O
magnata norte-americano George Soros analisou hoje a atual crise da dívida na
União Europeia (UE), onde, garante, alguns países “ficaram relegados ao estado
de países do terceiro mundo”, avançou o diário espanhol Expansión.
Soros
falou à margem do Fórum de Boao, um evento que decorre anualmente na ilha
chinesa de Hainan, onde referiu que antes do euro os países desenvolvidos nunca
corriam risco de falhar pagamentos, pois podiam sempre desvalorizar ou emitir
moeda, porém, com uma moeda única assumem um risco “típico de países do
terceiro mundo”.
***«»***
A
possibilidade de desvalorizar a moeda, para, numa situação de aperto financero,
procurar aumentar rapidamente a competitividade externa, tem sido o meu
argumento de base para propor uma saída negociada e pacífica da moeda única.
Foi também este o argumento de todos aqueles que se opuseram à entrada de
Portugal no clube do euro.
É
evidente que este recurso, que é sempre empobrecedor, não pode ser utilizado de
ânimo leve, nem deve servir para alimentar a preguiça da economia. A
desvalorização da moeda deve ser utilizada, quando todos os outros fatores
macro económicos se declararem insuficientes para aumentar a riqueza. Na
bancarrota de 1892/93, e mesmo um ano antes, foi a arma da desvalorização da
moeda que foi utilizada. E com êxito, já que passados três anos recuperou-se a
normalidade financeira.
George
Soros é um magnata, que fez a sua fortuna na especulação da bolsa (ia levando à
falência o Banco de Inglaterra, com uma das suas geniais jogadas), mas é também
um brilhante economista, formado na prestigiada London School of Economics.
Conhecedor profundo dos meios financeiros mundiais, a sua opinião deve ser
tomada com muita atenção. Não tenhamos dúvidas de que, com esta política de
austeridade, Portugal caminha irremediavelmente, e de uma forma irreversível,
para o empobrecimento coletivo, aprofundando dramaticamente as desigualdades
sociais. O Terceiro Mundo está a bater-nos à porta. E, a partir daqui, teremos
de dizer que só não entendem esta realidade os ignorantes, os ingénuos e os mal
intencionados.
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