Tsipras diz que acordo com o Eurogrupo “deixa para trás a austeridade"
“Ganhámos uma batalha mas não a guerra. As dificuldades reais estão à nossa frente”, afirmou o primeiro-ministro grego numa declaração televisiva em que prometeu que os despedimentos e os cortes não vão voltar.
“Ganhámos uma batalha mas não a guerra. As dificuldades reais estão à nossa frente”, afirmou o primeiro-ministro grego numa declaração televisiva em que prometeu que os despedimentos e os cortes não vão voltar.
***«»***
Deixem-me manifestar uma ponta de vaidade. Ontem,
por volta da meia-noite, e muitas horas antes de Alexis Tsipras prestar as
primeiras declarações sobre o "promissor" entendimento entre o Eurogrupo
e o governo grego, eu escrevi aqui e na minha página do Facebook uma análise sucinta
àquele entendimento, subordinada ao título " A Grécia não perdeu a guerra.
Perdeu apenas uma batalha", metáfora que o primeiro-ministro grego também
veio a utilizar, para demonstrar que a Grécia conseguiu marcar pontos na sua
trajetória para estancar o ciclo evolutivo da espiral austeritária. Esta
coincidência, a nível da formulação verbal, deu-me a certeza de que a minha
avaliação do resultado da reunião do Eurogrupo com o ministro das Finanças
grego estava correta.
E está correta. Se o governo grego mostrou
flexibilidade negocial, ao retirar algumas das exigências iniciais, também o
Eurogrupo, até ali arrogante e intransigente, teve de ceder. E cedeu
precisamente no aspeto mais importante exigido aos países intervencionados
pelas três instituições da troika: o
equilíbrio orçamental, que é objetivo central que inspira todas as medidas de
austeridade assumidas pelos governos intervencionadas, mesmo aquelas que
parecem desligadas da prossecução daquele objetivo, como foi o caso, entre nós,
da realização dos exames aos professores, para poderem dar aulas e, mais
recentemente, os acordos com algumas autarquias, para as quais vão ser
transferidas algumas competências do poder central, nas áreas da Saúde e da
Educação. Estas duas medidas têm marcadamente fins financeiros, embora dissimulados e encobertos, pois destinam-se a aliviar a despesa do Estado. A primeira tem efeitos imediatos, através da redução de efetivos, na área da docência das escolas. E a segunda tem efeitos dilatórios, pois no futuro os governos vão progressivamente reduzindo, sem alarme social, as verbas orçamentais a transferir para os municípios.
Quando eu, ontem, dizia, que o governo grego
conseguiu anular as medidas de austeridade futuras, que já estavam programadas
pelo governo anterior, é porque o Eurogrupo deixou cair a cláusula imposta à
Grécia, pela troika, de alcançar um saldo primário orçamental de três por cento, no corrente
ano.
Agora, apenas falta que, na segunda feira, os
representantes das três instituições da troika
concordem com o plano de reformas, a apresentar pelo governo grego, para
garantir que o balanço financeiro da Grécia não comprometa a sustentabilidade
de situações já adquiridas anteriormente (e foi deste lado da questão que o
governo grego perdeu a batalha). No entanto, a guerra não está perdida.
AC
Sem comentários:
Enviar um comentário