sexta-feira, 26 de abril de 2013
Agradecimento
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Poema: O POEMA DA MELANCOLIA DOS ESPELHOS OU - por maria azenha
Óleo - Toby Wiggins
|
(primeiro
acto)
o
poeta
deve
entrar no infinito com múltiplos espelhos
caso
contrário o infinito é uma história triste
coxa
para o resto da vida
agora
estou
a olhar para a avenida
e
vejo este poema com adesivos
um
poema frouxo um poema
que
nunca foi escrito
na
tabuleta do infinito
fui
então despedida
paulatinamente
vou aparecendo
aqui
ou acolá dedico-me então
à
minha substituição permanente
sou
uma espécie de governo
ou
de mi(ni)stério da educação
com
muitos amigos por exemplo
(segundo
acto)
o
esteves da tabacaria
que
não é o esteves da tabacaria
não
me disse adeus mas eu
disse-lhe
que estava a escrever
o
poema do chapéu preto ou
o
poema da melancolia dos espelhos
etc
etc e tal etc etc
ad
infinitum
(terceiro
acto)
devo
certamente tornar-me polícia
estou
a pensar
desapareceu
de repente
a
minha caneta pela via-láctea dentro
abro
então a página cinco do livro do infinito
e
escrevo o poema que nunca foi escrito
o
poema da melancolia
dos
espelhos ou
o
poema deste país dona alice
que
é minha vizinha
maria azenha
in " Nossa Senhora
de Burka", 2002
Nota: A imprevisibilidade temática
e formal é uma característica que se vai descobrindo em cada novo poema de
Maria Azenha. Há uma transversalidade enriquecedora, neste domínio, ao ponto de
se poder afirmar que Maria Azenha, no estilo e no tema, não se copia a si
própria. Daí, eu já ter referido, em comentário anterior, a postura
desconcertante da sua poesia, que aborda sempre a realidade poética pelo lado do
absurdo mágico e fantástico, o que obriga o leitor a fixar-se com mais atenção
no poema. Este poema, “O POEMA DA MELANCOLIA DOS ESPELHOS OU”, é a prova disso,
até no seu título. O recurso à estrutura cénica de um texto teatral permite-lhe
a mudança rápida do tema, da forma e da estrutura do poema.
Os espelhos (e as imagens poéticas que eles
devolvem) são elementos recorrentes na poesia de Maria Azenha, e isto tem muito
a ver com a multiplicidade de heterónimos em que se desdobra a sua
personalidade poética.
AC
Maria
Azenha colabora neste blogue, publicando-se um poema seu, às quintas-feiras.
terça-feira, 23 de abril de 2013
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Opinião: O regabofe da Parcerias Público-Privadas - Paulo Morais
*
As
Parcerias Público-Privadas (PPR) constituíram-se num verdadeiro cancro para o
erário público português. Concebidas, à semelhança do que aconteceu noutros
países europeus, com a finalidade de captar investimentos vultuosos para a
construção de infra-estruturas, evitando assim a formação de mais dívida pública,
que não poderia ultrapassar a meta estabelecida pelo Tratado de Maastricht,
este novo modelo de financiamento, quer por algumas lacunas das leis, quer pela
forma desatenta e pouco escrupulosa como as diferentes parcerias foram
negociadas, veio sobrecarregar os sucessivos orçamentos de Estado, pelo lado da
despesa, através do pagamento anual das rendas aos concessionários, e que, agora, a austeridade está dolorosamente a pagar, e ainda com a agravante de vir a onerar no futuro, durante mais trinta
anos, as futuras gerações.
Tratou-se
de um negócio ruinoso para o Estado e uma mina de ouro para os privados, que
fizeram um investimento sem assumir riscos, já que as sobreavaliadas rendas anuais,
a pagar pelo Estado, estão garantidas por contrato.
E
foi à sombra das PPR , que meia dúzia de grandes grupos económicos portugueses,
através de nefastas influências políticas sobre os governos do PS e do PSD,
obtiveram lucros astronómicos à custa dos contribuintes. Por isso não admira
que dois ministros das Obras Públicas, um de cada um daqueles dois partidos,
tivessem transitado, mal cessaram funções, para a presidência dos conselhos de
administração das duas empresas que mais concessões de PPP ganharam em
concurso.
Este
é mais um mecanismo do processo
utilizado pelo capitalismo financeiro para proceder à transferência dos
rendimentos do trabalho para os rendimentos do capital.
Agradecimento
Agradeço
à crítica de arte, Tais Luso, a gentileza de se inscrever como amiga/seguidora do Alpendre
da Lua.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Anotação do Tempo: Oh, minha Pátria tão bela e perdida!...
Oh, minha Pátria tão
bela e perdida!...
Fiquei
suspenso, agarrado ao poema
à
espera que todos chegassem
para
a reunião magna sobre a salvação dos ídolos.
No
meio do vazio das ausências inexplicáveis
resolvi
sair para a rua para agarrar o sol
mas
a cidade tinha entrado em contraluz
e
senti-me agarrado pelos braços de ferro
de
sombras gigantescas de uma nebulosa negra…
a
cidade estava deserta…
Foi
o empregado do banco,
esbaforido
e a explodir em esgares de pânico,
que
me retirou do torpor da minha irrealidade,
quando
eu estava a colar
a
última convocatória numa parede suja de sangue
(nesse preciso momento eu cantava
o Nabuco de Verdi
Oh, minha Pátria tão bela e perdida!)
Disse-me
que tinha estado à minha espera
até
ao limite do tempo
para
saldar a última conta do último cliente
antes
de ter de abandonar a cidade…
Alexandre
de Castro
Anotação do Tempo: Oh, minha Pátria tão bela e perdida!...
Rodin - O pensador |
Fiquei
suspenso, agarrado ao poema
à
espera que todos chegassem
para
a reunião magna sobre a salvação dos ídolos.
No
meio do vazio das ausências inexplicáveis
resolvi
sair para a rua para agarrar o sol
mas
a cidade tinha entrado em contraluz
e
senti-me agarrado pelos braços de ferro
de
sombras gigantescas de uma nebulosa negra…
a
cidade estava deserta…
Foi
o empregado do banco,
esbaforido
e a explodir em esgares de pânico,
que
me retirou do torpor da minha irrealidade,
quando
eu estava a colar
a
última convocatória numa parede suja de sangue
(nesse preciso momento eu cantava
o Nabuco de Verdi
Oh, minha Pátria tão bela e perdida!)
Disse-me
que tinha estado à minha espera
até
ao limite do tempo
para
saldar a última conta do último cliente
antes
de abandonar a cidade…
Alexandre
de Castro
Opinião: José Saramago - Nobel do nosso contentamento - por Carlos Esperança
José
Saramago - Nobel do nosso contentamento
Com
o falecimento de José Saramago desapareceu o mais destacado escritor da língua
portuguesa.Com ele a língua ganhou um novo fôlego e a literatura um novo
patamar.
O
prémio Nobel não foi para Saramago o fim de uma tardia e profícua carreira, foi
uma fase na vida de um dos mais fecundos e inovadores escritores de todos os
tempos, que trabalhou com palavras e delas fez as mais belas frases e os mais
gloriosos livros.
De
Camões e Gil Vicente, passando por António Vieira e Aquilino, Saramago
destacou-se numa plêiade de escritores do século XX e mostrou que a liberdade
conquistada com o 25 de Abril trouxe consigo o espírito criativo e a
genialidade.A língua portuguesa deve-lhe a riqueza da sua imaginação e
sabedoria e os portugueses o orgulho de o terem como referência estética e
cultural, esquecidos já da mediocridade de um Governo de Cavaco, em que figuras
menores como Santana Lopes e Sousa Lara, vetaram uma das suas obras
emblemáticas – O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Com
Saramago foi um país Levantado do Chão que aprendeu história e fez a Viagem a
Portugal. O escritor a quem o Vaticano, irritado com o Nobel, chamou inveterado
ateu, foi um exemplo de devoção ao trabalho literário a que dedicou as suas
últimas forças.
José
Saramago ficará para a História como um dos mais notáveis escritores de todos
os tempos e como pensador que refletiu o mundo empenhadamente sem perder a
matriz do livre-pensador.
Portugal
e a literatura ficaram de luto. Ontem, em Bogotá, o País sentiu vergonha do PR
que o ignorou na inauguração da Feira do Livro onde Portugal foi convidado.
Carlos Esperança
Presidente da Direção da
Associação Ateísta Portuguesa
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Poema: In memoriam (a Miguel Portas) - por maria azenha
Maria Azenha - "In Memoriam" (a Miguel Portas)
*
In memoriam
Como
uma cega que lesse Braille
recordo
o teu sorriso com os olhos aguados
Subo
as escadas do vento
e
vou ter contigo às flores da claridade
Repousam
os lírios da europa
no
aquário dos teus olhos;
Há
todo um mar azul com tanta luz
e
tanto sol nos teus ombros de homem.
Só
quero ter esta esperança:
que
continuas com outros nomes
e
o olhar assombrado de criança.
maria azenha
2012-04-29
2012-04-29
Nota: Ignoremos por
instantes a beleza do entrelaçado das palavras escritas por Maria Azenha, em
justa e sincera homenagem, e a trama delicada e terna do retrato de corpo
inteiro do malogrado militante de esquerda, que foi Miguel Portas.
Detenhamos-nos, tal como a autora pretende, na nobreza deste político, que
argumentava com inteligência, sem nunca recorrer o estereótipo do histriónico espetáculo
discursivo circense. Morreu como sempre viveu, sempre olhando o mundo com “o
olhar assombrado de criança”.
Maria Azenha colabora neste blogue, publicando-se um poema seu, às quintas-feiras.
Maria Azenha colabora neste blogue, publicando-se um poema seu, às quintas-feiras.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Anotação do Tempo: E este é o mundo que nos pertence...
E este é o mundo que nos
pertence…
Ao Jorge,
o meu amigo/irmão
Mãos
cheias de nada
e
de vento
uma
lágrima de sangue de uma criança
brilhando
ao sol
ossos
da fome pendurados na esquina
da
esperança
olhares
aflitos a sufocar os gritos
contra
os muros da indiferença
mãos
que falam e se agitam
e
todo o mundo separado
pela
fronteira da cegueira
…
E
este é o mundo que nos pertence
e
que nos deixaram
e
que se perdeu na esfera do tempo
sem
qualquer mudança!...
Alexandre
de Castro
Lisboa,
Abril de 2013
terça-feira, 16 de abril de 2013
Música: Bolero de Ravel - Para as minhas amigas e amigos do Brasil...
Amabilidade do Diamantino Silva
*
Um alinhamento perfeito entre o movimento das imagens e os andamentos musicais deste clássico da música erudita.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
New York Times usa exemplo de Portugal para criticar "medicina amarga" da austeridade
O
conselho editorial do norte-americano New York Times escreve hoje que a
"medicina amarga" da austeridade está a matar o doente, usando o
exemplo de Portugal para defender a emissão de títulos de dívida apoiados pela
zona euro.
"Há
mais de dois anos que os líderes europeus têm imposto um 'cocktail' de
austeridade orçamental e de reformas estruturais em países debilitados como
Portugal, Espanha e Itália, prometendo que isso será o tónico para curar as
maleitas económicas e financeiras, mas todas as provas mostram que estes
remédios amargos estão a matar o paciente", escreve o Conselho Editorial
do jornal norte-americano New York Times, um dos mais vendidos nos Estados
Unidos da América.
O
artigo de opinião explica que o principal problema de as medidas de austeridade
não estarem já a ter o efeito pretendido - crescimento económico - é, para além
do aumento do desemprego, a criação de um descontentamento popular que favorece
grupos como o Movimento Cinco Estrelas, em Itália.
"O
verdadeiro perigo para a Europa é que movimentos como esse aumentem e que os
eleitores e os decisores vejam cada vez menos vantagens em permanecer no euro.
Se os países começam a sair da moeda única, isso causaria pânico generalizado
no Continente e milhares de milhões de dólares em perdas para os governos, os
bancos e os investidores na Alemanha e noutros países ricos europeus, já para
não falar no resto do mundo", escreve o jornal, sublinhando que "se
os líderes europeus deixaram essas forças políticas ganharem força, toda a
gente no Continente, e não apenas os portugueses ou os italianos, ficarão
pior".
***«»***
O
modelo congeminado pelos dirigentes políticos europeus para garantir o
retorno, com dinheiro proveniente do trabalho, da dívida estimulada pelo
capital financeiro, com dinheiro proveniente da especulação bolsista, aos
países periféricos, está a perder capacidade de afirmação em vastos setores da
opinião pública, dos meios académicos e da comunicação social. O que, só para
alguns, há uns dois ou três anos atrás, era evidente, hoje, perante os
sucessivos fracassos dos eufemísticos programas de ajustamento orçamental, a
realidade deixou de ser avaliada pelas tintas cor-de-rosa dos neoliberais, que
apenas olham para a vertente financeira e para os mercados, esquecendo a
vertente social da economia e da política, que devem estar ao serviço do bem
comum, o que não acontece atualmente em Portugal e na Europa, em que o Estado está ao serviço das oligarquias económicas e financeiras.
Provocar
o empobrecimento das populações, arrasar a economia e os serviços de políticas
sociais, liquidar postos de trabalho e não criar emprego para a juventude, para, depois, segundo
afirmavam os perversos mentores deste maquiavélico esquema de saque, promover o
crescimento económico, através do aumento das exportações, é, no mínimo, bizarro.
É um verdadeiro paradoxo. Permitam-me
a excessiva imagem: é como matar o doente, antes de ele morrer.
A
austeridade tem os dias contados. Se a mudança não ocorrer nas instituições e
nos governos europeus, graves acontecimentos poderão ocorrer na Europa e no
mundo. A História não dorme, nem é escrita apenas nas chancelarias.
Fotografia: Três momentos poéticos na objetiva de João Grazina...
Clicar para ampliar
**
Três
momentos poéticos na objetiva de João Grazina, que progressivamente vai
conquistando novos horizontes com a sua linguagem fotográfica:
Primeiro
momento: O milagre da luz.
Segundo
momento: A dinâmica da confluência das linhas.
Terceiro
momento: A vastidão do espaço e o peso do céu.
domingo, 14 de abril de 2013
Estado fez negócio ruinoso com a Lusoponte
A
ponte Vasco da Gama, que até agora já foi paga duas ou três vezes, tem um
anafado ex-ministro de Cavaco à frente da empresa concessionária, disposto a
fazer-nos pagar o raio da ponte cinco, seis, dez ou doze vezes.
O
mais cómico é que o mesmo Ferreira Amaral que contratou com a Lusoponte e que
agora lhe preside diz mal das PPP:
Parcerias
público-privadas “foram um desastre”, diz Ferreira do Amaral
O
presidente do conselho de administração da Lusoponte, Joaquim Ferreira do
Amaral, considerou que as parcerias público-privadas (PPP) “foram um desastre”,
ao darem a ideia falsa de que “tudo era possível, porque não faltava dinheiro”.
As declarações foram feitas quarta-feira [10 de Abril], na comissão parlamentar
de inquérito às PPP. “O maior problema é que, no auge das PPP, era difícil
falar mal das PPP. Deus me livre de falar contra as PPP”, afirmou, lembrando a
satisfação das populações e dos autarcas com o avanço de projectos que eram
impossíveis com investimento directo do Estado.
(Público online,10 de Abril de 2013).
Há
aqui qualquer coisa que eu não estou a entender.
O
ministro que em 1995 contratou com a Lusoponte e que agora é o seu presidente
diz mal das PPP?
Pois
é. Já em Janeiro de 2013, de facto, Ferreira do Amaral afirmava que não
considerava a Lusoponte uma parceria público-privada:
“Não
percebo em que se baseiam para dizer que o contrato da Lusoponte é uma PPP”,
afirmou Ferreira do Amaral, na comissão de inquérito parlamentar às PPP, quando
questionado pela deputada do PS Isabel Oneto sobre “a natureza” do contrato com
a Lusoponte, depois do antigo governante ter negado participação em
qualquer PPP. O antigo ministro dos governos de Cavaco Silva, que, quando
assumiu as Obras Públicas, chegou a acordo com a Lusoponte relativo à construção
da Ponte Vasco da Gama, defendeu que “o contrato com a Lusoponte impede os
malefícios das PPP”. Ferreira do Amaral realçou que, no caso da Lusoponte, o
papel do Estado foi o de deixar “fazer o projeto” e estabelecer “condições que
considerava imprescindíveis”, tendo a concessionária assumido o risco de
financiamento. “O Estado funcionou como típico concessionário” [sic],
declarou. O antigo governante sublinhou ainda que todas as compensações
auferidas pela concessionária resultaram de alterações ao contrato, a pedido do
Estado. “Já estamos no 10.º ou no 11.º contrato. Por razões políticas, o Estado
decidiu fazer alterações ao contrato e a concessionária teve direito a
compensações”, explicou.
(ionline, 23 de Janeiro de 2013).
Em
que ficamos: o contrato da Lusoponte é uma PPP ou não é?
E
se não é, será melhor?
Vejamos
o que dizia o DN em Janeiro de 2011:
Lusoponte:
assinada em 1995, foi a primeira parceria público-privada emPortugal.
A concessão Lusoponte tinha como objectivo a construção da Ponte
Vasco da Gama e a exploração da Ponte 25 de Abril. O contrato inicial fixava o
prazo em 33 anos, com a possibilidade de o seu termo ser antecipado caso se
verificassem duas condições: o pagamento dos empréstimos contraídos pela
Lusoponte e a passagem nas duas pontes de 2250 milhões de veículos. No
entanto, nada disto se verificou: concluiu-se que o volume de tráfego
calculado não era o correcto, e a onda de contestação contra o aumento das
portagens na Ponte 25 de Abril – o famoso buzinão – obrigou o Governo a rever
sucessivamente todo o contrato. Ao todo, dezasseis anos após a sua assinatura,
o contrato com a Lusoponte já sofreu sete alterações. Mudanças que custaram aos
contribuintes 160 milhões de euros em reequilíbrios financeiros, mais
compensações directas de quase 250 milhões de euros. Isto significa que esta
PPP já custou mais 410 milhões de euros do que inicialmente tinha sido
previsto.
(DN, 12 de Janeiro de 2011).
Contrato
mal parido, portanto.
E
promete ser pior para o bolso do Zé pagante do que qualquer outra PPP.
Entretanto
a Lusoponte vai enchendo a mula à pala do Estado e dos contribuintes:
O
Estado dava uma indemnização compensatória à Lusoponte por não haver cobrança
de portagem na ponte 25 de Abril durante o mês de Agosto. Em 2011 passou a
haver cobrança e a Lusoponte arrecadou o dinheiro, apesar disso o Governo
mandou dar 4,4 milhões de euros, como se tivesse havido isenção de portagem, à
empresa presidida por Joaquim Ferreira do Amaral, ex-ministro de Cavaco Silva.
A
empresa presidida por Joaquim Ferreira do Amaral [...] exigiu que a Estradas de
Portugal lhe desse os 4,4 milhões de euros.
A
21 de Novembro de 2011, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Silva
Monteiro, decidiu dar os 4,4 milhões à Lusoponte e ordenou à empresa pública
Estradas de Portugal “que proceda, de imediato, à liquidação em falta”. Assim,
a Lusoponte ficou com o dinheiro da cobrança das portagens no mês de Agosto de
2011 e recebeu de bónus o montante que o Governo decidiu dar à empresa como se
não tivesse havido cobrança.
(Esquerda.net
2 de Março de 2012).
Quase
que apetece dizer, Lusoputa que a pariu!
Do
blogue Aspirina B
***«»*** ***«»***
O
Estado paga à Lusaponte o valor da construção de sete pontes. Para obter esse
dinheiro, O Estado financiou-se no mercado internacional de capitais, criando
dívida. Agora, os portugueses estão a pagar essa dívida com a dura austeridade.
Os lucros imorais dos acionistas da Lusoponte foram à procura de maiores
rendibilidades nos mercados financeiros dos países mais ricos, fortalecendo as
suas respetivas economias, e dando lucros aos seus capitalistas financeiros,
que, por sua vez, reinvestiram parte desses lucros nos mercados internacionais
da dívida, onde Portugal (Estado e bancos comerciais) continua a recorrer.
Este
é mais um exemplo típico do que recorrentemente tenho andado a afirmar: “O capitalismo financeiro internacional
encontra-se organizado à escala global, no sentido de promover a transferência
da riqueza dos países menos ricos e mais pobres para os países mais ricos, e,
dentro de cada país, promover a transferência dos rendimentos do trabalho para
os rendimentos do capital. Não se pode sobreviver a este monstruoso saque. A
gigantesca roda do dinheiro esmaga as economias dos países mais fracos. Podemos
falar, com toda a propriedade, da feroz ditadura do capital.
Alexandre de Castro
Alexandre de Castro
sábado, 13 de abril de 2013
A ganância do deus mercado - por Beatriz Paganini
O
que aconteceu neste mundo?
A
ganância do deus mercado, como diz um escritor do meu mundo, Eduardo Galeano,
destruiu tudo.
E
as guerras fizeram desaparecer a paz.
E
alguns, com o pretexto de a procurar (à paz) continuam guerreando e chegou-se ao
absurdo de premiar com o Nobel aquele que dirige a Guerra como se fosse
emissário da Paz.
Enquanto
isso:
Estão
devastando as florestas.
Aumentam
a fabricação de armas.
Países
que não as fabricavam fazem-no agora.
Foram
inventados os Paraísos Fiscais.
Foi
criado o FMI, organização criminosa de colarinho branco ao serviço do Deus
Artificial.
Foi
criada a NATO e com o seu patrocínio se mata, rouba e destrói como Átila.
As
regras da guerra nunca se cumprem.
Às
sociedades anónimas permite-se transgredir.
As
minas a céu aberto envenenam os rios.
Os
agroquimicos contaminam as plantas e os seus frutos.
Os
agroquímicos produzem malformações no feto humano.
Os
agroquímicos causam o cancro e doenças em seres humanos.
Os
agroquímicos causam doenças em animais.
Estão
desaparecendo espécies animais.
Desaparecem
espécies aquáticas.
Um
novo termo "deslocados", designa famílias inteiras a fugir porque
lhes expropriaram as terras falsificando títulos de propriedade, que lhes
confere o Deus inventado.
As
hierarquias religiosas, não questionam o valor absoluto do Deus Artificial e
deixam-no conviver com o Deus dos seus diferentes credos: católico, evangélico,
muçulmano ou protestante.
Pequenas
indústrias e / ou empresas desaparecem, absorvidas pelo Deus Artificial que sustenta
os capitais internacionais globalizados.
Mudaram
o nome às prostitutas, que são chamadas "trabalhadoras sexuais", para
transformar assim um sector moralmente marginal, dando-lhe uma referência
valorativa falsa, mas suficiente para que a parte sórdida do submundo de
prostituição se fortaleça, porque move milhões no mercado negro, juntamente com
a droga, o jogo nos casinos e a lavagem de capitais ilícitos de milionários.
A
televisão transmite programas de estupidificação mental.
Os
canais de televisão, a imprensa oral e escrita, distorcem as notícias para o
lado de quem oferecer mais.
Vários
países mantêm a pena de morte.
A
descoberta da América apenas significou, para os europeus, mais colónias para
saquear.
A
escravatura existe disfarçada (com o nome de trabalho precário) nos chamados
países do terceiro mundo e também no chamado primeiro.
Como
não acabam com a especulação (que é um falso argumento do falso deus) provocam
crises financeiras que forçam os pobres a ser mais pobres, e vários estados que
acreditavam ser soberanos, a alienar as suas riquezas naturais e o seu
património cultural.
Bilderberg
é um clube de notáveis desnaturalizados, com fortunas fabulosas, que
administram com o Deus Artificial.
Alguns
membros do Clube Bilderberg são inimputáveis de nascimento, porque acreditam
ter uma cor diferente de sangue, que dizem ser azul.
Os
considerados de sangue azul herdam os direitos inalienáveis dos seus
privilégios e os cidadãos comuns podem ser passíveis de severas medidas,
segundo o país, se questionam os do dito sangue azul. Existem também os chamados
xeques que governam despoticamente, em países, geralmente ricos em campos de
petróleo que lhes permitem levar vidas faustosas em contraste com a pobreza de
seus súbditos.
Em
alguns países monárquicos podem obter-se os privilégios dos de sangue azul
quando o chamado monarca lhes concede um título chamado de nobreza.
Nos
países obedientes ao Império onde radica o maior templo do Deus Artificial,
aceitaram chamar "falsos positivos" a cidadãos inocentes para quem se
inventou um currículo terrorista para os matar e para oferecer aos seus
superiores uma quantidade, para justificar a tarefa de encontrar terroristas.
Após um massacre chamado "La Macarena", na Colômbia, foi descoberto
este sistema sinistro, mas ele é mais comum do que se admite, não só na Colômbia,
mas também na América Latina. Como no meu país, a Argentina, onde alguns
governadores com mentalidade de senhores feudais, cometem piratarias contra os
povos indígenas e assassinatos impunemente. Ou na sua falta, os povos morrem de
fome ou de doenças já superadas em outras províncias.
Quando,
no Templo de Deus Artificial se alerta para que, em alguns países os cidadãos
pobres pretendem viver melhor, porque são governados por ditadores protegidos
pelo Império do Norte (ex. Egipto, Tunísia, etc.), cortam-lhes os meios de
comunicação e dinheiro (internet, sistemas bancários, etc.) e os militares ou
policias matam e castigam-nos nas praças para onde foram, desarmados, reclamar
pelos seus direitos.
A
propósito do falso deus, transcrevo o pensamento do terceiro presidente dos
EUA:
"Acredito
que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do
que exércitos permanentes prontos para o combate. Se o povo americano alguma
vez permitir que bancos privados controlem sua moeda, os bancos e todas as
instituições que florescerão em torno dos bancos despojarão o povo de toda a
posse, primeiro pela inflação, depois pela recessão, até ao dia em que os seus
filhos vão acordar sem casa e sem tecto na terra que seus pais
conquistaram". Thomas Jefferson.
Se
vivesse hoje Thomas Jefferson seria considerado terrorista?
Beatriz
Paganini
Escritora
argentina
Texto
do romance "Antes e depois de Guernica"
Beneficiários dos subsídios de desemprego e doença vão mesmo contribuir para tapar o "buraco" orçamental
No
acórdão do tribunal Constitucional, é dito que a medida de aplicação de uma
contribuição de 5% sobre o subsidio de doença e de 6% no subsídio de desemprego
é chumbada, não por causa da existência desta contribuição, mas porque não
ficou garantido o pagamento de um valor mínimo em termos líquidos. O Tribunal
Constitucional deu assim a entender que se o Governo definir esse valor mínimo
para os dois subsídios, a medida pode passar. Será isso que o Governo deverá
vir a fazer, recuperando a maior parte da poupança que tinha previsto e que era
de 150 milhões de euros.
PÚBLICO
***«»***
Ninguém
está doente nem desempregado porque quer. São duas involuntárias situações de
fragilidade que devem ser respeitadas e protegidas pela sociedade e pelo Estado. Ao insistir
em aplicar os cortes previsto no OE deste ano aos subsídios de doença e aos subsídios
de desemprego, o governo demonstra mais uma vez a sua insanidade, evidenciando uma
escandalosa insensibilidade perante a população mais vulnerável.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Soares avisa que "quer atirar abaixo o Governo"
O ex-chefe do Estado fez duras críticas à
actuação do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, nomeadamente às
"pressões terríveis" e ao "atrevimento" de discutir a
decisão do Tribunal Constitucional: "Isto tem algum sentido democrático?
Onde é que está a democracia para esses senhores?"
O fundador do PS vincou que Portugal não tem
condições para pagar a dívida e que "o Estado, por mais que roube o
dinheiro às pessoas, não é capaz de pagar aquilo que deve", tendo
defendido que "quando não se pode pagar, a única solução é não
pagar".
Soares considerou ainda que é necessário
"falar grosso à troika" e, de forma muito clara, dizer que não é
possível continuar com esta política.
Para
o ex-Presidente da República, num momento em que "mais de dois terços do
país" estão contra o executivo de Passos Coelho, torna-se indispensável
"acabar com a austeridade e com a ânsia de ser úteis à senhora
Merkel", tendo considerado que o caminho passa por mudar de Governo.
***«»»***
Até que enfim vejo alguém do PS em tendencial sintonia com aquilo que eu penso! E esse alguém não é uma pessoa qualquer. Trata-se de um ex-Presidente da República, de um ex-primeiro-ministro, que exerceu dois mandatos sucessivos em cada uma daquelas altas funções, de um ex-deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, e, acima de tudo, do fundador do Partido Socialista, do qual foi o secretário-geral mais carismático. Desassombradamente, Mário Soares disse aquilo que o governo e a direita não gostam de ouvir e que muitos socialistas pensam, mas que não têm tido coragem de o afirmar. Já dissemos aqui que a condição de devedor não obriga à submissão à vontade discricionária do credor. À chantagem dos dirigentes da UE, Portugal, fazendo das fraquezas forças, só tem que responder com a firme ameaça de não pagar a dívida e de sair do euro. É o suficiente para provocar um terramoto financeiro e político na Europa, e que aqueles dirigentes, a todo o custo, querem evitar. A arrogante Alemanha viu várias vezes, durante o século passado, parte as suas dívidas a serem generosamente perdoadas, inclusivamente as dívidas das indemnizações de guerra à Grécia. Porque negar, agora, a Portugal e à Grécia o mesmo tratamento?
Portugal já não poderá pagar a totalidade da sua dívida pública, tal é o seu montante. E as dificuldades de cumprir aquele compromisso aumentarão na proporção direta do aumento da austeridade, que venha a ser aplicada ao país, tal como está a ser planeado na reunião do eurogrupo, em Dublin. Já está provado que, com a austeridade, não há crescimento. Há recessão económica, que irá provocar um desastre de proporções gigantescas e dramáticas.
João Ferreira de Amaral: "O casamento português com a moeda única deve acabar"
*
Nunca defendeu o euro. Foi contra a adesão de
Portugal à moeda única e, durante algum tempo, uma das raras vozes, senão a
única, que "falava contra". Apoiou, no entanto, a adesão à então
Comunidade Económica Europeia (em 1986). Mas, se a União fosse então a mesma
que é hoje, a minha posição teria sido diferente". Depois de o País ter
entrado na zona euro - e durante algum tempo - calou-se. Não falou contra.
Esteve em silêncio durante cerca de três anos. Porém, a actual situação
político-económica leva-o a escrever " Porque devemos sair do Euro - O
divórcio necessário para tirar Portugal da crise", livro que será lançado
no próximo dia 9.
No programa 'Ideias em Estante', em entrevista
que poderá ser vista no Etv e no blogue Livros&Ecolemomanias, Ferreira do
Amaral - que vê com enorme tristeza o país "reduzido à sua pior situação
desde há muitas décadas" - afirma que o país está bloqueado, não tem
futuro, as gerações mais novas não têm emprego. E, ou têm que sair do país, ou
ficam desempregadas."Há também a sensação de que o país deixou de ter
capacidade de crescimento económico" e tudo isso ao mesmo tempo que as
dívidas pública e externa se acumulam e atingem níveis muito elevados. "E,
sem crescimento económico e com dívidas grandes e sem emprego, é evidente que
toda a gente está inquieta quanto ao futuro".
O que fazer? "Sair do euro", mas de
forma organizada, defende o autor. No livro, o economista e professor recorre a
uma analogia para descrever a realidade: "O nosso casamento com a moeda
única, como todos os casamentos falhados, deve acabar". Defende ainda que
"a ideia de sair do euro impõe-se para que seja possível incentivar a
produção de bens transaccionáveis. Ou seja, de bens que são susceptíveis de
exportação ou de substituição de importações". Como explica, quando se
desvaloriza uma moeda, existe uma espécie de subsídio à produção da
agricultura, indústria, turismo estrangeiro, outros serviços. E o inverso
sucede quando temos uma moeda muito forte, esclarece Ferreira do Amaral,
afirmando que, nesses casos, as actividades são penalizadas e a tendência será
a da produção se virar para o mercado interno em sectores protegidos da
concorrência externa. E foi isso que aconteceu. O resultado? O país não
aguentou uma moeda forte. Sempre frontal, Ferreira do Amaral apresenta mais um
factor de perigo: caso continuemos com a moeda única,"temos um enorme
risco do euro se valorizar face ao dólar. E isso já aconteceu em 2008".
Para quem argumenta que a eventual saída do euro
seria um desastre via "aumento do peso da dívida", o autor afirma que
"esse é um grande erro de análise." A dívida será a mesma depois de
sairmos do euro, diz, acrescentando que o instrumento normal para problemas de
endividamento externo é a desvalorização cambial. Sobre o risco-país, garante
que esse "não aumenta, porque se for credor fico mais descansado por saber
que o país passa a ter uma moeda compatível com a sua estrutura
produtiva". Alerta, no entanto, para outro problema: a dívida em moeda
nacional. Mas aí "o Estado pode substituir os devedores junto da banca no
montante de aumento da dívida, que resulte da desvalorização cambial",
conclui.
"Sair do Euro não é só uma questão de
desvalorização cambial é também uma questão de emissão monetária".
Diário Económico
Ao nível económico, a grande contradição que está a ocorrer em Portugal é que a sua economia está a desvalorizar-se, enquanto a sua moeda mantém o mesmo valor, não podendo o governo português desvalorizá-la, já que, com a adesão à moeda única, cada país aderente cedeu ao BCE o poder monetário e o poder cambial, ficando apenas a deter o poder orçamental, que agora os países intervencionados também estão a perder para a troika. Por isso, é urgente que a moeda se desvalorize na mesma proporção, para que a economia ganhe competitividade externa, a fim de aumentar as exportações, e, a nível interno, aumentar a produção nacional, procurando-se assim substituir os produtos importados, que ficarão mais caros.
Esta é a única terapêutica segura, que livrará o país do atoleiro onde o meteram. Mas antes, é necessário Portugal sair do euro e recuperar a total soberania sobre a sua moeda. Apenas os ignorantes, os néscios e os ingénuos não percebem isto. No entanto, existem outros que entendem, mas não o afirmam: são os mal intencionados, que beneficiam com a crise e com o sistema actual.
Diário Económico
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Portugal vestiu um fato demasiado grande para o seu corpo. Anda a fazer a figura daquela criança que veste o casaco do pai.Ao nível económico, a grande contradição que está a ocorrer em Portugal é que a sua economia está a desvalorizar-se, enquanto a sua moeda mantém o mesmo valor, não podendo o governo português desvalorizá-la, já que, com a adesão à moeda única, cada país aderente cedeu ao BCE o poder monetário e o poder cambial, ficando apenas a deter o poder orçamental, que agora os países intervencionados também estão a perder para a troika. Por isso, é urgente que a moeda se desvalorize na mesma proporção, para que a economia ganhe competitividade externa, a fim de aumentar as exportações, e, a nível interno, aumentar a produção nacional, procurando-se assim substituir os produtos importados, que ficarão mais caros.
Esta é a única terapêutica segura, que livrará o país do atoleiro onde o meteram. Mas antes, é necessário Portugal sair do euro e recuperar a total soberania sobre a sua moeda. Apenas os ignorantes, os néscios e os ingénuos não percebem isto. No entanto, existem outros que entendem, mas não o afirmam: são os mal intencionados, que beneficiam com a crise e com o sistema actual.
Agradecimento
Agradeço ao grande poeta Eufrázio Filipe, editor do blogue MAR ARÁVEL, a gentileza de se
inscrever como amigo/seguidor do Alpendre
da Lua.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Poema: ERGO UM PEIXE TRISTE E UMA CASA - por maria azenha
ERGO
UM PEIXE TRISTE E UMA CASA
ergo
um peixe triste e uma casa para os amigos
que
ardem na melancolia da minha infância e
falamos
de espelhos e fogo tantas vezes
trazendo
o mar para dentro das nossas bocas
os
amigos procuram o calor azul num vidro quente
encerrados
em seu próprio corpo de luar e ouro
mergulham
durante a noite demoradamente
sob
o olhar atento dos espelhos de guelras lilases
são
da cor do mar os lábios e as suas vozes de vento
que
deus quebrou há muito tempo para criar deuses
trazemos
então para cima do mundo o luar
e
a cinza
gritando
lou
ca
men
te
o
lume dos nomes
dizemos
búzios
algas sal
casas
ou
outros sons de violinos aquáticos
incandescentes
pérolas de aves azuis
peixes
de neve
nas
frias
águas
guardam-nos
os
espelhos verdes
maria azenha
2005,fev,lx
Nota: É de espelhos e fogo
que este poema fala. Espelhos verdes e outros de guelras lilases. As aves são
azuis (incandescentes pérolas), assim como é azul o calor do vidro quente. E a
cor do mar há-de também ser azul, nesta policromia poética, engalanada de
metáforas em cada verso, e que, de tão expressivas, permitem descontinuar o
texto, no seu sentido literal. A ação resume-se a uma casa junto à praia, onde
se reúnem amigos de infância. O resto é o fogo-de-artifício das palavras, com a
sua sonoridade própria, a esgotar o encantamento.
Maria
Azenha colabora neste blogue, com um poema seu, todas as quintas feiras.
terça-feira, 9 de abril de 2013
Sampaio da Névoa: Uma medida cega que fecha o país e lança o caos, avisa reitor de Lisboa
Uma medida cega que
fecha o país e lança o caos, avisa reitor de Lisboa
O reitor da Universidade de Lisboa, António
Sampaio da Nóvoa, fez questão de assinar nesta terça-feira um comunicado em que
defende que o despacho do ministro das Finanças que sujeita à sua autorização
novas despesas das instituições públicas adopta a política do “quanto pior,
melhor”, é uma “medida cega e contrária aos interesses do país”, “um gesto
insensato e inaceitável” e vai lançar “a perturbação e o caos sem qualquer
resultado prático”.
No documento, divulgado na tarde de hoje e
intitulado Não é fechando o país que se resolvem os problemas do país, o
reitor não poupa nas críticas e avisa que o despacho de 8 de Abril assinado
pelo ministro das Finanças vai, na prática, bloquear o funcionamento das
instituições públicas: ministérios, autarquias, universidades, etc.
Especificamente para a universidade a que preside o congelamento das despesas
vai significar “enormes prejuízos no plano institucional, científico e
financeiro”, porque vai bloquear compromissos internacionais e que envolvem
projectos de investigação, sem que isso signifique qualquer poupança para o
Estado.
O que está em causa, diz, é a mais simples das
despesas, desde produtos para laboratórios a bens alimentares para as cantinas,
passando pela compra de papel.
“Quem, num quadro de grande contenção e
dificuldade, tem procurado assegurar o normal funcionamento das instituições,
sente-se enganado com esta medida cega e contrária aos interesses do país”,
argumenta António Sampaio da Nóvoa, que considera que o congelamento de
despesas decidido por Vítor Gaspar “é um gesto insensato e inaceitável, que não
resolve qualquer problema e que põe em causa, seriamente, o futuro de Portugal
e das suas instituições”. “O Governo utiliza o pior da autoridade para
interromper o Estado de direito e para instaurar um Estado de excepção. Levado
à letra, o despacho do ministro das Finanças bloqueia a mais simples das
despesas, seja ela qual for. Apenas três exemplos, entre milhares de outros.
Ficamos impedidos de comprar produtos correntes para os nossos laboratórios, de
adquirir bens alimentares para as nossas cantinas ou de comprar papel para os
diplomas dos nossos alunos. É assim que se resolvem os problemas de Portugal?”,
questiona indignado, lamentando — mais uma vez — a “medida intolerável, sem
norte e sem sentido”.
“Não há pior política do que a política do
pior”, remata o reitor da Universidade de Lisboa.
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A reação intempestiva de Gaspar cheira a
vingança, vingança essa, que também Passos Coelho não conseguiu dissimular na
sua declaração aos portugueses na sexta-feira negra deste governo. Habituados
ao poder absoluto, que a confortável maioria no parlamento lhes proporciona, e
beneficiando da cumplicidade de um Presidente da República, que é o chefe de
fila da matilha predadora, que quer devorar o país, Passos e Gaspar julgavam
que podiam torpedear tudo e todos, sem lhes aparecer pela frente quem lhes
travasse o ímpeto arrogante.
Passos e Gaspar vão colocar o país em estado de
sítio, criando o caos em todos os organismos de Estado, e procurando amedrontar
os portugueses com a visão dantesca do inferno, cuja fogueira eles mantiveram acesa,
desde que começaram a governar. O ministro Gaspar desceu à categoria de amanuense
de terceira classe, ao pretender controlar tudo o que se compra e tudo o que se
gasta, incluindo os clips e os rolos de papel higiénico, que agora serão
comprados nas lojas dos chineses, onde são mais baratos. Com raiva incontida,
querem diluir a dura humilhação, pela derrota infligida pelo Tribunal Constitucional,
e o seu clamoroso insucesso, ao nível das contas públicas (nunca acertaram em
nenhuma das suas previsões).
Enraivecidos, são dois animais políticos perigosos, que
andam à solta.
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