Jean-Claude Juncker |
O Presidente da Comissão Europeia fez esta
quarta-feira um ‘mea culpa’ por causa das políticas de austeridade seguidas em
países como Grécia, Portugal ou Irlanda. O sucessor de Durão Barroso disse
ainda que é preciso retirar "as lições da história e não repetir os mesmos
erros".
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Ao nível das instituições europeias, alguém
começou recuperar o bom senso, ao reconhecer o "vandalismo
financeiro" que varreu os povos do sul da Europa, espalhando a fome, a
miséria e provocando uma enorme angústia às pessoas. Mas não basta,
apenas, reconhecer os erros praticados, que, parece, não resolvem o problema
central do endividamento de Portugal e da Grécia, induzido pelos grandes
financeiros dos países ricos.
É necessário parar! É necessário, rapidamente,
corrigir a rota, inicialmente traçada. A Comissão Europeia não pode
comportar-se como se tratasse de um conselho de administração de um grande
banco, nem o Conselho Europeu pode assemelhar-se a uma assembleia geral de
acionistas, valorizando apenas os números, as estatísticas e o dinheiro. Como
instituições políticas que são, devem enquadrar as suas decisões e as suas
ações, olhando para os interesses das pessoas. É imperdoável que, na Europa,
centro civilizacional avançado, e em pleno século XXI, sejam decretadas medidas
que retirem direitos adquiridos aos cidadãos e conduzam a situações
desesperantes de miséria. As situações de carências alimentares e a falta de
cuidados de saúde já afetam milhões de pessoas, nos dois países. É uma
autêntica barbárie! Por isso, não basta o reconhecimento da gravidade da
situação e o arrependimento pelos erros colossais cometidos. É preciso emendar
a mão e decretar o fim da austeridade. É necessário renegociar e reestruturar a
dívida, para que ela seja sustentável. E, acima de tudo, é necessário recorrer
ao método Keynesiano de ser o Estado a liderar o investimento e a economia e
não o capital financeiro, que apenas está interessado em promover uma economia
apoiada na dívida e na especulação. A Grande Crise dos EUA de 1929/1932 foi
resolvida, optando-se por aplicar a doutrina de Keynes. O Estado assumiu a
iniciativa do desenvolvimento, através do investimento público, o que gerou
rapidamente emprego para os milhões de desempregados existentes. Aplicar
medidas de austeridade a quem já estava a sofrer a austeridade desencadeada
pela crise, seria uma catástrofe social.
Se nada não for feito na Europa, que não absorva
o desemprego estrutural e promova o desenvolvimento económico, de nada valerá
chorar lágrimas de crocodilo. Lágrimas, já bastam as nossas!...
AC.
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