O
Governo poderá anunciar brevemente uma medida alternativa para responder ao
chumbo do Tribunal Constitucional: é que está a ser estudado o pagamento dos
subsídios de férias dos funcionários públicos e dos pensionistas em títulos de
dívida pública em vez de dinheiro, avançou ontem The Wall Street Journal (WSJ)
online.
Na
comunicação que fez ao País, o primeiro-ministro não afastou esta hipótese.
Disse apenas que respeitará a decisão do TC. Ora, esta apenas invalida que se
suspendam os salários e as pensões, não proíbe que o pagamento seja feito em
títulos de dívida. Essa hipótese nunca se colocou.
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Pagar
o Subsídio de Férias aos funcionários públicos e aos pensionistas com Títulos
do Tesouro (Dívida Pública), para contornar, de uma forma manhosa, a decisão do
Tribunal Constitucional, é mais uma diatribe de Vítor Gaspar e de Passos Coelho,
que me parece totalmente ilegal.
Em
primeiro lugar, um contrato de dívida, seja ela qual for, tem de obter o acordo
de duas partes: a doo credor e a do devedor, excepto no caso de dívida por incumprimento,
que é sempre uma decisão unilateral por parte do devedor.
Em
segundo lugar, os contratos de trabalho e a prática comum elegeram o pagamento
em numerário, cheque ou transferência bancária, como forma única do pagamento
de salários e pensões, e que é universalmente aceite.
Por
último, se o governo invocar o argumento falacioso de que o acórdão não fazia
alusão expressa à proibição de o subsídio de férias ser pago em Títulos do
Tesouro, está a cometer um erro jurídico de forma, pois o primado da Lei começa
por expressar aquilo que deve ser feito e não aquilo que não deve ser feito. Se
vencesse a tortuosa interpretação jurídica do governo, então isso obrigaria a
uma descrição, tendencialmente infinita, de inúmeras formas de pagamento, que
poderiam ir desde a entrega de arroz, de automóveis, de bicicletas e até de
umas férias nas Caraíbas.
Este
exemplo demonstra bem o desnorte deste governo, que definitivamente é o governo
mais surrealista de todos os tempos. Acabar com ele o mais depressa possível é
uma exigência imperativa de higiene pública. É que o governo já enoja mais do
que as repelentes ratazanas dos esgotos.
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