António José Seguro marca terreno no Partido Socialista
A unidade em tempos de crise. Foi assim a Comissão
Política do PS em que José Sócrates ouviu críticas ao
plano de austeridade negociado com o PSD de Pedro
Passos Coelho e um potencial candidato à sucessão,
António José Seguro, dizer que está solidário, neste
"momento de crise", e que este não é ainda o
tempo de fazer avaliações de cinco anos de governo.
PÚBLICO
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Se não é agora, após uma governação desastrada de cinco anos, que o governo tem de prestar contas aos portugueses pelos desmandos cometidos em relação ao endividamento do país, quando será? Quando o país se afundar definitavamente?!
José Sócrates e Teixeira dos Santos têm de explicar aos portugueses a razão por que não travaram o endivadamento do Estado no exterior, transformando-o, como agora todos podemos verificar, numa presa fácil do capital financeiro internacional. Terá, por exemplo, de explicar esta coisa, que parece comezinha, mas que é importante, da razão por que desvalorizou as remunerações dos certificados de aforro, desencorajando a poupança nacional e reduzindo-a aos piores níveis de sempre. Esta importante fatia de empréstimos ao Estado, através dos certificados de aforro, por pequena que fosse, diminuiria parcialmente a dependência em relação ao exterior. É certo que a medida foi activada para que os portugueses transferissem aquelas poupanças para os bancos privados, que, por sua vez, o investiram nos casinos das bolsas, arrecadando os respectivos lucros.
Mas o pecado capital de José Sócrates e de Teixeira dos Santos, que, quanto a mim, já não têm qualquer credibilidade para ocuparem os seus cargos públicos, reside na irresponsabilidade do seu comportamento no ano de 2009, quando a crise mundial estava no auge. Insistentemente, estes dois políticos vinham a público dizer que a crise não atingiu Portugal, que a crise já tinha batido no fundo, que já se via a luz ao fim do túnel, e mais outros dislates, sustentados por uma argumentação falaciosa e demagógica. Em anos de eleições, o objectivo era assegurar a manutenção do poder, a todo o custo, mesmo que se tivesse de recorrer à trapaça e à mentira. Daí, o terem escondido os resultados catastróficos das finanças públicas do terceiro trimestre do último ano, o que vem acrescentar, à sua comum irresponsabilidade, a sua enorme desonestidade política. Se as medidas correctoras do défice tivessem sido assumidas nessa altura, talvez a situação, embora continuasse grave, não tivesse assumido estas proporções alarmantes. Talvez os mercados internacionais resolvessem prolongar no tempo as suas dúvidas e incertezas em relação ao estado das finanças públicas e da economia.
Por sua vez, José Sócrates gastou a maior parte do seu tempo útil a defender-se das graves acusações que sobre ele pendiam, e que o fragilizaram, o que lhe desviou a atenção dos complexos assuntos da governação. E os resultados estão à vista. Portugal vai perder tudo o que ganhou nestes últimos trita anos (as auto-estradas, essas ficam), e a breve trecho vai ser despedido da Europa, ficando desempregado e sem direito ao subsídio de desemprego, o que será uma tragédia.
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