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sábado, 21 de fevereiro de 2015

Notas do meu rodapé: A Grécia não perdeu a guerra. Perdeu apenas uma batalha (2)


Tsipras diz que acordo com o Eurogrupo “deixa para trás a austeridade"
“Ganhámos uma batalha mas não a guerra. As dificuldades reais estão à nossa frente”, afirmou o primeiro-ministro grego numa declaração televisiva em que prometeu que os despedimentos e os cortes não vão voltar.

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Deixem-me manifestar uma ponta de vaidade. Ontem, por volta da meia-noite, e muitas horas antes de Alexis Tsipras prestar as primeiras declarações sobre o "promissor" entendimento entre o Eurogrupo e o governo grego, eu escrevi aqui e na minha página do Facebook uma análise sucinta àquele entendimento, subordinada ao título " A Grécia não perdeu a guerra. Perdeu apenas uma batalha", metáfora que o primeiro-ministro grego também veio a utilizar, para demonstrar que a Grécia conseguiu marcar pontos na sua trajetória para estancar o ciclo evolutivo da espiral austeritária. Esta coincidência, a nível da formulação verbal, deu-me a certeza de que a minha avaliação do resultado da reunião do Eurogrupo com o ministro das Finanças grego estava correta.
E está correta. Se o governo grego mostrou flexibilidade negocial, ao retirar algumas das exigências iniciais, também o Eurogrupo, até ali arrogante e intransigente, teve de ceder. E cedeu precisamente no aspeto mais importante exigido aos países intervencionados pelas três instituições da troika: o equilíbrio orçamental, que é objetivo central que inspira todas as medidas de austeridade assumidas pelos governos intervencionadas, mesmo aquelas que parecem desligadas da prossecução daquele objetivo, como foi o caso, entre nós, da realização dos exames aos professores, para poderem dar aulas e, mais recentemente, os acordos com algumas autarquias, para as quais vão ser transferidas algumas competências do poder central, nas áreas da Saúde e da Educação. Estas duas medidas têm marcadamente fins financeiros, embora dissimulados e encobertos, pois destinam-se a aliviar a despesa do Estado. A primeira tem efeitos imediatos, através da redução de efetivos, na área da docência das escolas. E a segunda tem efeitos dilatórios, pois no futuro os governos vão progressivamente reduzindo, sem alarme social, as verbas orçamentais a transferir para os municípios.
Quando eu, ontem, dizia, que o governo grego conseguiu anular as medidas de austeridade futuras, que já estavam programadas pelo governo anterior, é porque o Eurogrupo deixou cair a cláusula imposta à Grécia, pela troika, de alcançar um saldo primário orçamental de três por cento, no corrente ano.
Agora, apenas falta que, na segunda feira, os representantes das três instituições da troika concordem com o plano de reformas, a apresentar pelo governo grego, para garantir que o balanço financeiro da Grécia não comprometa a sustentabilidade de situações já adquiridas anteriormente (e foi deste lado da questão que o governo grego perdeu a batalha). No entanto, a guerra não está perdida.
AC

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