Os lideres da UE, ao escolherem o primeiro-ministro belga, Herman Van Rompuy, e a comissária britânica, Catherine Ashton, respectivamente, presidente do Conselho Europeu e Alto Representante para a Política Externa, mostraram mais uma vez que não querem levar a sério o Tratado de Lisboa, que criou aqueles cargos. Independentemente dos seus méritos pessoais, estas duas personalidades não têm a força política necessária, nem o carisma galvanizante, para serem vistos pela comunidade internacional como os verdadeiros representantes da Europa. Como ironicamente escreveu Teresa de Sousa, Obama nunca irá telefonar a Van Rompuy, nem a senhora Clinton, acrescentamos nós, irá dar-se ao trabalho de anotar o telefone da desconhecida baronesa Catherine Ashton, que não tem nenhuma experiência internacional, e que foi jogada para a mesa por Gordon Brown, primeiro-ministro britânico, como último recurso, perante o insucesso da candidatura de Blair para a presidência do conselho e da recusa de David Miliband, o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, em aceitar o cargo de Alto Representante para a Política Externa, que todos lhe queriam oferecer de bandeja.
Ao contrário de Sarkozy, que pretendia um presidente do Conselho Europeu com força política reconhecida e de visibilidade mediática garantida, o que o levou a apoiar sucessivamente as candidaturas de Blair, de Filipe González e do ex-primeiro-ministro italiano Massimo D’Alema, prevaleceu a vontade da chanceler Merkel, nada interessada em perder o protagonismo, associado à liderança do país com a maior economia europeia, e que pretende apenas um presidente, uma espécie de governanta, que organize a agenda das reuniões do Conselho Europeu.
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