até
ao final de Março.
Em menos de 24 horas, a postura do executivo de
Alexis Tsipras perante os credores e os parceiros da União Europeia e do euro
mudou de forma drástica. Fontes de Bruxelas e do executivo de Tsipras avançavam
sob anonimato à Reuters que o governo helénico ia ceder em alguns pontos e pedir
uma extensão de quatro meses do empréstimo sem, contudo, manter as reformas
previstas no pacote inicial de resgate do Banco Central Europeu, Comissão e
Fundo Monetário Internacional.
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Se Portugal e a Grécia tivessem recusado, no
início da crise, as condições impostas pelas instituições europeias e pelo FMI,
e tivessem exigido, brandindo a ameaça da saída unilateral do euro, um programa
sustentável que se baseasse, não na austeridade, mas no apoio financeiro a
projetos de desenvolvimento nos dois países, a senhora Merkel, e tal como
escrevi na altura, até se "mijava toda pelas pernas abaixo". Há três
ou quatro anos, a saída do euro de Portugal e da Grécia, isoladamente ou em
conjunto, significava o fim da moeda única, pois os bancos alemães ficariam a
descoberto, devido aos produtos tóxicos acumulados durante a década anterior, e
respeitantes aos Títulos da Dívida Pública dos dois países, o que obrigaria ou
à sua recapitalização, pelo governo alemão, e ao consequente aumento de impostas,
ou à sua insolvência. Com a institucionalização da troika e a posterior aceitação das condições exigidas pelas
instâncias europeias, o governo alemão conseguiu pôr os gregos e os portugueses,
através de uma dura austeridade, a salvar os seus bancos e a reforçar a posição
da Alemanha na liderança da Europa. Esta capitulação só foi possível com a
cumplicidade ativa dos partidos que, nos dois países, têm assegurado, em regime
de alternância, a governação. A essa capitulação, eu já chamei traição.
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