A comissão eleitoral do PS
O debate do Programa de Governo mostra o que, no fundamental, pretende Sócrates. Perpassou por todos, os que do Governo e da sua bancada parlamentar intervieram na discussão, a vontade de apontar desde já o dedo às oposições por tudo o que o Governo não fizer. A encenação montada a partir dos convites de casamento feitos aos líderes da oposição vai ser o pano de fundo da vitimização de Sócrates. Como se fosse possível casar as políticas do CDS com as do PCP, por mais que o Primeiro-Ministro seja adepto de relações poligâmicas…
A ameaça e a chantagem estão, assim, na agenda política do novo Governo, serão a sua imagem de marca. "Deixem-me governar", vai ser o mote de Sócrates, em estertor mimético de Cavaco Silva dos anos oitenta.
Se o Governo não governar, se não der respostas aos problemas do País, se não executar o programa do PS para uma nova maioria absoluta, (e agora transformado, apesar da maioria relativa, em Programa de Governo), a culpa "terá de ser" das oposições que não quiseram coligações e não lhe dão paz e estabilidade política. Omite - e julga todos já esquecemos - que já teve toda a estabilidade e a maior maioria absoluta conseguida pelo PS. Teve essa estabilidade política mas o país atravessou um dos piores períodos de instabilidade social da sua história recente, dos funcionários públicos aos professores, dos magistrados aos funcionários judiciais e enfermeiros, dos agentes de segurança às movimentações de centenas de milhar de trabalhadores contra o Código de Trabalho, da precariedade abominável à falta de perspectivas para os mais jovens.
O descaramento com que Sócrates vai tentar responsabilizar terceiros das suas próprias incapacidades transforma o novo Governo numa espécie de comissão eleitoral para futuras eleições antecipadas.
Como alternativa, só resta ao PS cair nos braços do CDS. Como disse Luís Amado, contando com a vontade de Portas não arriscar os seus irrepetíveis vinte e um deputados…
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Sugestão de Pedro Frias, que se fez acompanhar do seguinte texto de apresentação:
Numa altura em que o Governo tenta tirar a pele de lobo e travestir-se de cordeiro, que mais tarde dirá que "esfolaram", é importante ir dizendo o que estes senhores andam a preparar nos meandros, relembrando, aqueles que se esquecem rapidamente, das malfeitorias que foram feitas por eles mesmo. Vale a pena ler o artigo que anexo de Honório Novo.
Pedro Frias
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