O militante socialista Rómulo Machado quebrou hoje o discurso de unidade em torno do secretário-geral do partido, José Sócrates, acusando-o de levar Portugal à bancarrota, o que lhe valeu os primeiros assobios registados no XVII Congresso Nacional do PS.
PÚBLICO (10-04-2011)
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Não foi propriamente um congresso. Foi antes um longo comício, com um ritual litúrgico desenhado para divinizar o chefe, que já não dispensa o culto da personalidade. Uma massa acéfala de congressistas, recrutada entre os boys, que acumulam sinecuras nos gabinetes ministeriais e nas empresas públicas, e de caciques locais, que aproveitam o alheamento das bases para se auto-elegerem, foi amestrada para exibir uma unanimidade redutora e castrante. O militante que destoou, ousando fazer duras críticas ao governo de José Sócrates, foi apupado e vaiado, o que mostra o calibre daquela massa ululante de usurários da política.
Para ilustrar a unidade, vieram os exilados e os trânsfugas, uns e outros empenhados em prestar vassalagens e assumir fidelidades. A ginástica da oratória, com ou sem tele ponto, não conseguiu iludir a pobreza de ideias. Houve apenas uma preocupação: a de atirar para o PSD a inteira responsabilidade do estrondoso fracasso de seis anos de governo, que conduziu o país à ruína. E é impressionante como é possível, através da manipulação mediática, tentar-se escamotear o pesadelo de um passado desastroso, concentrando as atenções apenas no chumbo do PEC4 por todos os partidos da oposição, como se residisse aí a causa da difícil situação em que o país se encontra. A desfaçatez foi ao ponto de eleger o PEC4 como uma perfeita obra prima do governo de José Sócrates, que suplanta em mérito a campanha do computador Magalhães, de quem já ninguém fala. Falou-se do PEC4, com um despropositado espalhafato mediático, como se estivéssemos perante um milagroso programa de governo, apontado para o rápido desenvolvimento do país. E o PEC 4, foi, afinal, o ensaio geral para a entrada triunfante em Portugal do FMI e da União Europeia.
Acredito que este congresso, apoiado nas buriladas técnicas do marketing político para produzir os efeitos mediáticos da política/espectáculo, não traduziu os sentimentos actuais de militantes e simpatizantes do Partido Socialista, que já não se conformam com a descaracterização ideológica promovida por José Sócrates. O Partido Socialista precisa de mudar de rumo, se quiser sobreviver.
http://publico.pt/Política/militante-quebra-unidade-em-torno-do-lider_1489121
Acredito que este congresso, apoiado nas buriladas técnicas do marketing político para produzir os efeitos mediáticos da política/espectáculo, não traduziu os sentimentos actuais de militantes e simpatizantes do Partido Socialista, que já não se conformam com a descaracterização ideológica promovida por José Sócrates. O Partido Socialista precisa de mudar de rumo, se quiser sobreviver.
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