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domingo, 1 de novembro de 2009

Os erros do tempo do cavaquismo estão a pagar-se caro!...



A iminência da total insustentabilidade financeira da Universidade de Évora, anunciada pelo seu reitor, reflecte o profundo erro cometido nos finais da década de oitenta, ao apostar-se numa centralização do desenvolvimento do país na Região de Lisboa e Vale do Tejo, em detrimento do desenvolvimento das regiões do interior, ao mesmo tempo que, posteriormente, não se soube, por incompetência ou por oportunismo político, promover uma articulação estratégica entre os vários planos sectoriais implementados.
A fundação de várias universidades no interior do país (Évora, Trás-os-Montes e Alto Douro, Beira Alta, Minho e Aveiro) remonta ao início da década de setenta, impulsionada por Veiga Simão, e o seu objectivo, além de proporcionar uma maior oferta de ensino superior, limitado até aí a Lisboa, Porto e Coimbra, consistia em constituír polos de desenvolvimento regional., quer através do aumento de população residente, quer tentando atrair mais investimentos, que, através da criação de mais empregos, estancasse a desertificação inevitável, causada pela imigração em massa da década anterior.
Os resultados, passados alguns anos, começaram a ser visíveis, demonstrando-se que esse seria o caminho certo.
A falta de uma visão estratégica esclarecida, quando Portugal começou a ser inundado pelo dinheiro da então Comunidade Económica Europeia, interrompeu a continuidade desse plano matricial, optando-se por canalizar os grandes investimentos para o litoral, principalmente para a Região de Lisboa e Vale do Tejo, e marginalizando o interior. Os efeitos desastrosos, ao nível da coesão territorial, só se fizeram sentir muito mais tarde. Enquanto as novas universidades, situadas no litoral, puderam prosseguir os dois objectivos a que se propuseram, as do interior começaram a ter dificuldades crescentes, principalmente a partir da aplicação da nova forma do financiamento do ensino superior, que o anterior governo de José Sócrates implementou para reduzir o esforço financeiro do Estado.
Com uma população estudantil em franco declínio e com uma economia local e regional em acelerada recessão, a Universidade de Évora, segundo o seu reitor, perdeu capacidades de resposta, pela diminuição do efeito de escala.
O exemplo negativo de Évora mostra bem como o planeamento, em Portugal, ainda se encontra numa fase incipiente, desprezando-se a sua racionalidade e utilidade, e que, na boca dos políticos, mais não é do que uma figura de retórica mal amanhada.


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