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Nos Estados Unidos, a crise está a beneficiar escandalosamente aqueles que a provocaram, ao aproveitarem-se da desproporcionada ajuda do governo de Obama ao sistema financeiro, concedida sob o falacioso pretexto de ser a única alternativa para inverter o ciclo depressivo da economia. Em contrapartida, a classe média continua a sofrer o drama do desemprego e a perder poder de compra.
Nos três primeiros trimestres de 2009, dois dos principais bancos americanos já distribuíram em bónus um valor muito superior ao total distribuído em todo o ano de 2008, o que levou o Wall Street Journal a titular o gráfico, aqui publicado, com a sugestiva frase "Fabrico de mega milionários".
Entretanto, as vendas do comércio a retalho, ajustadas à inflação, reduziram-se para o valor de há dez anos e, o que é verdadeiramente paradigmático, os hotéis da 5ª Avenida, de Nova Iorque, registram uma quebra de 15 por cento na sua taxa de ocupação.
A situação da classe média é desesperada, assistindo-se diariamente, nas grandes cidades, ao aumento dos sem abrigo, ao mesmo tempo que cada vez mais pessoas recorrem aos programas assistenciais, a fim de garantirem minimamente a sua precária subsistência. A situação é de tal forma desesperante que, elementos da Guarda Nacional, entrevistados pela comunicação social, terão afirmado "preferir enfrentar os talibãs, no Afeganistão, do que enfrentar a economia dos Estados Unidos".
Esta flagrante disparidade, entre os poucos que obscenamente estão a enriquecer e os milhões de pessoas que estão a empobrecer, levou Paul Craig Roberts, o insuspeito ex-secretário assistente do Tesouro na administração Reagan, a afirmar que " O sistema político é insensível para com o povo norte-americano. O sistema é exclusivo de alguns poderosos grupos de interesses, que controlam as contribuições para campanhas [eleitorais]. Estes grupos de interesses têm exercido o seu poder no sentido de monopolizar a economia para benefício próprio. O povo norte-americano está condenado".
1 comentário:
A SIC passou recentemente um documentário muito preocupante sobre a evolução da economia americana. Coisas que já sabíamos, mas agora ditas de uma forma mais contundente, e não tenhamos duvidas, serão também por arrasto, más para o resto do Mundo.
O actual sistema de organização económica e financeira, parece não ter aprendido com o sobressalto, porque as medidas só preservam as perdas de quem normalmente mais ganha. Não tenho esperança que este sistema resolva alguma coisa, sem querer dizer com isto que o inverso o resolva. É URGENTE reinventar uma alternativa que reequilibre este Mundo, mas esse golpe de asa não está como diz a história sempre, ao alcance de um qualquer momento histórico. Aparece quando for o seu tempo. Resta saber o que teremos de passar até lá e como lá chegaremos.
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