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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Cântaro


"cântaro sobre a mesa"

El cántaro que tiene la suprema
realidad de la forma,
creado de la tierra
para que el ojo pueda
contemplar la frescura.
El cántaro que existe conteniendo,
hueco de contener se quebraria
inánime. Su forma
existe solo así,
sonora y respirada.
El hondo cántaro
de clara curvatura,
bella y servil:
el cántaro y el canto

Jose Angel Valente
***«»***
O cântaro é um utensílio ancestral da Humanidade, amplamente registado no espólio arqueológico do Período Neolítico e representou uma verdadeira revolução no transporte individual da água para o consumo familiar. A sua forma, adelgaçada nas extremidades e bojuda no centro, é aquela que permite, quando pousado na cabeça, manter um maior equilíbrio para uma maior quantidade de água transportada, ao mesmo tempo que liberta as mãos. Para o transporte da água, à mão, em utensílios cilíndricos ou paralelepipédicos, era exigido um maior esforço e reduzia-se, devido ao peso, a respetiva quantidade de água. Por outro lado, tornava-se difícil, durante a caminhada, equilibrar na cabeça estes utensílios cilíndricos e paralelepipédicos, cheios de água. 
O Homem, durante toda a sua evolução antropológica e histórica, procurou sempre, usando a sua racionalidade, cruzar a economia de meios com a eficiência. O cântaro é um bom exemplo desta asserção. E os ganhos de uma maior comodidade no seu transporte, sobre a cabeça, talvez tivessem levado a Mulher, a quem foi destinada esta tarefa, a cantar durante a caminhada. Daí, o poeta enaltecer a forma do cântaro, ao dizer " El cántaro que tiene la suprema realidad de la forma, creado de la tierra", e em o associar ao canto: "el cántaro y el canto".
É a minha explicação...

Adenda: Esqueci-me de referir que aquela forma do cântaro permite que, quando cheio, o seu centro de gravidade se desloque para a sua parte inferior, o que facilita o seu equilíbrio, quando transportado na cabeça.

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