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Nunca defendeu o euro. Foi contra a adesão de
Portugal à moeda única e, durante algum tempo, uma das raras vozes, senão a
única, que "falava contra". Apoiou, no entanto, a adesão à então
Comunidade Económica Europeia (em 1986). Mas, se a União fosse então a mesma
que é hoje, a minha posição teria sido diferente". Depois de o País ter
entrado na zona euro - e durante algum tempo - calou-se. Não falou contra.
Esteve em silêncio durante cerca de três anos. Porém, a actual situação
político-económica leva-o a escrever " Porque devemos sair do Euro - O
divórcio necessário para tirar Portugal da crise", livro que será lançado
no próximo dia 9.
No programa 'Ideias em Estante', em entrevista
que poderá ser vista no Etv e no blogue Livros&Ecolemomanias, Ferreira do
Amaral - que vê com enorme tristeza o país "reduzido à sua pior situação
desde há muitas décadas" - afirma que o país está bloqueado, não tem
futuro, as gerações mais novas não têm emprego. E, ou têm que sair do país, ou
ficam desempregadas."Há também a sensação de que o país deixou de ter
capacidade de crescimento económico" e tudo isso ao mesmo tempo que as
dívidas pública e externa se acumulam e atingem níveis muito elevados. "E,
sem crescimento económico e com dívidas grandes e sem emprego, é evidente que
toda a gente está inquieta quanto ao futuro".
O que fazer? "Sair do euro", mas de
forma organizada, defende o autor. No livro, o economista e professor recorre a
uma analogia para descrever a realidade: "O nosso casamento com a moeda
única, como todos os casamentos falhados, deve acabar". Defende ainda que
"a ideia de sair do euro impõe-se para que seja possível incentivar a
produção de bens transaccionáveis. Ou seja, de bens que são susceptíveis de
exportação ou de substituição de importações". Como explica, quando se
desvaloriza uma moeda, existe uma espécie de subsídio à produção da
agricultura, indústria, turismo estrangeiro, outros serviços. E o inverso
sucede quando temos uma moeda muito forte, esclarece Ferreira do Amaral,
afirmando que, nesses casos, as actividades são penalizadas e a tendência será
a da produção se virar para o mercado interno em sectores protegidos da
concorrência externa. E foi isso que aconteceu. O resultado? O país não
aguentou uma moeda forte. Sempre frontal, Ferreira do Amaral apresenta mais um
factor de perigo: caso continuemos com a moeda única,"temos um enorme
risco do euro se valorizar face ao dólar. E isso já aconteceu em 2008".
Para quem argumenta que a eventual saída do euro
seria um desastre via "aumento do peso da dívida", o autor afirma que
"esse é um grande erro de análise." A dívida será a mesma depois de
sairmos do euro, diz, acrescentando que o instrumento normal para problemas de
endividamento externo é a desvalorização cambial. Sobre o risco-país, garante
que esse "não aumenta, porque se for credor fico mais descansado por saber
que o país passa a ter uma moeda compatível com a sua estrutura
produtiva". Alerta, no entanto, para outro problema: a dívida em moeda
nacional. Mas aí "o Estado pode substituir os devedores junto da banca no
montante de aumento da dívida, que resulte da desvalorização cambial",
conclui.
"Sair do Euro não é só uma questão de
desvalorização cambial é também uma questão de emissão monetária".
Diário Económico
Ao nível económico, a grande contradição que está a ocorrer em Portugal é que a sua economia está a desvalorizar-se, enquanto a sua moeda mantém o mesmo valor, não podendo o governo português desvalorizá-la, já que, com a adesão à moeda única, cada país aderente cedeu ao BCE o poder monetário e o poder cambial, ficando apenas a deter o poder orçamental, que agora os países intervencionados também estão a perder para a troika. Por isso, é urgente que a moeda se desvalorize na mesma proporção, para que a economia ganhe competitividade externa, a fim de aumentar as exportações, e, a nível interno, aumentar a produção nacional, procurando-se assim substituir os produtos importados, que ficarão mais caros.
Esta é a única terapêutica segura, que livrará o país do atoleiro onde o meteram. Mas antes, é necessário Portugal sair do euro e recuperar a total soberania sobre a sua moeda. Apenas os ignorantes, os néscios e os ingénuos não percebem isto. No entanto, existem outros que entendem, mas não o afirmam: são os mal intencionados, que beneficiam com a crise e com o sistema actual.
Diário Económico
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Portugal vestiu um fato demasiado grande para o seu corpo. Anda a fazer a figura daquela criança que veste o casaco do pai.Ao nível económico, a grande contradição que está a ocorrer em Portugal é que a sua economia está a desvalorizar-se, enquanto a sua moeda mantém o mesmo valor, não podendo o governo português desvalorizá-la, já que, com a adesão à moeda única, cada país aderente cedeu ao BCE o poder monetário e o poder cambial, ficando apenas a deter o poder orçamental, que agora os países intervencionados também estão a perder para a troika. Por isso, é urgente que a moeda se desvalorize na mesma proporção, para que a economia ganhe competitividade externa, a fim de aumentar as exportações, e, a nível interno, aumentar a produção nacional, procurando-se assim substituir os produtos importados, que ficarão mais caros.
Esta é a única terapêutica segura, que livrará o país do atoleiro onde o meteram. Mas antes, é necessário Portugal sair do euro e recuperar a total soberania sobre a sua moeda. Apenas os ignorantes, os néscios e os ingénuos não percebem isto. No entanto, existem outros que entendem, mas não o afirmam: são os mal intencionados, que beneficiam com a crise e com o sistema actual.
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