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domingo, 23 de maio de 2010

Caminho de Ferro do Douro (4)

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Conheci a Valeira numa excursão familiar, quando tinha os
meus seis anos. A aldeia duriense onde nasci ficava perto,
embora o acesso fosse difícil. Lembro-me de ter atravessado
o túnel do caminho de ferro à luz de archotes. Nunca mais
esqueci o meu deslumbramento perante aquela paisagem
imponente, de enormes pedregulhos a desafiarem a gravidade
na vertigem das alturas, onde a águia real dominava o céu,
no seu voo circular e silencioso.
Neste blogue, publicarei hoje o poema alusivo ao cachão
da Valeira, que traduz a impressão desse deslumbramento.
É um lugar mítico do rio Douro. Um enorme rochedo no meio
do rio impedia a navegação dos rabelos, tendo muitos deles
naufragado, despedaçados contra as rochas pela impetuosidade
das águas. Foi na Valeira que morreu afogado num naufrágio
o Barão de Forrester, quando acompanhava, numa viagem de
barco, a célebre D. Antónia, que se salvou milagrosamente,
devido ao efeito flutuante, que a saia em balão permitiu.
Com a construção da barragem, o lugar perdeu a sedutora
beleza selvagem que lhe conheci, embora as suas águas barrentas
tivessem sido amansadas e domesticadas.





FIM
Imagens enviadas pelo João Fráguas, seguidor deste blogue

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