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sábado, 9 de abril de 2011

Meia centena de personalidades apelam a compromisso nacional

Um grupo de 47 personalidades, incluindo empresários, artistas, investigadores, arquitectos, advogados e ex-Presidentes da República, lançou hoje um apelo a um compromisso nacional para que o país saia da crise.
Entre os signatários do documento, estão os ex-presidentes Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio, empresários como Belmiro de Azevedo e Francisco Pinto Balsemão, cientistas como Manuel Sobrinho Simões, artistas como o pintor Júlio Pomar, e o bispo do Porto, D.Manuel Clemente.
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Não se pode falar em compromisso nacional, quando, ao fazer apenas referência aos principais partidos, se excluem deliberadamente entidades de reconhecido mérito, que não se revêem no ideário dos chamados partidos da área do poder. Seria mais correcto utilizar a designação de compromisso do bloco central.
Os partidos da esquerda, que desdenhosamente são catalogados como pertencendo à extrema esquerda, representam cerca de vinte por cento da população portuguesa, e possuem uma base de organização sindical muito poderosa, que não deixará de fazer tudo o que for possível para evitar a aplicação de medidas de austeridade, que, mais uma vez, vão recair sobre a classe média e sobre os trabalhadores.
Por outro lado, e ao tentar fazer um qualquer compromisso, ele tem de se basear numa frente alargada que obrigue o governo a jogar todos os trunfos com os dirigentes da União Europeia, no sentido de os obrigar a dilatar o prazo para a estabilização orçamental e a proceder à reestruturação da dívida. Os mais conceituados economistas mundiais, tais como os nobelizados Amartya Sen e  Joseph E. Stiglitz, são peremptórios em afirmar que os países apenas podem corrigir os desvios orçamentais e pagar as dívidas soberanas em período de crescimento económico. Assim aconteceu nos países europeus, depois do período da reconstrução no pós-guerra, quando a economia começou a subir, e, nos EUA, durante a recuperação económica nos dois mandatos de Bill Clinton.
Os dirigentes europeus têm um medo patológico do espectro de falência de um qualquer país da zona euro. Se Portugal entrasse em incumprimento, seria o total descalabro da moeda única, com os bancos credores da Alemanha, França e Espanha a falirem, ao mesmo tempo que desabaria o edifício da União Europeia, para a qual nem já a Turquia pretende entrar. E é esse fantasma que deve ser inteligentemente trabalhado junto dos maiorais da UE, que não se comovem nada com o inqualificável sofrimento que estão a infligir aos povos de Portugal, da Grécia e da Irlanda.
Não é com a vassalagem e a subserviência que se conquista a independência e a dignidade.

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