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O Porky Pig, criação do animador Friz Freleng, pertence ao meu museu de antiguidades, àquelas descobertas das peças mais valiosas de arqueologia da minha infância. Por isso venero as suas imagens com muita emoção. As fantasias lúdicas daquelas sedutoras distorções do real, apenas proporcionadas pela flexibilidade inerente à narrativa da banda desenhada, enquadravam o universo mágico da minha imaginação, o que não impede, actualmente, o exercício de uma análise crítica aos fundamentos ideológicos e culturais, que as determinaram.
Os Estados Unidos, logo que conquistaram a liderança mundial, necessitaram de legitimar e de expandir os valores fundamentais e os paradigmas da sua filosofia política e da sua força económica e militar. O cinema e, particularmente, a banda desenhada, foram habilmente aproveitados para veicular o expansionismo do novo imperialismo, ridicularizando potenciais inimigos, estigmatizando todos aqueles, países ou indivíduos, que lhe poderiam fazer frente. Uma gigantesca máquina de propaganda e de alienação promoveu uma colonização cultural sem precedentes, glorificando o modelo político e social americano e justificando todas as guerras de pilhagem que se seguiram.
Mas o Porky Pig, que ganhou no nosso imaginário a dimensão do real, não tem culpa nenhuma.
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