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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Retrato de um país que se tem em melhor conta do que é

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Chamei-lhe SA e não Lda. As
empresa Lda. são empresas
mais pequenas. E este é um
país que se tem numa conta
maior do que aquilo que é.
São só cinco pessoas que ali
estão, mas é uma SA... tem
até um CEO. Não se sabe o
que a empresa produz nem
o que as caixas têm. E vou
tentar que nunca se saiba .
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“Chamei-lhe SA e não Lda. As empresa Lda. são empresas mais pequenas. E este é um país que se tem numa conta maior do que aquilo que é. São só cinco pessoas que ali estão, mas é uma SA... tem até um CEO. Não se sabe o que a empresa produz nem o que as caixas têm. E vou tentar que nunca se saiba”.
É a explicação de Luís Afonso, o autor do Cartoon diário do Negócios desde 2003. Em 2009, a SA ganhou vida digital e passou a habitar também o espaço da edição online.
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O quadro de pessoal
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“Há um presidente. Não lhe chamei 'chairman' porque já era demasiado rebuscado. Depois há a secretária, a D. Sílvia, e os dois operários: o Zeca e o Cajó. O Zeca é um bocadinho mais esperto do que o Cajó. Mas os dois são muito mais espertos do que o CEO. Digamos que há um empate técnico entre a D. Sílvia e o CEO, mas com alguma vantagem para ela. O CEO é um cabotino. O presidente será um pragmático desiludido. Não tem expectativas nenhumas. É um advogado do diabo. É muito redutor.
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”Os cenários“
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Há três cenários. Há o tapete rolante, onde estão os operários, um deles sempre com a manete. Passam o tempo com caixas de um lado para o outro. O Cajó empilha as caixas. Outro espaço é o gabinete do presidente, onde aparece o CEO com ideias malucas. E há uma mesa de reuniões onde aparecem todos. Inclusive aparecem, por vezes, o Cajó e o Zeca para alguma coisa mais importante. Tudo o que é actualidade, macroeconomia, grandes temas, são comentados pelos operários.”
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Sobre o Autor: Luís Afonso
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Sente-se no primeiro contacto: tem na vida o mesmo humor perspicaz e corrosivo que coloca na boca dos seus bonecos. Do Alentejo profundo, faz diariamente a leitura mordaz do país e do mundo. Foi "A Bola" que o tornou conhecido no País, quando em 1990 lançou o Barba e Cabelo. Seguiu-se em 1993 o Bartoon no "Público", o Negócios em 2003 e, mais tarde, tornou-se também colaborador regular da "Sábado".

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