De Maio a Novembro de 2009, o Governo foi
repetindo que a cobrança fiscal estava "em
linha com o previsto" quando a DGCI ia, mês
após mês, afirmando o contrário.
Ao longo de 2009, os dirigentes da Direcção-
Geral dos Impostos seguiram a cobrança fiscal.
Ao arrepio do discurso oficial traçado desde Maio
desse ano, que insistia estar a cobrança fiscal "em
linha com o previsto", a DGCI foi mensalmente
assinalando uma degradação assinalável e chegou
a estimar, a poucos dias das eleições legislativas de
Setembro, uma quebra de 12,2 por cento face a
2008, quando o Governo ainda afirmava esperar
uma queda de 9,1 por cento. Só em Novembro, o
Governo admitiu o falhanço da previsão. O défice
orçamental de 2009 acabaria por saltar para 9,3
por cento. O Ministério das Finanças não quis
comentar.
PÚBLICO
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Em ano eleitoral, e com o receio de ser penalizado, o governo, deliberadamente, escondeu dos portugueses a situação catastrófica das finanças públicas até ao final do 3º trimestre de 2009, a acusarem ao longo dos meses, segundo as informações da DGI, uma expressiva quebra das receitas fiscais, quebra esta que acabou por agravar o défice orçamental. Se, perante este quadro alarmante, o governo tivesse tomado as medidas imprescindíveis ao nível da redução da despesa, a situação não se teria degradado até ao nível da insustentabilidade actual, nem o alerta vermelho do perigo do incumprimento da dívida soberana teria soado estridentemente nos mercados financeiros. O governo grego adulterou as contas públicas para esconder o défice e o governo português ocultou-o com o mesmo propósito.
Portugal começa agora a pagar o oportunismo eleitoralista de José Sócrates, que, mesmo agora, perante o quadro negro em que se encontra a economia, não abandona a ideia obsessiva de tentar vender um país que não existe. E o grande drama é que não encontra comprador.
Julgo que ele vai ser o último português a acreditar (a mentira propalada reiteradamente acaba sempre por ser assumida como verdade) que a economia portuguesa "vai no bom caminho". Deus o ouça!
O que Deus já conseguiu, indesmentivelmente, foi fazer desaparecer a nota do director geral dos impostos, de Janeiro de 2009, onde, preto no branco, constava o seu aviso, dado ao governo, sobre a impossibilidade de poder-se cumprir, nesse ano, o objectivo das receitas fiscais. Aquela nota, altamente comprometedora, levou sumiço e ninguém a consegue encontrar.
Como é que alguém pode acreditar num governo que perde os papéis?!
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