Para já, neste primeiro round desta guerra financeira
da dívida, entre a Grécia e Europa, Alexis
Tsipras arquivou uma meia vitória e uma meia derrota. Meia vitória, porque
conseguiu impor a sua intenção de não negociar diretamente com os
representantes da troika, mas sim com
os representantes políticos das instituições europeias e com os governantes dos
países com maior peso na UE. Meia derrota, porque abdicou da proposta da Grécia
poder vir a obter o perdão de metade da dívida, de cerca de 200 mil milhões,
aos países europeus, e que faziam parte do bolo das várias tranches da troika, propondo, em alternativa, um criativo
modelo para alterar indiretamente as atuais maturidades, assim como os juros e
as amortizações, cujos valores ficariam indexados ao crescimento nominal da
economia grega, modelo este que foi utilizado, em 1953, em relação à dívida da Alemanha.
Agora, resta saber se os dirigentes europeus
irão aceitar este modelo, e, se o aceitarem, quais as condições que irão impor,
para salvaguardarem os interesses do sistema.
Politicamente, a Europa já esvaziou a força a do primeiro impulso de Tsipras e do
seu ministro da Finanças, um economista prestigiado, e vai tentar tudo por tudo
para que, qualquer que seja a modalidade a acordar, ela não altere muito o que
atualmente está em vigor. Mas, Alexis Tsipras não pode chegar a Atenas de mãos a
abanar. Ele tem de levar um acordo credível e que tenha reflexos positivos na
vida dos gregos. Tem de ser um acordo que seja percecionado pela opinião
pública grega como um meio seguro para acabar com a austeridade, ou, pelo
menos, para aliviá-la substancialmente. Se não for assim, Alexis Tsipras pode
arrumar as botas, pois o seu aliado da extrema-direita, no governo, que é um
feroz anti-troika e anti-austeridade,
depressa lhe faz a cama, denunciando a coligação, fazendo automaticamente cair
o governo e provocando novas eleições, que irão ter um novo partido vencedor,
o partido da abstenção, tal será o sentimento de frustração e de desilusão dos
gregos. E neste caso, perdemos todos. Perdem todos aqueles que, na Europa e,
principalmente, em Espanha e em Portugal, andam a lutar contra a austeridade.
Oxalá que não seja assim…
Sem comentários:
Enviar um comentário