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domingo, 16 de maio de 2010

Notas do meu rodapé: Quem empresta tem sempre mais força do quem deve...



Trichet diz que Europa está a viver a pior crise desde a Segunda Guerra
O presidente do Banco Central Europeu (BCE) negou
ontem, numa entrevista à revista alemã Der Spiegel,
que o euro esteja a ser alvo de ataques especulativos
nos mercados financeiros.
Jean-Claude Trichet, que diz que a Europa está a viver
a sua pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, defende
medidas que assegurem que os Governo da eurolândia vão
manter as suas finanças públicas sob controlo.Para Trichet,
a responsabilidade pela agitação que conduziu o euro ao
mais baixo nível em ano e meio (1,2358 dólares) não pode
ser atribuída aos mercados onde se formam os câmbios.
Deve ser colocada nos governos que deixaram que os seus
défices crescessem em desvario. A crise actual “não tem
nada a ver com ataques especulativos. Tem a ver com as
finanças públicas e, portanto, com a estabilidade financeira
da zona euro. A responsabilidade dos europeus é tomar
medidas que contrariem as actuais tensões nos mercados”,
defendeu o homem que comanda a política monetária no
espaço da moeda única.
PÚBLICO
***
Num apontamento anterior, de 2 de Maio último (ver hiperligação), e num outro que já não consigo encontrar, desmomtei a forma capciosa como políticos e comentadores alinhados procuravam esconder as suas responsabilidades próprias, inventando um inimigo externo (os especuladore) para a actual crise da dívida pública, que era necessário combater. Ressalvando o facto de que todo o sistema financeiro se alimenta da especulação, através das bolsas, subindo e baixando as cotações para distorcer os preços dos valores mobiliários, não se pode esquecer, contudo, que os mercados, ou melhor, os seus operadores orientam-se por critérios de racionalidade económica, tal como as famílias, quando efectuam uma grande transacção, um automóvel ou uma casa, por exemplo. Nestes casos, a irracionalidade das decisões paga-se muito cara.
O problema da Europa, principalmente o problema dos países do sul, passa pela fragilidade económica, que começa a ser evidente, perante o domínio da economia dos Estados Unidos e a dos países emergentes. Se a economia europeia se apresentasse pujante, as receitas fiscais serviriam para cobrir a despesa dos estados, sempre a crescer, e o recurso à dívida externa seria reduzido, evitando assim uma grande exposição ao exterior.
Quem empresta dinheiro tem sempre mais força do que quem o deve. E é na relação desse binómio que tem de ser analisada a subida das taxas de juros das dívidas soberanas. Portugal, Grécia, Espanha e, brevemente, a Irlanda e a Itália encontram-se nas mãos dos seus credores. E não são os credores os culpados! A culpa pertence por inteiro aos políticos que irresponsavelmente pensaram que a União Europeia era uma vaca com muitas tetas. Tal como uma família, um país não pode gastar mais do que aquilo que produz, e o recurso ao endividamento só se justifica para investir em projectos que, inquestionavelmente, façam crescer a economia. Ora, o que está a acontecer naqueles países citados, é que já se está a pedir dinheiro para pagar dívidas anteriores, o que só se justifica em situações extremas e excepcionais.

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