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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Notas do meu rodapé: O euro chegou ao fim?

Alemanha reabre discussão sobre fundo de protecção do euro
A Alemanha lançou ontem a confusão entre os
países da zona euro ao reabrir a discussão sobre
o mega pacote de 750 mil milhões de euros
aprovado na semana passada para ajudar os
países em dificuldades financeiras e evitar a
propagação da crise da dívida grega ao resto da
eurolândia.
PÚBLICO
***
A Alemanha começa a dar sinais de impaciência sobre a pressão a que está a ser sujeita a moeda única, devido aos desequilíbrios orçamentais e às monumentais dívidas públicas dos países considerados "esbanjadores" e "indisciplinados". Por isso, não me custa nada a admitir que já esteja em marcha um secreto plano dos alemães para acabar com o euro ou, em alternativa, restringir a sua circulação nos países com economias e finanças públicas mais "saudáveis".
Primeiro, foi a relutância em aderir ao plano de ajuda à Grécia, que acabou por ser aprovado, embora com muito atraso, o que contribuiu para agravar mais a situação de instabilidade monetária. Depois, manifestou a mesma relutância em formar um fundo de garantia de 750 mil milhões de euros sobre futuros empréstimos que os países em dificuldades viessem a contrair. Agora, vem a exigência de pretender submeter à aprovação do parlamento alemão qualquer pedido de activação desse fundo, o que, traduzido à letra, significa a sua definitiva e continuada paralisação. A própria chanceler, Angela Merkel, declarou recentemente que a constituição do fundo apenas obedeceu à necessidade de "ganhar tempo" até que se encontrasse a solução de fundo. E a solução de fundo passa necessariamente pelas mudanças ao nível da refundação do euro ou da sua supressão, já que os dirigentes alemães consideram impossível que a Grécia, Espanha e Portugal consigam estabilizar as finanças públicas, utilizando uma moeda forte, que lhes dificulta os ganhos da competitividade nas exportações.
Vendo bem as coisas, o governo alemão tem a mesma opinião, em relação àqueles três países, da formulada pelas agências de rating e pelos bancos credores, que querem ter garantias de que as respectivas economias vão recuperar e gerar um aumento de receitas fiscais, o que vai ser difícil. O exemplo da Lituânia, que ainda não pertence ao clube do euro, é paradigmático e serve de referência para os mercados e para o governo alemão. Aquele país báltico adoptou um plano draconiano de austeridade para restaurar a competitividade externa através da descida dos salários, imposta por medidas fiscais, tal como está a acontecer em Portugal. Os resultados imediatos foram um fracasso, e o povo da Lituânia vai passar, durante muitos anos, por imensos sacrifícios. Os salários apenas caíram cinco por cento, em relação ao seu pico máximo, mas o desemprego passou de seis por cento para 22 por cento, transformando-se num pesado drama social.
É o que vai acontecer em Portugal!

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