Avizinha-se inexoravelmente a catástrofe da fome. Mais de mil milhões de pessoas estão dependentes da ajuda alimentar, segundo afirmou Josette Sheeran, directora do Programa Alimentar Mundial, ao mesmo tempo que lançava um lancinante apelo, o que é inédito, para que os cidadãos dos países desenvolvidos contribuam com um euro por semana para colmatar a insuficiência dos meios financeiros, com que aquela instância da ONU se debate, uma vez que os países doadores, que se tinham comprometido a financiar o programa com 6700 milhões de dólares, apenas contribuiram com metade dessa importância, pressionados que estão pela contenção orçamental provocada pela crise mundial, crise esta que, por sua vez, aumentou o número de pessoas que não têm acesso a comida. Os dramas humanitários, que estão a ocorrer no Paquistão, devido ao terrorismo, a grande seca no Corno de África e as grandes cheias nas Filipinas, só por si, vão obrigar a um maior esforço financeiro da organização, que tem a seu cargo mais de uma dezena de situações de emergência para acudir.
Este é o outro lado da crise, provocada pela lógica do neo-liberalismo radical, que contaminou perversamente a maioria das economias, e que não resistiram à hecatombe especulativa do grande capital financeiro. O dinheiro já injectado nos bancos das economias mais desenvolvidas ultrapassa em muito o que seria necessário para fornecer uma refeição diária a cada um dos mil milhões de esfomeados do planeta.
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