Plano Tecnológico
Há frases que vale pena reter
Há frases que vale pena reter, tal é a força carreada pela sua expressividade e clareza e pelo seu significado profundo. Esta, a que vou referir, pertence ao presidente da Junta de Freguesia de Castanheira do Vouga, uma freguesia perdida, do concelho de Águeda, encostada ao sopé da serra do Caramulo, e que se celebrizou recentemente, por ter sido ali que ocorreu o único boicote à realização da votação para o Parlamento Europeu, em protesto pela extrema dificuldade de acesso à banda larga da internet. Disse Vítor Silva, depois de denunciar as sucessivas declarações do primeiro-ministro, a garantir aos portugueses o acesso universal à banda larga: “Só para pagar impostos é que somos todos iguais”.
A Portugal Telecom não saiu bem na fotografia, pois foi acusada de se submeter apenas à lógica do lucro, já que o retorno do investimento a realizar, para ligar o sinal naquela zona, dificilmente estaria garantido pelos poucos utentes existentes, entre os 750 habitantes que ali residem, Só que, esses utentes são os jovens das escolas, a quem a distribuição do Magalhães pouco veio a acrescentar, no sentido de tirarem pleno partido da utilização da internet.
E Sócrates, hábil na sua manobra de fazer das fraquezas forças, exultou quando soube do motivo deste protesto, reconvertendo-o numa prova inquestionável do êxito e da aceitação do seu Plano Tecnológico. Chegou mesmo a afirmar que aquele boicote, pelos motivos invocados, teria sido a única boa notícia recebida na noite das eleições.
No dia seguinte, sabe-se lá por que razões, já a administração da PT estava a ligar ao presidente da junta, a quem até ali tinha olimpicamente desprezado e ignorado, a comprometer-se com a resolução do problema e o restabelecimento da plena normalidade, no prazo de 90 dias. Fazendo as contas, a banda larga vai chegar mesmo em cima das eleições legislativas. Sempre são, em tempos de vacas magras, mais uns 630 votinhos.
Para melhor garantir o sucesso, quer do Plano Tecnológico, quer do Magalhães, quer da captação daqueles votos, o próprio ministro das Obras Públicas, Mário Lino, telefonou, uma semana depois, ao presidente da junta, que nunca na sua vida se tinha sentido tão importante, a perguntar-lhe “se a PT já se tinha posto em campo” e, ao mesmo tempo, a lamentar o facto de o seu interlocutor não o ter contactado há mais tempo, para que aquela anomalia fosse rapidamente superada, recado este que nos leva a avisar todos os presidentes de junta, para que, imediatamente, comecem a telefonar ao ministro, a pedir a estrada, o fontanário, a escola, mais tudo aquilo que entendam necessário para o bem das suas populações, pois o ministro, pelo menos até Outubro, está disposto a dar tudo. É só aproveitar. No entanto, não deverão pedir mais empregos, pois o primeiro-ministro já prometeu tantos, que não sei se haverá portugueses que cheguem para os preencher.
Às caricaturas da PT, de Sócrates e de Mário Lino, as três anunciadas em título, juntemos-lhe uma outra, para o ramalhete ficar mais bonito. Segundo noticiou o PÚBLICO, nos 31 quilómetros quadrados, por onde se dispersa o território da freguesia de Castanheira do Vouga, “não há um metro de saneamento instalado”.
Há frases que vale pena reter
Há frases que vale pena reter, tal é a força carreada pela sua expressividade e clareza e pelo seu significado profundo. Esta, a que vou referir, pertence ao presidente da Junta de Freguesia de Castanheira do Vouga, uma freguesia perdida, do concelho de Águeda, encostada ao sopé da serra do Caramulo, e que se celebrizou recentemente, por ter sido ali que ocorreu o único boicote à realização da votação para o Parlamento Europeu, em protesto pela extrema dificuldade de acesso à banda larga da internet. Disse Vítor Silva, depois de denunciar as sucessivas declarações do primeiro-ministro, a garantir aos portugueses o acesso universal à banda larga: “Só para pagar impostos é que somos todos iguais”.
A Portugal Telecom não saiu bem na fotografia, pois foi acusada de se submeter apenas à lógica do lucro, já que o retorno do investimento a realizar, para ligar o sinal naquela zona, dificilmente estaria garantido pelos poucos utentes existentes, entre os 750 habitantes que ali residem, Só que, esses utentes são os jovens das escolas, a quem a distribuição do Magalhães pouco veio a acrescentar, no sentido de tirarem pleno partido da utilização da internet.
E Sócrates, hábil na sua manobra de fazer das fraquezas forças, exultou quando soube do motivo deste protesto, reconvertendo-o numa prova inquestionável do êxito e da aceitação do seu Plano Tecnológico. Chegou mesmo a afirmar que aquele boicote, pelos motivos invocados, teria sido a única boa notícia recebida na noite das eleições.
No dia seguinte, sabe-se lá por que razões, já a administração da PT estava a ligar ao presidente da junta, a quem até ali tinha olimpicamente desprezado e ignorado, a comprometer-se com a resolução do problema e o restabelecimento da plena normalidade, no prazo de 90 dias. Fazendo as contas, a banda larga vai chegar mesmo em cima das eleições legislativas. Sempre são, em tempos de vacas magras, mais uns 630 votinhos.
Para melhor garantir o sucesso, quer do Plano Tecnológico, quer do Magalhães, quer da captação daqueles votos, o próprio ministro das Obras Públicas, Mário Lino, telefonou, uma semana depois, ao presidente da junta, que nunca na sua vida se tinha sentido tão importante, a perguntar-lhe “se a PT já se tinha posto em campo” e, ao mesmo tempo, a lamentar o facto de o seu interlocutor não o ter contactado há mais tempo, para que aquela anomalia fosse rapidamente superada, recado este que nos leva a avisar todos os presidentes de junta, para que, imediatamente, comecem a telefonar ao ministro, a pedir a estrada, o fontanário, a escola, mais tudo aquilo que entendam necessário para o bem das suas populações, pois o ministro, pelo menos até Outubro, está disposto a dar tudo. É só aproveitar. No entanto, não deverão pedir mais empregos, pois o primeiro-ministro já prometeu tantos, que não sei se haverá portugueses que cheguem para os preencher.
Às caricaturas da PT, de Sócrates e de Mário Lino, as três anunciadas em título, juntemos-lhe uma outra, para o ramalhete ficar mais bonito. Segundo noticiou o PÚBLICO, nos 31 quilómetros quadrados, por onde se dispersa o território da freguesia de Castanheira do Vouga, “não há um metro de saneamento instalado”.
Vivó a internet!... Vivó Magalhães!… Vivó o Plano Tecnológico!... Vivó o PS!… Vivó o PSD!... (que é o partido a que pertence o presidente da Junta de Freguesia de Castanheira do Vouga)… Abaixo o saneamento básico…
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