Quem alimentou grandes expectativas sobre Barack Obama, quando foi eleito presidente, e quem ainda nele depositava alguma esperança, decorrido um ano no exercício do cargo, sobre a sua capacidade de inverter a agressiva posição imperialista dos Estados Unidos, deverá fazer sem preconceitos uma dupla reflexão. Em primeiro lugar, perceber que, no actual estadio do processo histórico, os governos das democracias ocidentais, Portugal incluído, não são mais que uma expressão da grande aristocracia financeira, estruturada em vários patamares, nos países ricos, e para quem a política não é mais do que uma extensão dos seus negócios, competindo aos governos, que controla, tudo fazer para facilitar a sua progressão ilimitada e tentar alienar e controlar, através de todos os meios, os anseios e os descontentamentos das classes médias, constituindo-as em almofadas sociais contra qualquer revolução. Em segundo lugar, perceber que a eleição de um presidente não deriva exclusivamento dos votos dos eleitores. O sistema, antes, através dos meandros da complexa organização do poder político, já fizera a escolha acertada, limitando-se a oferecer aos eleitores apenas duas opções, aparentemente diferentes na forma, mas substancialmente idênticas no conteúdo. Sejam democratas ou republicanos ou, no nosso caso doméstico, socialistas ou sociais-democratas, o poder económico e financeiro, de uma forma encapotada, garante o poder efectivo sobre a governação. Uns, de uma forma mais dura e cruel, os outros, de uma forma mais subtil, para que a contestação seja atenuada.
Era de prever que, em relação às alterações climáticas, Obama não pudesse fazer mais do que Bush, já que a aristocracia económica e financeira mais poderosa do mundo já decidira que terão de ser os outros países a ter de reduzir as emissões de carbono, para que os Estados Unidos possam continuar a poluir.
Esta terá de ser a conclusão mais óbvia a fazer do que se passou em Copenhaga. O resto, todas aquela expressões de boa vontade, a encenação dos avanços e dos recuos, não foram mais do que a exibição dos normais artifícios da diplomacia e do seu fingimento.
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