À primeira vista, lendo as notícias sobre o
acordo a que chegaram os ministros das Finanças do Eurogrupo, em relação à
Grécia, fica a amarga sensação que o governo grego sofreu uma derrota. Mas não
é bem assim. Apertado pelas necessidades de financiamento a curto-prazo, o que
retirava espaço de manobra ao ministro das Finanças grego, a Grécia conseguiu
obter o prolongamento, por mais quatro meses, do atual programa da troika, que terminaria em finais deste
mês, período durante o qual nenhuma imposição austeritária poderá ser feita
pelo Eurogrupo, ao mesmo tempo que o governo de Atenas renuncia a tomar medidas
que aumentem a despesa do Estado. Isto quer dizer que o povo grego não vai,
para já, beneficiar da prometida redução da austeridade, através, entre outras
medidas, do aumento do salário mínimo, mas, em contrapartida, essa austeridade
não irá agravar-se, o que inevitavelmente aconteceria se um governo de direita
continuasse no poder. E isto, porque, para a Grécia cumprir o objetivo,
estabelecido com a troika, de atingir
um saldo primário orçamental de mais três por cento, este ano, e mais quatro por cento em 2016,
seria necessário decretar mais austeridade, quase da mesma amplitude do que
aquela que já foi imposta.
Por outro lado, o governo de Atenas espera
ganhar tempo, para que, daqui a quatro meses, reúna condições mais favoráveis
para obter mais cedências da Europa.
Por sua vez, os governos mais fundamentalistas,
com o governo alemão à cabeça, seguido caninamente pelos governos de Portugal e
Espanha, esperam a desmobilização dos apoiantes gregos e europeus, em relação
ao seu apoio ao Syrisa, para depois meterem a Grécia num colete de forças e
impor mais austeridade no futuro.
Por isto tudo, pode-se dizer que a Grécia não
perdeu a guerra. Ela apenas perdeu uma batalha.
Sem comentários:
Enviar um comentário