recurso
Venho por este meio recorrer
ao âmbito natural das coisas.
Ao sentimento frio que nos recomeça
nocturno, desde o vazio da noite – nas ruas.
Um ou outro sorriso que gastamos
junto ao balcão de um bar
ou outro cenário qualquer.
E nunca é tarde demais para distrair o medo
uma mesma direcção, uma mesma partilha,
ao que chamamos de ânsia ou modo vida.
É urgente ditarmos as regras ao desalinho
é urgente cobrar às palavras uma ordem natural
das coisas, aceita-las como se fossem só nossas.
Como uma mancha escrita que deixamos presa
Venho por este meio recorrer
ao âmbito natural das coisas.
Ao sentimento frio que nos recomeça
nocturno, desde o vazio da noite – nas ruas.
Um ou outro sorriso que gastamos
junto ao balcão de um bar
ou outro cenário qualquer.
E nunca é tarde demais para distrair o medo
uma mesma direcção, uma mesma partilha,
ao que chamamos de ânsia ou modo vida.
É urgente ditarmos as regras ao desalinho
é urgente cobrar às palavras uma ordem natural
das coisas, aceita-las como se fossem só nossas.
Como uma mancha escrita que deixamos presa
no papel, um recurso cravado pela nossa passagem.
Venho pois, por este meio recorrer,
Venho pois, por este meio recorrer,
– em folha azul de 25 linhas –
a uma jurisprudência que em boa verdade
não existe. A um reconhecimento
não existe. A um reconhecimento
que em boa fé não procuro, diria em suma que:
procuro o consentimento que existe
entre o lume cruzado dos teus olhos.
Venho recorrer de um mesmo limite
entre o lume cruzado dos teus olhos.
Venho recorrer de um mesmo limite
que nos (de)fere a cada momento.
Ao esquecimento que se apaga junto
ao vazio de um copo, ao abandono
lento que nos sobra – neste recurso
perpetrado – junto ao balcão.
Miguel Pires Cabral
http://barbituricodaalma.blogspot.com/2010/11/recurso.html
Miguel Pires Cabral
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