Uma medida cega que
fecha o país e lança o caos, avisa reitor de Lisboa
O reitor da Universidade de Lisboa, António
Sampaio da Nóvoa, fez questão de assinar nesta terça-feira um comunicado em que
defende que o despacho do ministro das Finanças que sujeita à sua autorização
novas despesas das instituições públicas adopta a política do “quanto pior,
melhor”, é uma “medida cega e contrária aos interesses do país”, “um gesto
insensato e inaceitável” e vai lançar “a perturbação e o caos sem qualquer
resultado prático”.
No documento, divulgado na tarde de hoje e
intitulado Não é fechando o país que se resolvem os problemas do país, o
reitor não poupa nas críticas e avisa que o despacho de 8 de Abril assinado
pelo ministro das Finanças vai, na prática, bloquear o funcionamento das
instituições públicas: ministérios, autarquias, universidades, etc.
Especificamente para a universidade a que preside o congelamento das despesas
vai significar “enormes prejuízos no plano institucional, científico e
financeiro”, porque vai bloquear compromissos internacionais e que envolvem
projectos de investigação, sem que isso signifique qualquer poupança para o
Estado.
O que está em causa, diz, é a mais simples das
despesas, desde produtos para laboratórios a bens alimentares para as cantinas,
passando pela compra de papel.
“Quem, num quadro de grande contenção e
dificuldade, tem procurado assegurar o normal funcionamento das instituições,
sente-se enganado com esta medida cega e contrária aos interesses do país”,
argumenta António Sampaio da Nóvoa, que considera que o congelamento de
despesas decidido por Vítor Gaspar “é um gesto insensato e inaceitável, que não
resolve qualquer problema e que põe em causa, seriamente, o futuro de Portugal
e das suas instituições”. “O Governo utiliza o pior da autoridade para
interromper o Estado de direito e para instaurar um Estado de excepção. Levado
à letra, o despacho do ministro das Finanças bloqueia a mais simples das
despesas, seja ela qual for. Apenas três exemplos, entre milhares de outros.
Ficamos impedidos de comprar produtos correntes para os nossos laboratórios, de
adquirir bens alimentares para as nossas cantinas ou de comprar papel para os
diplomas dos nossos alunos. É assim que se resolvem os problemas de Portugal?”,
questiona indignado, lamentando — mais uma vez — a “medida intolerável, sem
norte e sem sentido”.
“Não há pior política do que a política do
pior”, remata o reitor da Universidade de Lisboa.
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A reação intempestiva de Gaspar cheira a
vingança, vingança essa, que também Passos Coelho não conseguiu dissimular na
sua declaração aos portugueses na sexta-feira negra deste governo. Habituados
ao poder absoluto, que a confortável maioria no parlamento lhes proporciona, e
beneficiando da cumplicidade de um Presidente da República, que é o chefe de
fila da matilha predadora, que quer devorar o país, Passos e Gaspar julgavam
que podiam torpedear tudo e todos, sem lhes aparecer pela frente quem lhes
travasse o ímpeto arrogante.
Passos e Gaspar vão colocar o país em estado de
sítio, criando o caos em todos os organismos de Estado, e procurando amedrontar
os portugueses com a visão dantesca do inferno, cuja fogueira eles mantiveram acesa,
desde que começaram a governar. O ministro Gaspar desceu à categoria de amanuense
de terceira classe, ao pretender controlar tudo o que se compra e tudo o que se
gasta, incluindo os clips e os rolos de papel higiénico, que agora serão
comprados nas lojas dos chineses, onde são mais baratos. Com raiva incontida,
querem diluir a dura humilhação, pela derrota infligida pelo Tribunal Constitucional,
e o seu clamoroso insucesso, ao nível das contas públicas (nunca acertaram em
nenhuma das suas previsões).
Enraivecidos, são dois animais políticos perigosos, que
andam à solta.
1 comentário:
UMA MEDIDA CERTA QUE NÃO AGRADA AS NÃOS LARGAS, HABITUADAS A ESBANJAR O DINHEIRO DOS OUTOS
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