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terça-feira, 11 de maio de 2010

Notas do meu rodapé: A principal contradição da moeda única


Economistas alemães consideram pacote europeu de ajuda insuficiente
Vários economistas alemães consideraram hoje
o programa de 750 mil milhões de Euros da União
Europeia “insuficiente” para debelar uma crise e
estabilizar a moeda única, se não houver consideráveis
medidas de poupança nos países mais deficitários.
PÚBLICO
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Uma moeda é um instrumento financeiro do poder do Estado, que reflecte uma certa realidade económica, e que não se compadece com visões românticas nem obedece a considerações de ordem moral. É hoje reconhecido, embora na altura da fundação da moeda única isto já fosse admitido por alguns, talvez os mais informados, que uma moeda não dispensa uma gestão centralizada da economia. E foi esse o pecado original do euro. Concebido num período expansionista, apenas se cuidou do seu controlo central para evitar surtos inflacionistas, principal função do Banco Central Europeu. Esqueceu-se a economia, confiando a sua planificação e execução a cada estado membro. Esqueceu-se também o princípio de que a moeda unifica um território, sobre o qual exerce a sua soberania. Ora o euro, que, nesta sua curta existência, vinha a demonstrar solidez, favorecendo o desenvolvimento, fragilizou-se e tropeçou perante a primeira grande dificuldade, porque a sua soberania obedecia aos impulsos de economias muito assimétricas, com diferentes estadios de desenvolvimento. Por exemplo, a valorização do euro, que se apresentava favorável a algumas economias dos estados membros, era desfavorável a outras. Se os estados mais desenvolvidos já promoviam o investimento altamente qualificado, havia outros que ainda se encontravam a construir as infra-estruturas de que careciam, como foi o caso de Portugal. Com políticas económicas justificadamente diferenciadas, a moeda única não podia corresponder, ao mesmo tempo, aos objectivos estratégicos de cada estado membro. À instituição do euro faltou um orçamento e um plano económico comum, que harmonizasse o desenvolvimento de todos os países aderentes, tal como acontece em cada país, que tem de harmonizar o desenvolvimento de todas as suas regiões, embora se se saiba que umas são mais favorecidas do que outras. Assim, como esta crise evidenciou, os problemas da dívida soberana e os desequilíbrios orçamentais de um ou mais países rapidamente se transformam num grave problema para todos os países do euro.

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