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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Portugal é um país corrupto...


Fotografia retirada do blogue "Comunicação,-basta"


Portugal é um país corrupto...

A economia subterrânea representa, em Portugal, cerca de vinte por cento do PIB, sendo, no entanto, muito imprecisa a quantificação da mão de obra que ocupa. Por tudo aquilo que se vai sabendo e por tudo aquilo de que se suspeita, a corrupção deverá atingir valores da mesma ordem de grandeza. Pode mesmo dizer-se que a corrupção - a pequena, a média e a grande - assenta numa matriz endémica da nossa sociedade, que o Estado não remove, não prevenindo nem combatendo esta ilicitude, antes propiciando-a, através da acção irresponsável dos sucessivos governos que, por complexas conivências e promiscuidades, nunca tiveram a clarividência de a considerar um travão ao desenvolvimento económico e social. Muitos investidores internacionais colocam o fenómeno ao mesmo nível do da celeridade e da eficácia da justiça, a fim de fundamentar as suas decisões.
O último relatório da organização Transparência Internacional, uma ONG, coloca Portugal numa situação pouco confortável, inserindo-o na última série de países, entre trinta e seis pertencentes à OCDE, que pouco ou nada fizeram para aplicar os compromissos assumidos em 1997, no sentido de combater este flagelo. Numa mera operação de cosmética, este governo criou o Conselho de Prevenção da Corrupção, mas que, intencionalmente, o reduziu a um mero apêndice burocrático, destinado a desempenhar o mesmo inútil e caricato papel que o Banco de Portugal tem desempenhado na supervisão do sistema bancário.
E o relatório desta ONG, referindo-se a Portugal, destaca o caso Freeport, com a acusação gravíssima ao sistema de justiça, por ter demorado três anos a responder às diligências pedidas pela polícia inglesa. Com esta denúncia, assim tão directa e frontal, à qual ainda junta a referência às alegadas pressões do presidente do Eurojuste, o magistrado português Lopes da Mota, sobre os magistrados titulares do respectivo processo de investigação, a organização Transparência Internacional ainda se arrisca a vir a ser incluída no lote das forças que conduzem orquestradamente uma "campanha negra" para "assassinar o carácter" do primeiro ministro, José Sócrates.
Esta avaliação apenas se subordina à corrupção internacional, deixando de fora aquela que se pratica internamente. Aí, a realidade ainda é mais negra e repugnante. A triangulação entre governos, partidos políticos e, principalmente, ao nível das autarquias, as grandes empresas de construção civil é aterradora. Não existe nenhuma actividade empresarial que não tenha organizado o respectivo lobie para corromper políticos, governantes e funcionários do Estado. Com o siglo bancário, promovido ao estatuto de vaca sagrada, e os offshores, eleitos à categoria de templos divinos intocáveis, é impossível obter uma visão da dimensão do fenómeno. Mas que ele existe em grande escala, não oferece quaisquer dúvidas.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1388557

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