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terça-feira, 2 de junho de 2009

Perversidade nos hospitais privados face aos doentes com cancro

Os seguros de saúde em Portugal têm crescido exponencialmente. As causas são várias. Uns optam por tal solução por pedantismo, numa atitude diletante, a marcar claramente o território exclusivo da sua condição social, tal como fazem com os cartões de crédito de prestígio, ou com o automóvel em que se passeiam. Repugna-lhes o suor do povo, a formar bichas nos balcões de atendimento dos hospitais públicos e dos centros de saúde. Outros, porque, por vezes, não obtêm a resposta atempada que desejam no acesso aos serviços de saúde públicos, onde são confrontados com as intermináveis listas de espera para as cirurgias e para a primeira consulta externa num hospital. Por último, as grandes empresas, principalmente as multinacionais, que resolveram, não inocentemente, no ponto de vista político, reassumir uma serôdia e falsa postura paternalista, pagando seguros de saúde aos seus funcionários.
Mais tarde ou mais cedo, todos estes utentes que recorrem à medicina privada, a coberto da titularidade de um seguro de saúde, acabam por ter experiências negativas e frustantes, quer as que resultam das insuficientes práticas médicas da maioria dos operadores de saúde privados, quer as que derivam das manobras enganadoras ou da interposição de cláusulas contratuais leoninas por parte das próprias companhias de seguros.
Esta notícia, do Diário Digital, tipifica bem o comportamento "perverso" de quem olha para a saúde como um negócio lucrativo.
AC


«Perversidade» nos hospitais privados face doentes com cancro
A alta comissária para a Saúde, Maria do Céu Machado, disse hoje à Lusa que alguns hospitais privados praticam uma «perversidade» que «não pode existir», referindo-se, nomeadamente, aos doentes com cancro.
«Alguma perversidade que se vê nos privados não pode existir», afirmou à Agência Lusa a alta comissária, sublinhando que, à semelhança do que acontece em outros países, a legislação portuguesa deveria obrigar os hospitais privados a concluirem o tratamento dos seus doentes, mesmo que o «plafond» do seguro termine.
«Os doentes que iniciam tratamento num privado devem aí concluir o tratamento e não serem encaminhados para um hospital público», salientou.
Maria do Céu Machado considerou ainda que a iniciativa privada é importante, mas deve complementar-se ao sector público.
À margem da Conferência Nacional de Gestão Hospitalar, que terminou hoje no Centro de Congressos do Estoril, a alta comissária para a Saúde considerou essencial a existência de uma articulação entre os hospitais, os cuidados primários e os cuidados continuados.
Além disso, Maria do Céu Machado frisou que “os hospitais devem ser transparentes”, no sentido de que o cidadão quer e tem direito a saber os resultados da unidade de saúde e do serviço onde está a ser tratado.
“Isto certamente iria gerar uma competição entre os hospitais, mas eu creio que seria uma competição saudável”, arescentou.
No âmbito das comemorações dos 30 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a alta comissária reconhece que “a saúde de hoje é muito melhor do que há uns anos” e que o SNS é “excelente”, mas considera que “ainda há outro tanto a melhorar”.
“Deve haver uma articulação para que os cuidados hospitalares funcionem a 100 por cento, deve haver um sistema de informação integrado e deve haver um processo clínico único”, enunciou.
Na cerimónia de hoje participou também o representante do Subcomité dos Assuntos Europeus da Associação Europeia dos Gestores Hospitalares, Mark Haster.
Diário Digital / Lusa - 29 Maio 2009

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