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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Notas do meu rodapé: É necessário encontrar novas lideranças para Portugal

Alguns subscritores pertencem ao movimento
Geração à Rasca (Daniel Rocha)

Miguel Cardina: “O património cívico e simbólico do 25 de Abril está em erosão”
Preocupações do presente com uma referência do passado. Um grupo de 74 portugueses nascidos depois de 1974 assinou um Manifesto para que a revolução de Abril não seja esquecida.
É preciso “manter vivo o património cívico e simbólico do 25 de Abril que está em erosão”, justifica Miguel Cardina, historiador, e um dos subscritores do texto intitulado “O inevitável é inviável”.
Na lista (que não se quis compor de notáveis) constam nomes como o dos humoristas Ricardo Araújo Pereira, Jel, Marta Rebelo, ex-deputada do PS, mas também elementos do movimento Geração à Rasca e muitos anónimos – médicos, engenheiros e estudantes.
PÚBLICO
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Já aqui se escreveu que o actual regime estava moribundo. Morreu com a entrada no país do FMI, a coberto do apoio hipócrita da UE, e vai ser enterrado pelo PS e pelo PSD, sendo José Sócrates o coveiro e Passos Coelho o primeiro ajudante. 
Para aqueles que sublinham os benefícios das anteriores intervenções do FMI em Portugal, nos finais dos anos setenta e no início dos anos oitenta, é necessário dizer-lhes que o contexto internacional era diferente, pois a economia mundial crescia de uma forma acentuada e sustentada. Na actualidade, a volatilidade é a única certeza. A Europa está em crise, a sua moeda única ameaçada e, no horizonte, perfila-se uma outra crise mundial, que, desta vez, não poupará as economias emergentes. As causas que a irão desencadear são as mesmas que provocaram a crise iniciada em 2008. Nenhuma das medidas de fundo, acordadas tacitamente nas reuniões do G20, tiveram sequência prática. O grande capital financeiro não perdeu a sua intocabilidade, continuando, através da economia especulativa, a sua acção predadora sobre a economia produtiva. Os governos, com o argumento da imperiosa necessidade de garantir a estabilidade dos bancos, encarregaram-se de os subsidiar com o dinheiro dos contribuintes, aplicando aquele lema de lhes poder proporcionar a privatização dos lucros e a socialização (nacionalização) dos prejuízos. Países como Portugal, Grécia e Irlanda, sujeitos já à mão dura do FMI, não resistirão à hecatombe, se a nova crise mundial, entretanto, eclodir.
É na perspectiva deste cenário sombrio, que os direitos sociais dos portugueses, conquistados e garantidos depois do 25 de Abril, estão em perigo. Os sacrifícios impostos pelo governo socialista em 2010 foram completamente inúteis, já que o quadro orçamental e o quadro da dívida, em vez de melhorarem em relação a 2009, sofreram uma regressão, em resultado da contabilidade criativa do governo, que queria esconder os compromissos financeiros com o BPN e BPP e também com as Parcerias Público Privadas. Não tenhamos dúvidas. Para garantir a consolidação, até 2013, dos objectivos pretendidos pela UE, em relação ao défice orçamental e em relação à dívida pública, o FMI vai estrangular as políticas sociais no âmbito da Saúde, da Segurança Social e da Educação.
E com o edifício social desmantelado, já não se poderá falar do 25 de Abril. Falar-se-á antes do 24 de Abril. 
Compete à nova geração, a chamada Geração à Rasca, inverter, de uma forma radical, o curso dos acontecimentos, assim como a minha geração o fez antes do 25 de Abril, e que, agora, não regateará o seu apoio à mudança que se impõe. E é de política que eu estou a falar, da mesma política que os capitães de Abril também tiveram de falar, antes de o MFA desencadear o golpe revolucionário vitorioso. Ao movimento da Geração à Rasca exige-se algo mais do que a discussão da oportunidade de um referendo ou da exigência de legislação específica em relação à precariedade. Os barões dos partidos dominantes, já bem treinados por anos e anos de demagogia e de mentiras, adquiriram competências para conseguir inutilizar silenciosamente qualquer ideia generosa, que lhes chegue às mãos. Não é pois com o PS ou o PSD, ou os dois partidos juntos, que a mudança ocorrerá, já que os seus dirigentes são uma cópia grotesca da brigada do reumático marcelista.
É necessário encontrar novas lideranças para Portugal.
http://publico.pt/Política/miguel-cardina-o-patrimonio-civico-e-simbolico-do-25-de-abril-esta-em-erosao_1491159

1 comentário:

Unknown disse...

Concordo plenamente. è pena opniões destas nunca passarem na teve.... Porque será?!... Enfim...