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sábado, 12 de dezembro de 2009

Notas do meu rodapé: Os estudos que sustentaram a opção pelo TGV tiveram por referente macro-económico um cenário sem a crise económica...



O ministro das Obras Públicas, António
Mendonça, garantiu hoje que o investimento
no TGV funciona precisamente como
“resposta à crise”, para criar “condições
muito importantes” no desenvolvimento
económico do país e para a competitividade
das empresas.
Público

O Ministro da Economia, que é professor universitário, deveria fundamentar a sua afirmação e não ceder ao discurso populista do primeiro ministro. Não foi efectuado nenhum estudo de viabilidade económica depois de ter eclodido a crise internacional. O processo do concurso público da alta velocidade baseou-se em cenários, que na altura em que foram desenhados, não podiam prever o descarrilamento da economia, o aumento do défice orçamental do Estado e da dívida pública. Avançou-se politicamente para a opção de construir esta nova e importante infra-estrutura, admitindo-se a expansão contínua da economia nacional e internacional, o que não se verifica no momento.
A curto prazo, o rácio custo/benefício é desastroso, até porque, segundo ameaçam as agências internacionais de notação financeira, o custo do financiamento no exterior, necessário para a construção desta gigantesca obra, vai ficar mais caro e difícil. O único importante sector de actividade que, de imediato, irá beneficiar será o turismo, principalmente o da capital, e de que dependem muitos postos de trabalho. Para as outras actividades, enquanto a crise nacional se mantiver, e ela vai durar, não se vê grande vantagem económica.
Por outro lado, as vantagens da dinamização de todas as actividades a montante acabam por diluir-se quando as obras terminarem, repetindo-se assim a infernal oscilação dos indicadores económicos, ligados aos ciclos do betão e do cimento.
Para se preparar para o futuro e para se enquadrar nos novos paradigmas, a única alternativa viável, que se apresenta a Portugal, assenta na reforma profunda do sistema de ensino, a todos os níveis, e na reformulação da formação profissional contínua. E isto não está a ser feito.

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