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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Auto Europa: Um destino anunciado



No momento em que escrevo, deve estar a ter início a decisiva reunião entre a administração da Auto Europa e a respectiva comissão de trabalhadores. Em causa, a remota possibilidade de regressar à mesa de negociações, que a administração rejeita, preferindo antes propor um novo referendo, que inverta possivelmente o resultado do anterior. Ao contrário de muitos comentadores, que, abusivamente, tentaram culpar organizações partidárias e sindicais pela rejeição da proposta da administração, atribuindo-lhes responsabilidades que não poderiam ter, defendo que se deve respeitar a vontade dos trabalhadores. Eles não são estúpidos e sabem o que querem, até porque, intuitivamente, eles perceberam que, possivelmente, estava em curso um processo de chantagem, tendo por pano de fundo o encerramento da empresa. Se esse for o desígnio da administração, qualquer cedência deixaria as portas abertas para futuras chantagens, até que, chegando a uma situação insustentável, a empresa acabaria por encerrar, escudando-se no argumento de que os trabalhadores não aceitaram fazer os sacrifícios exigidos para facilitar a viabilização.
Por outro lado, a empresa, que eu saiba, não ofereceu nenhuma compensação diferida às reduções salariais propostas, o que seria razoável e justo.
No entanto, se a Auto Europa encerrar as portas, os prejuízos para a economia portuguesa são enormes, quer atendendo à sua importância nas exportações e na formação do PIB, quer nos reflexos negativos nas empresas que lhe prestam serviços, que serão obrigadas a despedir trabalhadores ou a encerrar. Neste quadro preocupante, e devido à importância da Auto Europa, é que seria importante o governo avançar com mecanismos compensatórios, e devidamente acautelados por garantias formais, que satisfizessem ambas as partes, evitando-se assim um desfecho desastroso para o país. O dinheiro que já indemnizou accionistas e clientes especiais da banca teria sido suficiente para salvar a Auto Europa.

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