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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Notas do meu rodapé: Uma vitória de Pirro?


Para já, neste primeiro round  desta guerra financeira da dívida, entre a Grécia e  Europa, Alexis Tsipras arquivou uma meia vitória e uma meia derrota. Meia vitória, porque conseguiu impor a sua intenção de não negociar diretamente com os representantes da troika, mas sim com os representantes políticos das instituições europeias e com os governantes dos países com maior peso na UE. Meia derrota, porque abdicou da proposta da Grécia poder vir a obter o perdão de metade da dívida, de cerca de 200 mil milhões, aos países europeus, e que faziam parte do bolo das várias tranches da troika, propondo, em alternativa, um criativo modelo para alterar indiretamente as atuais maturidades, assim como os juros e as amortizações, cujos valores ficariam indexados ao crescimento nominal da economia grega, modelo este que foi utilizado, em 1953, em relação à dívida da Alemanha.
Agora, resta saber se os dirigentes europeus irão aceitar este modelo, e, se o aceitarem, quais as condições que irão impor, para salvaguardarem os interesses do sistema.
Politicamente, a Europa já esvaziou a  força a do primeiro impulso de Tsipras e do seu ministro da Finanças, um economista prestigiado, e vai tentar tudo por tudo para que, qualquer que seja a modalidade a acordar, ela não altere muito o que atualmente está em vigor. Mas, Alexis Tsipras não pode chegar a Atenas de mãos a abanar. Ele tem de levar um acordo credível e que tenha reflexos positivos na vida dos gregos. Tem de ser um acordo que seja percecionado pela opinião pública grega como um meio seguro para acabar com a austeridade, ou, pelo menos, para aliviá-la substancialmente. Se não for assim, Alexis Tsipras pode arrumar as botas, pois o seu aliado da extrema-direita, no governo, que é um feroz anti-troika e anti-austeridade, depressa lhe faz a cama, denunciando a coligação, fazendo automaticamente cair o governo e provocando novas eleições, que irão ter um novo partido vencedor, o partido da abstenção, tal será o sentimento de frustração e de desilusão dos gregos. E neste caso, perdemos todos. Perdem todos aqueles que, na Europa e, principalmente, em Espanha e em Portugal, andam a lutar contra a austeridade.
Oxalá que não seja assim…

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